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Investidores tiram R$ 15 bilhões da Bolsa brasileira em 2024: para onde esse dinheiro foi?

Títulos americanos, bolsas asiáticas e companhias de tecnologia são alguns dos destinos apontados por especialistas

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Edição MarketMsg e invistaja.info

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Janeiro foi marcado como um período de saída de quase R$ 8 bilhões de capital estrangeiro da B3, movimento que continua em fevereiro, com mais R$ 6,89 bilhões sacados até o dia 15, e que reverte um fluxo positivo que vinha se estendendo durante praticamente todo o quarto trimestre de 2023. No acumulado de 2024, o déficit é de R$ 14,79 bilhões. Mas para onde esse dinheiro que saiu da Bolsa brasileira foi? Ao (invistaja.info), analistas de mercado apontaram as mudanças de fluxo de mercado, dando sinais sobre para onde esses valores bilionários que saíram da Bolsa brasileira foram.

O primeiro destino, que é mais consenso, está nos títulos do tesouro americano. Janeiro e a primeira metade de fevereiro foram marcados por uma revisão de quando o ciclo de queda de juros dos Estados Unidos se iniciará – por conta de sinalizações do Federal Reserve e dados macroeconômicos mais fortes do que o esperado nos Estados Unidos – e por uma alta dos treasuries yields.

“A alta dos juros foi, na minha visão, o ponto crucial, o estopim que levou o investidor estrangeiro a sair.  Vamos recordar: ele entrou em novembro com um volume significativo de investimentos. Em novembro, houve uma entrada de R$ 21 bilhões. Em dezembro, registrou-se uma entrada de R$ 17,5 bilhões. No entanto, em janeiro, observamos uma saída desses investimentos. Ativos que oferecem maior segurança tendem a atrair o investidor”, contextualiza Cesar Mikail, gestor de renda variável da Western Asset.

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Os ativos emitidos pelo governo dos EUA são considerados “os mais seguros do mundo”, já que o país se trata da maior economia do mundo. Quando eles estão pagando taxas maiores, investidores aportam mais nesses papéis, de olho no custo de capital, rebalanceando suas carteiras monitorando a relação entre risco e retorno. 

Mas há também outras direções. Alexandre Reitz, chefe de renda variável do Julius Baer Brasil, menciona que o parte do dinheiro que saiu do Brasil possivelmente foi para outras Bolsas. “Parece que o fluxo de saída de investimentos está se deslocando de países como Brasil e Índia para o Japão e a Coreia, onde têm sido registrado fluxo significativo desde o segundo semestre de 2023 e aceleraram notavelmente em janeiro”, fala. 

Ele explica, porém, que é difícil determinar se os recursos que estão deixando Brasil e Índia estão diretamente alimentando os mercados no Japão e na Coreia. “É desafiador identificar se os recursos retirados da Bolsa brasileira estão sendo realocados para outros tipos de investimento, como renda fixa, por exemplo”, diz.

De toda forma, enquanto as Bolsas de emergentes estão sofrendo por conta do recuo das commodities, caso do minério e da maioria dos grãos, que sofrem pela economia da China estar patinando, a do Japão está próxima das suas máximas desde 1990. O mercado por lá repercute o fim do ímpeto de uma alta dos juros pelo Banco do Japão, após o país anotar dois trimestres de recessão técnica. 

Por fim, há quem aponte a performance das big techs americanas como uma detratora dos resultados da Bolsa brasileira. Com todo o boom envolvendo a inteligência artificial, e as perspectivas de crescimento para as empresas que estão avançadas nessa tecnologia, investidores têm procurado mais as ações do “Magnificent Seven”, que tem nomes como Microsoft, Google e Nvidia. 

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À medida que a Bolsa americana performa bem e tem projeções otimistas, o interesse e a necessidade de investir em mercados emergentes, que são uma opção de maior risco, para buscar maiores retornos diminui. Não raro, circulam comentários na linha de que “não há motivo para tomar risco maiores em países emergentes, sendo que as ações dessas companhias oferecem perspectivas grandes de valorização”.

“A maior parte do fluxo de saída se deu por conta da perspectiva de juros altos mais tempo e a algumas questões mais ligadas a Brasil, lembrando que janeiro foi conturbado por aqui, e à China, mas um pedaço do fluxo também está indo para S&P”, expõe Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad.

Todos os pontos mencionados como causas da saída do estrangeiro do Brasil, no entanto, também podem, para especialistas, serem possivelmente revertidos. 

No caso dos juros nos Estados Unidos, a percepção, para alguns, é de que as recentes justificativas para as altas dos treasuries não se sustentam. “Não acreditamos que tudo isso seja estrutural, porque, em última análise, o Fed uma hora irá aliviar a situação. É apenas uma questão de ‘quando’ e ‘por quanto’”, fala Yan Wang, chefe de mercados emergentes da Alpine Macro. 

Wang também menciona que os índices americanos, principalmente as companhias de tecnologia, podem estar caros, surfando em uma espécie de “mania”. “Alguns analistas começaram a destacar o aumento do múltiplo de preço/lucro, sugerindo que pode estar se tornando excessivamente elevado”, completa Reitz, da Julius Baer.

Quanto à China, os especialistas destacam que ainda é cedo para falar que as preocupações com a economia do país terão impactos permanentes na Bolsa brasileira. 

“Os preços das ações brasileiras continuam em níveis consideravelmente descontados em termos de valuation, o que proporciona certo conforto para manter investimentos na bolsa brasileira. Contudo, será de suma importância monitorar de perto a situação da economia chinesa após o feriado de ano novo, durante a segunda metade de fevereiro”, avalia Alexandre, ressaltando a retomada dos negócios nesta segunda-feira (19).

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REFLEXÃO: Eddy Elfenbein, dono do site Crossing Wall Street: Seja paciente e ignore modismos. Foque no valor e não entre em pânico.

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