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Desaceleração gradual, inflação teimosa e dólar volátil: XP traça cenário para Brasil

Com guerra comercial, inflação resistente e câmbio volátil, corretora revisa projeções e alerta para dificuldades fiscais e dependência do Brasil de receitas extraordinárias

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Edição MarketMsg e invistaja.info

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A economia global se encontra em um período de incerteza acentuada, com destaque para os Estados Unidos, onde a perspectiva de estagflação passou a dominar as projeções de curto prazo, segundo relatório da XP Investimentos enviado ao mercado nesta sexta-feira (9).

A avaliação da corretora é que os aumentos tarifários implementados pela gestão do presidente americano Donald Trump terão efeitos negativos prolongados, e a recuperação dependerá tanto da condução da política monetária pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) quanto das decisões fiscais do Congresso norte-americano.

Para o economista-chefe da XP, Caio Megale, o ambiente internacional foi alterado de forma substancial após o que ele chama de “Dia da Libertação”, expressão usada para se referir ao início das tarifas comerciais mais agressivas pelos EUA. “Um período de estagflação com duração entre seis e doze meses parece inevitável. O que ocorrerá em seguida ainda é incerto, dependendo fundamentalmente da evolução das negociações tarifárias dos EUA, especialmente com a China”, afirma.

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Segundo ele, o comportamento do dólar e das commodities já indica uma mudança de fase: o dólar se desvalorizou em relação a moedas de países desenvolvidos e emergentes, enquanto os preços do petróleo se acomodaram cerca de 20% abaixo dos níveis observados em janeiro.

Essa configuração traz efeitos importantes para o Brasil. A menor pressão cambial e a redução dos preços internacionais de commodities tendem a aliviar a inflação de bens. A XP projeta que o Banco Central elevará a taxa Selic (atualmente a 14,75%) em um ritmo inferior ao estimado anteriormente. A expectativa é de uma última alta de 0,25 ponto percentual em junho, encerrando o ciclo em 15,00% — abaixo da taxa terminal de 15,50% prevista até recentemente.

Inflação no Brasil não deve dar trégua

A visão da XP é que, mesmo com o alívio parcial das pressões externas, a inflação doméstica continuará resistente nos próximos trimestres. Os economistas Rodolfo Margato e Alexandre Maluf projetam um Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 5,7% em 2025, frente aos 6,0% anteriormente esperados, e de 4,7% em 2026, patamar que ainda supera o teto do intervalo da meta. A projeção é sustentada pela continuidade da expansão do consumo, alimentada por programas do governo e por um mercado de trabalho aquecido.

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) mostram que a taxa de desemprego está estabilizada em torno de 6,5%, o menor nível desde o início da série histórica em 2012. A massa de renda real, por sua vez, apresentou crescimento de 7,5% nos doze meses encerrados em março. Segundo Margato, o saldo do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados no Brasil (Caged) indica um ritmo ainda firme de contratações com carteira assinada, com mais de 460 mil novas vagas no primeiro trimestre deste ano.

A equipe da corretora avalia que os estímulos recentes devem sustentar a demanda. Entre as medidas estão a liberação de recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), a ampliação do programa Minha Casa Minha Vida e a criação do Crédito do Trabalhador, voltado ao financiamento de empregados do setor privado via consignado. A expectativa é que essa iniciativa agregue 0,6 ponto percentual ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em termos anualizados.

Apesar da leitura positiva sobre o desempenho doméstico, o pano de fundo externo permanece sob vigilância. A XP mantém uma postura prudente quanto aos Estados Unidos, estimando um ou dois cortes de juros de 0,25 ponto percentual por parte do Fed ainda neste ano — condicionados à ocorrência de uma recessão leve. Um recuo mais acentuado nas taxas de juros e na atividade norte-americana poderia trazer reações ambíguas aos ativos brasileiros, com o real ora se valorizando, ora sendo penalizado pela fuga de capital de países emergentes.

No comércio internacional, o Brasil aparece como uma das economias mais bem posicionadas para ocupar o espaço deixado pelos EUA no fornecimento de grãos à China. Segundo o relatório, o país é visto como um “vencedor relativo” na reconfiguração das cadeias globais de abastecimento. Isso se deve ao seu perfil exportador e à baixa dependência do setor externo — as exportações respondem por apenas 12% do Produto Interno Bruto nacional.

