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BRASIL | invistaja — O fim de 2020 marcou um movimento de rotação no mercado financeiro, com investidores passando a optar por ações de valor em vez dos papéis de crescimento, caso das gigantes de tecnologia.
palavras-chave: Estrelas durante a pandemia, big techs americanas divulgam balanços do 4º tri: o que os números dizem sobre elas?; invistaja.info;
Porém, a temporada de resultados do quarto trimestre mostrou que essas empresas ainda têm muito potencial para entregar.
No último dia 3 de fevereiro as últimas integrantes do grupo chamado FAANG (Facebook, Amazon, Apple, Netflix e Google), ou então FAAMG (que troca a Netflix pela Microsoft), divulgaram seus números do fim do ano e mostraram que todas elas conseguiram entregar ótimos balanços, acima das expectativas.
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Por outro lado, 2021 se mostra um ano decisivo para todas elas, com algumas precisando mostrar que conseguem crescer de forma sustentável, como a Netflix, enquanto outras enfrentam desafios regulatórios, como Google, ou então estão em um momento de mostrar como crescer e se tornarem ainda mais gigantescas do que já são, caso da Apple e Amazon.
Após um ano de forte valorização para todas essas empresas, 2021 começou com um sentimento mais misto entre os investidores, em que apenas Microsoft e Alphabet (dona do Google) registram ganhos acima do índice de tecnologia da bolsa americana, o Nasdaq, que acumula ganhos de 6,9% no ano. A primeira tem alta de 8,8% e a segunda de 17,2% no período.
Do resto do grupo, Apple, Amazon e Netflix sobem no máximo 3,5% no ano, enquanto o Facebook acumula queda de cerca de 2,5%. Com esses papéis agora ficando para trás na bolsa dos EUA por conta dessa rotação pelos investidores, após os resultados do quarto trimestre, analistas já começam a reavaliar se elas realmente vão se manter como “coadjuvantes” este ano ou voltarão a ser “protagonistas”.
E para o investidor brasileiro que não aproveitou o rali de 2020, principalmente por conta da mudança da B3 em relação aos BDRs ter ocorrido mais para o fim do ano, esse novo ciclo de alta, se ocorrer, pode se tornar uma boa oportunidade.
Em 2021, como os BDRs sofrem de um impacto cambial também, até o momento todas essas empresas registram altas maiores do que dos seus ativos nos EUA, confira na tabela abaixo:
*Dados do fechamento do dia 04 de fevereiro
Veja o que os analistas acharam dos resultados de cada empresa:
Facebook ()
O Facebook no quarto trimestre de 2020, um aumento de 52,6% em relação ao resultado divulgado pela companhia em igual período do ano anterior, de lucro de US$ 7,35 bilhões. O lucro por ação da empresa ficou em US$ 3,88, em alta anual de 51,5% e acima das projeções de analistas consultados pela FactSet, que esperavam lucro ajustado a US$ 3,19.
A receita da gigante de tecnologia foi de US$ 28,07 bilhões, um avanço ante os US$ 21,08 bilhões do quarto trimestre de 2019. O Facebook informou ainda que seus usuários diários ativos ficaram em 1,84 bilhões na média de dezembro de 2020, um crescimento anual de 10,8%.
Segundo a equipe da Levante Ideias de Investimento, o mercado não reagiu muito bem, apesar dos bons números, por conta do tom “ameno” adotado pela empresa na teleconferência após o balanço. “O fator presente é importante, mas as perspectivas futuras dos executivos para os próximos trimestres são tão relevantes quanto, dado que o mercado desconta o futuro no preço dos ativos”, explicam.
Em sua fala, Mark Zuckerberg, CEO da companhia, citou a “incerteza significativa” decorrente da pandemia ainda em curso, e como isso deve afetar de maneira significativa o crescimento no primeiro semestre deste ano.
A Levante ainda cita que, apesar do estresse que as maiores empresas de tecnologia passam frente aos órgãos regulatórios, o Facebook segue aumentando a sua base de usuários, que é a “matéria-prima” da sua principal fonte de receitas, os anúncios.
