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Payroll vem abaixo do esperado, mas salários devem manter Fed em modo de espera

EUA abriram 143 mil postos de trabalho em janeiro, abaixo do consenso, mas alta nos salários deve manter pressão na inflação de serviços; economistas não veem cortes de juros antes de junho

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Edição invistaja.info e MarketMsg

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Os dados do chamado “payroll” divulgados nesta sexta-feira (7) mostraram que o mercado de trabalho dos EUA continua aquecido, embora ensaie uma acomodação. Os economistas alertam que a taxa de desemprego continua em patamar baixo e que a alta anual dos salários devem manter o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) em modo de espera na próxima reunião de política monetária.

Os EUA abriram 143 mil postos de trabalho em janeiro, abaixo do consenso de 170 mil vagas estimadas pelo mercado. Mas houve uma revisão para cima em novembro e dezembro, com 100 mil postos criados além dos anunciados anteriormente. E os salários cresceram 4,1% na taxa anualizada, mantendo-se em um nível inconsistente com a meta de 2% para a inflação.

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Para André Valério, economista sênior do Inter, o resultado anunciado é consistente com a dinâmica de pouso suave para a economia americana, com a manutenção da desaceleração da empregabilidade nos setores mais cíclicos, enquanto os setores de serviços mantêm uma dinâmica robusta.

“Em termos de política monetária, é um resultado que não altera as expectativas desde a última reunião, com a incerteza sobre a implementação das tarifas por parte de Trump dominando o cenário. Assim, caminhamos para uma nova pausa por parte do Fed na reunião de março, mas ainda com espaço para dois cortes ao longo do ano”, estima.

Andressa Durão, economista do ASA, por sua vez, diz ainda ver o mercado de trabalho continuando a crescer em ritmo sólido. “Para o Fed, os dados reafirmam a postura de cautela e apoiam a manutenção da taxa de juros no patamar atual nas próximas reuniões, enquanto avaliam os potenciais riscos à inflação”, concorda..

Ela destaca as revisões altistas relevantes em novembro (+49 mil) e dezembro (+51 mil), elevando a média móvel trimestral de crescimento para um patamar alto. “Para minimizar os efeitos rebote de eventos climáticos e greves enfrentados em alguns meses do segundo semestre do ano passado, podemos considerar a média dos últimos seis meses, e ela também indica um ritmo ainda forte de crescimento do emprego”, explica.

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Felipe Salles, economista-chefe do C6 Bank, também observa um mercado de trabalho que permanece aquecido e pressionando os preços, principalmente no setor de serviços. “Mantemos, por ora, nossa projeção de dois cortes de juros pelo Fed neste ano, mas reconhecemos que a autoridade monetária deve adotar uma postura ainda mais cautelosa na tentativa de trazer a inflação de volta à meta de 2%”, afirma.

Ele lembra que, adicionalmente, há muitas incertezas quanto às políticas a serem implementadas pelo novo governo americano. “Medidas anunciadas pelo presidente Donald Trump, principalmente no campo da imigração e de tarifas, tendem a pressionar a inflação e diminuir ainda mais o espaço para cortes de juros pelo Fed”, diz.

Ao analisar os dados por setores, Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, observa que  varejo foi o que mais contratou em janeiro. Sobre o emprego público, ele lembra que o governo Trump já iniciou diversas demissões no setor público, o que pode refletir no payroll de fevereiro, potencialmente resultando em uma criação de vagas mais fraca.

“Ao detalhar os subgrupos, percebe-se que a maior redução na taxa de desemprego ocorreu entre trabalhadores com menor nível educacional. Aqueles sem diploma de ‘high school’ ou com apenas o ensino médio foram os que mais conquistaram vagas. Como esse grupo tem salários menores, o crescimento salarial geral não foi tão expressivo. Já entre profissionais com formação superior, a taxa de desemprego passou de 2,4% para 2,3%, um nível já muito baixo, o que limita avanços mais significativos. Esse patamar reflete, em grande parte, a transição natural entre empregos”, detalha.

Cruz destaca que, no que diz respeito aos salários, o aumento pode ser considerado relevante. “Há um ano, a remuneração por hora era de US$ 34,47, enquanto agora é de US$ 35,87. Isso representa um ganho semanal de US$ 1.223,17, o que pode impulsionar o consumo, mas também gerar pressão inflacionária”, alerta.

Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, concorda que os números do relatório de emprego de janeiro confirmam a principal mensagem da última reunião do Fomc: a de que a economia americana apresenta um quadro de estabilidade marcado por desemprego muito baixo e inflação resistente acima da meta – o PCE de dezembro ficou em 2,6%. “Em outras palavras, não altera o contexto de restrições para a retomada no ciclo de afrouxamento monetário.”

Para o especialistas, as expectativas implícitas nos contratos de juros no momento sugerem que o próximo corte por parte do Fed não deve acontecer antes de junho. “O ano começa com um cenário preocupante para a inflação nos EUA e as expectativas de mais dois cortes de 0,25 [ponto percentual] nas taxas de juros estão ameaçadas”, diz.

“E vale notar que, embora os detalhes das políticas comerciais e imigratórias do novo governo ainda não estejam claros, ambas têm potencial de pressionar a inflação. Com o que é possível enxergar neste momento, acredito que vamos para mais um ano de juros elevados e pressões sobre a taxa de câmbio.”

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