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Investidor estrangeiro vira mão no final de maio e B3 tem mais um mês de saída gringa

Deterioração fiscal e mudança sobre percepção quanto ao cenário de juros são apontados por especialistas como fatores para recuo

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Edição invistaja.info e MarketMsg

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Maio tentou quebrar o ciclo de saída de estrangeiros da Bolsa brasileira, mas acabou não conseguindo. O quinto mês do ano acabou registrando uma saída de R$ 1,6 bilhão desses investidores da B3, sendo que, até o início da sua última semana, o saldo era positivo em mais de R$ 1,1 bilhão. 2024 acumula, assim, até agora um saldo de R$ 34,6 bilhões em saída de dinheiro internacional. 

Para especialistas, a leve tendência de entrada de capital de investidores estrangeiros no Brasil mudou no fim do mês passado por conta de alguns fatores, sendo que em primeiro lugar está o cenário interno brasileiro.

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“O investidor estrangeiro tem avaliado questões fiscais, como a alteração para pior das metas do Arcabouço Fiscal, dissenso na última reunião do Copom trazendo leniência inflacionária e praticamente encerrando o ciclo dos cortes de juros por conta da total desancoragem das expectativas. Isso acabou gerando maior desconfiança”, diz Ricardo Martins, economista-chefe da Planner investimentos. 

Abril e maio foram meses marcados, portanto, por maiores burburinho político. Fora as questões mencionadas por Martins, outra apontada por analistas ao longo do mês foi a mudança na presidência da Petrobras (PETR4). 

Além de levantar o temor de que o Governo Federal está indo por um caminho mais desenvolvimentista, a alteração promovida pela União, com a saída de Jean Paul Prates e a entrada de Magda Chambriard, também preocupa do lado fiscal. Isso porque há possibilidade da petroleira distribuir menos dividendos e, decorrentemente, ajudar menos os cofres da União. 

Estrangeiro de saída

Mas o noticiário interno se arrastou ao longo de todo maio, não tendo ficado concentrado no fim do mês. Com isso, há quem aponte outros fatores que explicam a virada dos estrangeiros nos últimos dias. 

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Em parte, a vinda de estrangeiros para o Brasil ao longo de maio estava sendo explicada pela melhora do cenário de juros nos Estados Unidos. As publicações macroeconômicas, como PCE e dados do varejo, do quinto mês do ano, por lá, estavam mostrando algum enfraquecimento da economia, fortalecendo a perspectiva de que o Federal Reserve poderá cortar suas taxas em 2024.

Quando há corte de juros nos Estados Unidos, é normal que se crie fluxo de capital para outros países, principalmente emergentes. Investidores, nesse cenário, rebalanceiam suas carteiras, passam a buscar alternativas e acabam alocando mais em países como o Brasil. Com os treasuries, “os ativos mais seguros do mundo”, pagando menos, há uma maior procura por risco. 

“A dinâmica surpreendeu. O fluxo estrangeiro foi um grande detrator da Bolsa brasileira nos meses anteriores. Mas com sinais desaquecimento da economia americana, a perspectiva de queda de juros nos Estados Unidos faz, obviamente, que os estrangeiros liguem o risk on, ou seja, que ele volte a olhar para ativos de risco. Obviamente isso inclui em países emergentes”, debate Beto Saadia, economista e diretor de investimentos da Nomos.

Exterior pesando

No entanto, há quem mencione que os dados macroeconômicos mais fracos nos Estados Unidos podem estar, agora, criando uma percepção contrária. Fernando Ferreira, estrategista-chefe da XP, escreveu em rede social que o mercado parece estar saindo de um cenário de que “notícias negativas são boas” para “notícias negativas são negativas”.

“Os juros das Treasuries estão voltando a cair e o mercado voltando a aumentar apostas que o Fed possa cortar juros mais cedo. Mas o que tem chamado mais atenção é que as Bolsas têm reagido negativamente a esses dados mais fracos, e não positivamente, refletindo os juros mais baixos”, contextualiza no X.

“Por muito tempo, o mercado via “bad news = good news”, onde dados ruins na economia eram bem recebidos pelo mercado, porque tinham efeito de queda de juros”, acrescenta.

A visão parece ser que agora dados macroeconômicos mais fracos nos Estados Unidos possam estar gerando temor de uma desaceleração mais forte da economia. E uma economia norte-americana menos aquecida também gera certa aversão ao risco, com investidores com medo de uma recessão ou de um baixo crescimento mundial — o que acaba impactando empresas, que têm lucros menores, e aumentando a aversão ao risco.

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REFLEXÃO: Barry Ritholtz, da Bloomberg: Mantenha a simplicidade, faço menos e administre sua estupidez.

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