Por outro lado, os analistas da XP destacam o anúncio feito pela companhia de que, com as novas regras de privacidade do iOS (sistema operacional da Apple), a sua capacidade de otimizar a entrega de anúncios customizados aos usuários pode ser impactada, o que ajudou no desânimo dos investidores após o resultado.
Apesar do problema com a Apple, o Credit Suisse manteve sua recomendação Outperform para as ações da empresa, elevando o preço-alvo de US$ 325 para US$ 330. Segundo eles, mesmo com a companhia da maçã tentando criar pressão sobre o crescimento da receita de publicidade em 2021, o Facebook está entre as maiores empresas do mundo e está bem equipado para desenvolver produtos para compensar uma queda do ROI.
Amazon ()
A gigante de varejo no quarto trimestre de 2020, ou US$ 14,09 por ação diluída, mais que o dobro dos US$ 3,3 bilhões, ou US$ 6,47 por ação, de igual período de 2019. O resultado superou com folga a previsão de lucro de US$ 7,19 por ação dos analistas ouvidos pela FactSet.
As vendas da companhia ficaram em US$ 125,6 bilhões no quarto trimestre do ano passado, também acima dos US$ 87,4 bilhões de igual período de 2019. Essa foi a primeira vez que a gigante de varejo superou US$ 100 bilhões em vendas em um trimestre.
A XP disse que o balanço foi positivo e destacou o dado de receitas do segmento “loja de tudo”, que ficou em US$ 125,6 bilhões, 5% acima do esperado e 44% a mais que o mesmo período de 2019. O resultado foi impulsionado pela temporada recorde de compras de final de ano.
As vendas globais no período festivo cresceram 50% na comparação anual, sendo que apenas entre a Black Friday e a Cyber Monday, o marketpalce registrou US$ 4,8 bilhões em vendas (+60% ano a ano).
Do lado negativo, os analistas destacaram o segmento de serviços na nuvem (AWS), que reportou US$ 12,7 bilhões de faturamento, ligeiramente abaixo do consenso. A divisão permanece como a mais representativa para o lucro operacional (52% do total, vs. 66% no quarto trimestre de 2019).
O principal fator que limitou o otimismo do mercado com o balanço, porém, não tem relação com os números. A companhia informou que seu CEO e fundador Jeff Bezos irá deixar o cargo no terceiro trimestre, passando a função para Andy Jassy, que hoje comanda a AWS. Isso gerou muitas incertezas sobre o futuro e só o tempo deixará claro os impactos da mudança na empresa.
Apple ()
A gigante de tecnologia Apple , chegando a US$ 111,4 bilhões – alta de 21% em relação ao mesmo período de 2019. É a primeira vez que companhia ultrapassa a marca simbólica dos US$ 100 bilhões em um único trimestre.
A Apple se beneficiou durante a pandemia com o aumento das vendas de computadores e gadgets em geral. As pessoas estão passando mais tempo em casa trabalhando e estudando, devido às restrições da pandemia, e procuraram atualizar seus dispositivos, conforme analistas explicaram à CNBC.
A receita de iPhones subiu 17% na comparação anual, para US$ 65,60 bilhões. A Refinitiv estimava US$ 59,80 bilhões. Outro destaque foi a disparada de 41% nas vendas de iPads no trimestre, em relação ao mesmo período do ano anterior. O lucro por ação foi de US$ 1,68, também acima das previsões dos analistas, que apostavam em um lucro de US$ 1,41.
Para a equipe da XP Investimentos, os ótimos resultados da Apple foram impulsionados pela boa performance de todos os segmentos: iPhones, que representam 50% das receitas totais e venderam 10% acima do esperado; e Mac, iPad e acessórios, que equivalem a 30% das receitas e superaram as projeções em 7%.
