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Varejo tímido em agosto confirma a esperada moderação no consumo, dizem economistas

Especialistas destacam que dados continuam positivos na comparação com o ano passado, mas que compras têm sido puxadas em 2024 por bens de consumo essencial

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Edição MarketMsg e invistaja.info

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REDE4 | P/ACL: -0.41 | P/Cap.Giro: 3.72 | PSR: 0.36 | Liq.2meses: 0.0 | P/Ativo: 0.207 | Cresc.5anos: 0.1113

Ainda que os dados do varejo restrito e, especialmente, os números do varejo ampliado, tenham mostrado queda em agosto ante julho, a tendência das venda continua positiva na comparação com o ano passado, comentam os economistas. O que tem ficado claro, na verdade, é a esperada desaceleração, com a expectativa de resultados moderados nos próximos meses.

Segundo a Pesquisa Mensal do Comércio divulgada pelo IBGE nesta quinta-feira (10), as vendas no conceito restrito recuaram 0,3% na comparação mensal, enquanto o volume no concento ampliado caiu 0,8%. Mas ainda mostram alta de 5,1% e 3,1%, respectivamente, no acumulado do ano.

André Valério, economista sênior do Inter, comenta que o dado do varejo veio pior que a expectativa, que era de uma estabilidade no mês. “Em termos de desempenho foi um desempenho negativo generalizado. Apenas artigos farmacêuticos tiveram alta no mês, o que sinaliza uma demanda enfraquecida” detalha.

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Ele observa que o desempenho tem sido puxado neste ano muito por bens de consumo essencial, como supermercados e farmácias, mas que há mais timidez nas compras em categorias mais ligadas ao consumo discricionário.

“Analisando as atividades do varejo mais sensíveis à renda, observa-se um descolamento dessas atividades com a massa salarial, sugerindo que a recomposição da renda real que temos observado está sendo direcionada para outros lugares”, explica. Além , ele destaca uma piora nas condições de crédito para as atividades mais sensíveis, principalmente aquisição de veículos.

Para Valério, a tendência é de uma desaceleração na margem, dado o novo ciclo de alta da Selic, que já tem impactado o varejo ampliado devido aos estresses observados na curva de juros nos últimos meses. “Mas também esperamos um menor impulso fiscal nesse último trimestre, caso o governo entregue a meta do superavit fiscal, o que terá impacto sobre a demanda como um todo”, pondera.

Rodolfo Margato, economista da XP, também destaca a característica de moderação no consumo, embora todas as métricas de comparação com os dados de 2023 permaneçam positivas. “A tendência dos gastos com bens segue positiva, mas na leitura de agosto teve perda de tração, reforçando o cenário de que o PIB permanece em terreno positivo no semestre, mas não como registrado na primeira metade do ano”, diz.

Margato completa a análise lembrando que, a despeito do enfraquecimento em agosto, os principais fundamentos de consumo permanecem sólidos, como a dinâmica da renda disponível das famílias, especialmente a renda do trabalho e, mais recentemente as concessões de crédito. “Não vemos reversão drástica na tendência de consumo e sim uma moderação no ritmo de expansão”, reforça.

Claudia Moreno, economista do C6 Bank, concorda que os dados do varejo ampliado sugerem que o segmento começou a perder fôlego, embora ainda apresente crescimento. “Vamos aguardar a Pesquisa Mensal de Serviços, que sai amanhã, para ter mais clareza sobre a expansão da atividade no terceiro trimestre. Os números indicam, até agora, que teremos um terceiro trimestre ainda positivo.”

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O resultado de hoje não muda a previsão do C6 Bank para o crescimento do PIB em 2025, de 3%, nem o do ano que vem: +1,2%. “Na nossa visão, o Copom manterá o ciclo de alta da Selic nas próximas decisões, com ajustes de 0,50 ponto percentual nas reuniões de novembro e dezembro. Projetamos Selic em 11,75% ao final de 2024 e de 10% ao final de 2025.”

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RN Investimentos, destaca que o desempenho anual positivo do varejo tem sido impulsionado, em grande parte, pelas vendas em lojas de departamento, que enfrentaram anos difíceis em 2022 e 2023.

“Isso está em linha com a nossa tese de que 2024 seria um ano de forte recuperação para o varejo, após o período pós-pandemia, quando o foco dos consumidores esteve nos serviços. Com base nesses resultados, é provável que o IBGE continue apresentando dados robustos para o setor até o final do ano, prevendo-se um crescimento superior a 4% para o varejo.”

Para Cruz, esse desempenho deve superar o PIB projetado de 3% para 2024, conforme indica o Boletim Focus, sendo o varejo um dos setores que puxarão o PIB para cima em relação ao ano anterior. “Esses dados positivos podem até levar o mercado a revisar suas projeções de crescimento econômico para cima”, estima.

Para Igor Cadilhac, economista do PicPay, apesar da decepção com as vendas no conceito ampliado no mês, o segundo semestre começou com um dinamismo superior ao esperado.

 “Acreditamos que o mercado de trabalho aquecido, o aumento da massa salarial, a expansão do crédito ao consumidor e a inflação ainda relativamente controlada continuarão a sustentar o consumo das famílias”, prevê.

Segundo ele, esses fatores devem compensar o impacto prolongado das taxas de juros elevadas e em trajetória de alta.

Na leitura do Itaú, as vendas no varejo amplo no atacado –  que importa mais para o PIB – foram ligeiramente mais fracas do que o esperado, com uma surpresa negativa em “veículos e peças”. “No entanto, houve uma surpresa positiva nas vendas do varejo principal, com um número maior em ‘Hipermercados, supermercados, alimentos, bebidas e tabaco’. Os dados de hoje corroboram uma desaceleração econômica no 3º trimestre do ano.”

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