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Novos dados de inflação e emprego nos EUA teriam tornado Ata do Fomc mais dura

Dados como CPI, PPI e payroll, que saíram após a reunião do Comitê, teriam fortalecido a linguagem cautelosa sobre queda dos juros, segundo economistas

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Edição invistaja.info e MarketMsg

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A ata da última reunião do Fomc realizada no final de janeiro reforçou, como esperado, o tom de cautela já expresso tanto no comunicado da decisão de manter as taxas de juros como na entrevista coletiva concedida na ocasião pelo presidente do Federal Reserve Jerome Powell. Mas os economistas acreditam que mensagem poderia ter vindo até mais dura (“hawkish”) se já fossem conhecidos dados que saíram apenas após a reunião.   

No dia 31 de janeiro, o Fed optou por manter as taxas na banda entre 5,25% e 5,50% ao ano, patamar onde se encontra desde julho. No comunicado, o Comitê evitou sinalizar quando poderia iniciar o ciclo de cortes de juros e depois Powell confirmou ser improvável que a flexibilização comece antes de junho.

Quase duas semana depois, foram anunciadas as taxas de inflação ao consumidor (CPI) e produtor (PPI), ambas surpreendendo o mercado para cima.

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Por conta disso, a XP destacou em relatório nesta quarta-feira (21) que a ata divulgada hoje pode estar “consideravelmente desatualizada”, uma vez que foram divulgadas novas informações relevantes que poderiam carregar o tom “hawkish” do documento.

Além da inflação, foi citado também o último Payroll, que sugeriu pressões contínuas sobre os preços e um mercado de trabalho restritivo. “Portanto, o tom da ata poderia ter sido mais pessimista se a comissão tivesse conhecimento dessa informação antes da decisão”, afirmou a XP.

Também foi lembrado que, pela primeira vez, a comunicação do Fomc eliminou a menção à possibilidade de uma subida adicional das taxas, indicando claramente que o próximo passo pretendido pelo Fomc é cortar as taxas.

No geral, o tom da ata foi considerado “ligeiramente hawkish” pela XP. “Os participantes pareciam mais preocupados com o risco de reduzir as taxas demasiado rapidamente do que com o risco de esperar demasiado tempo. O que significa que o Fomc ainda não tem confiança de que a inflação cairá até ao objetivo.”

O cenário base da XP, que considera um primeiro corte nas taxas em maio, está agora atualmente enviesado para cima. “Acreditamos que, dada a atividade econômica robusta e o mercado de trabalho restritivo, não há razão para o Fed ter pressa em cortar as taxas”, comentaram no relatório, destacando que é que se comece os cortes antes que a inflação nos serviços dê sinais mais claros e sustentáveis de que irá convergir para o objetivo.

Para Andressa Durão, economista da ASA Investments, o tom da pode ser considerado neutro em relação à comunicação da decisão. Segundo ela, os diretores ainda enxergam mais riscos altistas do que baixistas para a inflação e, por isso, precisam de mais tempo – e dados – para tomar a melhor decisão sobre o timing de corte.

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“Pela ata, precisariam no momento da reunião ver a inflação de serviços desacelerar ainda mais para confiar no progresso da inflação, o que já adiaria corte de juros de março para maio pela falta de dados suficientes”, comentou.

Andressa também destacou que os últimos dados de inflação após a reunião vieram piores. “Então processo de corte de juros pode ser adiado ainda mais, se os dados do PCE de fevereiro e março não forem muito benignos.”

Cautela até março

Para André Cordeiro, economista sênior do Banco Inter, dada a recente divulgação dos dados de Payroll e inflação, o comitê deve se manter cauteloso até a reunião de março, que contará com divulgação de projeções dos membros. “Por enquanto, a visão do Fed em dar um peso maior aos riscos de cortar antes da hora parece adequada”, afirmou.

Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank, também considerou que na ata a maioria dos membros do Fomc demonstrou preocupação com o corte precoce dos juros, o que colocaria em risco a trajetória de queda de inflação. “Só dois membros destacaram o risco econômico de manter a política restritiva por muito tempo”, comparou.

Para o C6 Bank, o início do ciclo de cortes de juros só deve ocorrer no terceiro trimestre deste ano. “Isso porque os dados de inflação seguem vindo fortes e o mercado de trabalho americano permanece aquecido. Além disso, membros do Fed têm demonstrado cautela nas declarações desde a última reunião”, lembrou.

Para Julio Hegedus, economista chefe da Mirae Asset Brasil, a ata refletiu uma postura cautelosa do Fed, considerando prematura a redução das taxas de juros e observando o risco de uma flexibilização muito rápida.

O texto, segundo Hegedus, destacou a importância de monitorar os indicadores econômicos para avaliar se a inflação está se movendo de forma sustentável em direção à meta de 2%. Ele também disse que a ata “reconhece a incerteza sobre a duração necessária de uma política monetária restritiva e menciona a possibilidade de olhar para o balanço do Fed como parte das deliberações futuras”. Na mesma linha Juliano Camargo, economista de área internacional da AZ Quest, afirmou que será relevante ver a comunicação dos membros do Fomc até a próxima reunião, em março, que trará atualização das expectativas dos membros sobre as principais variáveis econômicas no gráfico de pontos (“dot plot”).

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