“A expectativa do mercado é de que o trimestre positivo seja o início de um ‘super ciclo’ de upgrade rumo à nova geração de iPhones, estimulado pela tecnologia 5G”, apontam os analistas. Apesar disso, o mercado não se empolgou muito porque já esperava o bom trimestre, deixando a expectativa para os próximos meses.
Netflix ()
A gigante de streaming Netflix registrou lucro líquido de US$ 542,2 milhões no quarto trimestre de 2020, uma queda de 7,7% em relação a igual período de 2019. O lucro por ação diluído foi de US$ 1,19, inferior à expectativa de US$ 1,35 dos analistas ouvidos pelo FactSet.
Por outro lado, a receita do serviço de streaming somou US$ 6,6 bilhões entre outubro e dezembro do ano passado, uma alta de 21,5% na comparação com os três últimos meses do ano anterior.
O número de assinantes da Netflix no mundo teve um aumento líquido de 8,51 milhões no período, a 203,66 milhões, uma variação positiva de 21,9% na comparação com igual período de 2019.
Segundo a Levante, essa adição líquida de usuários foi o grande destaque positivo do balanço. A Netflix havia projetado um aumento de 6 milhões na sua base de assinantes no trimestre. De acordo com os analistas, os resultado superou o esperado em praticamente todas as linhas, com exceção do lucro.
“O resultado líquido, porém, foi poluído pela remarcação do valor de mercado das suas dívidas em euro na linha de resultado financeiro no total de US$ 258 milhões, que passa na demonstração após os seus resultados da operação. Expurgando este efeito da conta, o lucro líquido teria sido melhor que o esperado”, explica a Levante.
Sobre esse impacto, a XP destaca que a Netflix acredita que terá uma geração de caixa sustentável em 2021, o que será um importante ponto de virada para ela, após gerar US$2 bilhões em 2020. “Desta forma, ela não precisará contrair mais dívidas para financiar suas operações”, explicam os analistas.
Microsoft ()
A Microsoft reportou lucro líquido de US$ 15,4 bilhões no quarto trimestre de 2020, um avanço de 32% em relação ao mesmo intervalo de 2019. O lucro por ação ficou em US$ 2,05, ante US$ 1,53 do ano anterior. Já a receita cresceu 16,7% no comparativo anual, para US$ 43 bilhões.
Chamaram atenção ainda os números de serviços em nuvem. A receita no segmento de nuvem inteligente ficou em US$ 14,6 bilhões entre outubro e dezembro, uma alta de 23% em relação ao mesmo período de 2019, impulsionada pelo avanço de 50% da receita da Azure, plataforma com serviços de computação em nuvem.
“Mais uma vez a Microsoft surpreende positivamente e entrega resultados sólidos, acima das expectativas […] Dos seus três segmentos (Produtividade e Processos, Inteligência em Nuvem e Computação Pessoal), o segundo deles foi o maior destaque: cresceu 23%”, escreveram em relatório os analistas da Levante.
Eles ainda destacam que os números da companhia mostraram uma boa resposta dela contra a “ameaça das new techs”. “A companhia é caso de investimento interessante, pois une um componente relevante de crescimento (growth) com geração de valor ao acionista”, afirmam, completando que investir na Microsoft é uma boa forma de se expor ao segmento de tecnologia com “os pés no chão”, através de uma empresa bastante madura e sólida.
Alphabet/Google ()
A Alphabet, grupo que detém a gigante de tecnologia Google, reportou uma no quarto trimestre do ano passado, um avanço de 23% sobre o mesmo período do ano anterior.
Além da receita recorde nos últimos meses de 2020, outros destaques do balanço foram: a recuperação dos ganhos com publicidade após o tombo no início da pandemia; e do lado negativo, o prejuízo com os serviços de nuvem, que pela primeira vez foram desmembrados nos resultados.
O lucro líquido da gigante de tecnologia também avançou no quarto trimestre de 2020, para US$ 15,7 bilhões, ante US$ 9,3 bilhões do mesmo período do ano passado. Analistas do FactSet esperavam um lucro menor, de US$ 11,9 bilhões. O lucro por ação, importante medida de lucratividade da empresa, ficou em US$ 22,30 no último trimestre de 2020, também acima das expectativas de analistas consultados pela Refinitiv, que esperavam um lucro de US$ 15,57.
