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Amazônia: bioinsumos atraem empresas à região, mas violência e clima limitam expansão

Cadeias produtivas resistem com apoio de companhias que veem nas matérias primas uma forma de preservar a floresta e gerar renda

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Edição invistaja.info e MarketMsg

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Da borracha à castanha, insumos da bioeconomia amazônica estão atraindo cada vez mais empresas à região, interessadas em reduzir impactos ambientais. Em 2024, a venda de bioinsumos da Amazônia movimentou R$ 8,3 milhões, o que representa aumento de 51% frente ao ano anterior, segundo a Origens Brasil, braço do Imaflora que conecta empresas a produtores. O número de compradoras também cresceu: 39 companhias, 11% a mais do que em 2023.

Apesar da demanda crescente, a expansão desse mercado ainda esbarra em problemas que elevam o “Custo Amazônia”, como o avanço do crime organizado, a escassez de mão de obra e os impactos das mudanças climáticas.

Um exemplo recente é a castanha-do-pará, um dos produtos mais vendidos pelas comunidades locais, que registrou uma das piores safras da história. Nos últimos dois anos, o fenômeno El Niño provocou uma seca intensa, prejudicando o ciclo de floração das castanheiras e consequentemente a polinização.

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Violência ameaça o futuro da floresta

Luiz Brasi, gerente da rede, diz que o crescimento da bioeconomia na Amazônia poderia ser ainda maior se houvesse mecanismos de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), que remuneram as comunidades pelo trabalho de restaurar e preservar os ecossistemas. Outro ponto, complementa, é a necessidade de maior presença do Estado para garantir segurança aos produtores.

— O crescimento da produção depende de comando e controle na Amazônia, que vem sendo dominada pelo narcotráfico e pelas milícias nos últimos anos. Produzir dentro da floresta não é mais uma atividade segura. É um problema social, de saúde, segurança, ambiental e para a economia do território. Isso traz insegurança para o mercado investir nessas áreas — diz.

Brasi conta que as comunidades enfrentam violência, ameaças e casos de abuso sexual, especialmente em áreas de garimpo. Além disso, a mineração ilegal contamina peixes com mercúrio, o que compromete a alimentação e, junto ao desmatamento, contribui para a propagação de doenças como a malária.

Vanildo Quaresma Ferreira, presidente de uma cooperativa que fornece insumos à Natura, a Cofruta, conta que a violência já impacta a cadeia de produção.

— Nós temos muitos problemas aqui na cooperativa, porque as pessoas já não vêm mais trazer o açaí aqui na cidade. Se você vier com o dinheiro, fica só com a mão — conta o pequeno produtor, acrescentando que isso já impactou o fornecimento de bioinsumos para algumas empresas.

Empresas como aliadas

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Ao mesmo tempo em que a presença do crime organizado na Amazônia afasta investimentos, empresas que atuam localmente podem se tornar aliadas das comunidades em confrontos com invasores. O diretor de Reputação e Governo da Natura, Paulo Dallari, relata que, há pouco tempo, uma associação fornecedora da empresa avisou sobre a aproximação de uma balsa de extração ilegal de ouro:

— Nesses casos, a nossa pergunta para a comunidade é: se formos com vocês (até o governo), ajudamos? Eles nos responderam que sim, então ajudamos a montar o documento com todas as informações e a entrar em contato com o governo diretamente.

As empresas que compram da Amazônia também buscam estimular o interesse dos jovens pelo trabalho tradicional, diante da escassez de mão de obra causada pela migração em busca de estudo e emprego nas cidades.

A Veja, por exemplo, produz seus tênis com borracha nativa há mais de vinte anos. O volume comprado, que começou com cinco toneladas, aumentou para cerca de 700 toneladas em 2025.

Sebastião Santos, gerente de cadeia produtiva da marca, diz que a companhia acompanha “com preocupação” o avanço do crime organizado na Amazônia e entende que a atuação na cadeia da borracha pode reduzir o êxodo de jovens, oferecendo alternativas de renda, valorizando a atividade tradicional e afastando-os da criminalidade.

A escassez de mão de obra também preocupa outras empresas do setor, como a Michelin. Segundo Bruno Temer, gerente de Sustentabilidade da companhia na América do Sul, o manejo sustentável da borracha nativa (forma de trabalho que preserva a longevidade da seringueira) exige um conhecimento que é transmitido de geração em geração ou por meio de capacitações formais.

As compras da Michelin de borracha nativa começaram em 2021 e vêm crescendo ano a ano, passando de 7,5 toneladas para 158 toneladas em 2024. Desde o início do programa, já foram protegidos mais de 105 mil hectares de floresta de forma direta e outros 269 mil de forma indireta. A renda acumulada das comunidades chega a R$ 4,9 milhões.

— Cabe ressaltar que a seringueira (Hevea Brasiliensis L.) é da região Amazônica. Em seu habitat natural, conseguimos encontrar seringueiras centenárias, com mais de 90 cm de circunferência. Por entender que esse produto é diferenciado, atrelamos a ele o PAS, apoio logístico, recursos para a manutenção e operação das associações, dentre outros, o que representa uma diferença de custo em relação à borracha de cultivo que segue um comportamento de commodity — complementa Temer.

No caso da Veja, Santos explica que a escolha pela borracha amazônica é uma forma de remunerar famílias que ajudam a preservar o bioma. Esse compromisso, no entanto, tem um preço: o quilo da borracha nativa pode custar até 3,5 vezes mais que o valor de mercado, devido à maior necessidade de mão de obra e à logística desafiadora da região. Atualmente, a marca trabalha com cerca de 2.500 famílias em mais de 750 mil hectares de floresta. Desde 2018, paga ainda um valor extra via PAS.

— O cálculo é feito em cima do volume entregue por cada família. Quanto mais borracha produzida, é necessária uma área maior de floresta para se extrair essa produção e, automaticamente, se tem uma área maior de floresta sendo preservada — explica Santos.

Repórter viajou a convite da Natura

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