A XP ainda aponta que, no Brasil, a resiliência do mercado de trabalho e medidas governamentais reforçam o cenário de que a desaceleração da atividade será apenas gradual. Assim, projeta que o PIB crescerá 2,3% em 2025 e 1,5% em 2026.

Câmbio

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O câmbio brasileiro continua apresentando volatilidade, resultado de forças opostas que atuam sobre os fundamentos da moeda. A analista da XP, Luíza Pinese, observa que, até o início de maio, o real acumulava valorização de cerca de 8,5% frente ao dólar, beneficiado principalmente pela tendência de enfraquecimento da moeda norte-americana e pela percepção de que o Brasil pode se beneficiar da disputa comercial global, sobretudo no setor agrícola.

Apesar disso, a recente queda nos preços de commodities, com destaque para o petróleo, tem gerado pressões contrárias, assim como a piora das expectativas fiscais e uma leitura menos favorável do balanço de pagamentos em comparação com períodos anteriores.

Por causa desse cenário, a XP ajustou a projeção da taxa de câmbio para o final deste ano de R$ 6 para R$ 5,80 por dólar, mantendo ainda uma estimativa de desvalorização do real frente aos níveis atuais. A projeção para 2026 foi mantida em R$ 6,10, levando em consideração o diferencial inflacionário e a possibilidade de maior prêmio de risco por conta das eleições.

Dívida e contas públicas

Com relação à balança comercial, a casa revisou a expectativa de superávit de US$ 62 bilhões para US$ 57,5 bilhões em 2024, após incorporar o novo patamar do petróleo Brent, agora estimado em US$ 65 por barril. A incerteza em torno da guerra comercial, por sua vez, continua influenciando a projeção do comércio exterior, ao mesmo tempo em que amplia a imprevisibilidade nas relações comerciais com a Ásia.

As estimativas da XP para o balanço de pagamentos também foram revistas. A projeção para o déficit em transações correntes em 2025 passou para US$ 73,4 bilhões, equivalente a 3,4% do PIB, influenciada pela revisão na balança comercial. Ainda assim, o Investimento Direto no País (IDP) deve atenuar parte desse déficit, com nova projeção de US$ 70 bilhões para este ano.

Para 2026, a XP não espera nova deterioração nas contas externas, com previsão de déficit de US$ 62,6 bilhões e IDP em US$ 65 bilhões. A instituição avalia que a desaceleração da demanda interna tende a frear pressões adicionais sobre as contas externas, mesmo em um contexto de mudanças no comércio global.

A dívida bruta deve atingir 79,9% do PIB neste ano e 84% em 2026. Já a dívida líquida pode chegar a 68,5% no ano que vem. A análise também aponta para um enfraquecimento estrutural do novo arcabouço fiscal, com despesas discricionárias despencando para perto de zero até 2029.

A combinação de metas fiscais crescentes, obrigatoriedades em expansão e arrecadação sustentada por medidas temporárias, segundo os estrategistas, expõe a fragilidade do modelo e amplia a dependência do governo por receitas extraordinárias nos próximos anos.

Medidas políticas no radar

No campo político, os analistas Paulo Gama, Bianca Lima e João Paulo Machado avaliam que o governo federal segue em busca de medidas que sustentem a atividade econômica e revertam desgastes de imagem. Entre os tópicos acompanhados estão uma linha de crédito voltada a entregadores de aplicativo, a possível ampliação de subsídios no setor elétrico e novas iniciativas nas áreas da saúde e habitação.

No Congresso, devem avançar os debates sobre a reforma do imposto de renda. A comissão especial já foi instalada, e a expectativa é de audiências públicas sobre pontos como a isenção para salários de até R$ 5 mil e a tributação de dividendos enviados ao exterior. Há também discussões sobre como compensar a renúncia fiscal com alterações na distribuição da arrecadação entre União e entes subnacionais.

A medida provisória que muda as regras para empréstimos consignados no setor privado também entrou em pauta, enquanto a oposição tenta obstruir os trabalhos em protesto contra o andamento do projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.

A equipe econômica pretende usar o relatório bimestral de receitas e despesas, a ser divulgado em 22 de maio, como uma sinalização de compromisso com o teto de gastos estabelecido pelo novo arcabouço fiscal. A avaliação interna é de que o mecanismo de execução orçamentária em 1/18 avança como ferramenta que facilita o controle político sobre o ritmo dos gastos neste momento.

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REFLEXÃO: Eddy Elfenbein, dono do site Crossing Wall Street: Seja paciente e ignore modismos. Foque no valor e não entre em pânico.

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