As receitas obtidas com publicidade no YouTube somaram US$ 6,9 bilhões no quarto trimestre, acima da expectativa do mercado, de US$ 6,22 bilhões. Os ganhos com publicidade foram outro destaque positivo do balanço. Eles somaram US$ 46,2 bilhões no ano fiscal de 2020, quase 22% acima do ano anterior.
A equipe da XP destaca que a Alphabet divulgou pela primeira vez o resultado operacional da divisão de nuvem, com um prejuízo de US$ 5,6 bilhões no ano, o que segundo eles sinaliza que a iniciativa ainda “requer investimentos significativos”.
“Destaque também para o Youtube, que reportou crescimento de receitas de 46% a/a, fortalecidas pelas novas modalidades de anúncios. A plataforma agora foca em diversificação com sua modalidade Premium, que já soma 30 milhões de assinantes”, apontam os analistas.
Tesla (), a exceção que não para de subir
Apesar de não fazer parte do grupo, a Tesla segue chamando cada vez mais atenção, principalmente agora que faz parte do S&P 500. Porém, entre as big techs, ela foi a única que não conseguiu superar as projeções com seu balanço de quarto trimestre. E mesmo assim, ela mantém o melhor desempenho na bolsa entre esses papéis: alta de 19% no ano até o momento, com os BDRs saltando 26%.
A , contra US$ 1,03 projetado pelos analistas consultados pela Refinitiv, enquanto a receita conseguiu bater as expectativas de US$ 10,4 bilhões, atingindo US$ 10,74 bilhões entre outubro e dezembro, uma alta de 46% em um ano.
Já a margem bruta da Tesla ficou em 19,2% no período, o menor resultado desde o último trimestre de 2019. As despesas de capital atingiram US$ 1,15 bilhão, ao passo que o fluxo de caixa livre ficou positivo no ano em US$ 2,79 bilhões, mais que o dobro do valor do ano anterior, de US$ 1,08 bilhão.
Segundo a XP, a margem bruta de 20,7% decepcionou, ficando 3 pontos percentuais abaixo da projeção, resultado impactado pela redução dos preços no período.
“Após entregar um recorde de cerca de 500 mil veículos no último ano, o guidance vago para 2021 decepcionou – a empresa mira ‘mais de’ 750 mil entregas (contra entre 840 mil e 1 milhão citadas por Musk no 3T20)”, disseram os analistas.
O lucro por ação 30% menor que o esperado, de US$ 0,80, foi outro destaque negativo da companhia de Elon Musk, o que segundo a XP se deu por conta de maiores despesas administrativas.
O Credit Suisse aponta que, mesmo com as ações sofrendo alguma pressão no curto prazo, seus analistas acreditam que a narrativa de crescimento robusto deve continuar a apoiar o papel e seu valuation elevado. “Como já mencionado antes, a Tesla atende a vários pontos requisitados por investidores (crescimento, disrupção, ESG) todos reforçando essa narrativa. Com a Tesla expandindo sua capacidade para 2021, não achamos que isso deva mudar”, afirma o banco.
A Levante, por sua vez, destaca que, apesar do carro elétrico e/ou autônomo ser uma tendência para o século, há uma série de dúvidas no ar: problemas das baterias à base de lítio, cujo custo e logística reversa é um desafio; infraestrutura de recarga, visto que não se sabe exatamente se o mundo seria capaz de suportar uma frota gigante de carros elétricos com o que há disponível hoje; e a ótica de investimentos.
“A Tesla já tem em seus preços uma perspectiva de crescimento bastante ousada, o que (no mínimo) pode aumentar o prazo de retorno do investimento nas suas ações”, completam os analistas.
Confira as recomendações dos analistas para cada empresa, segundo dados da Refinitiv:
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