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Sem auxílio e sob restrições da pandemia, economistas apontam risco de recessão no Brasil

Número de analistas que esperam queda também no segundo trimestre vem crescendo

Informação para o trader investidor

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Em meio ao recrudescimento da pandemia, a economia brasileira entrou em 2021 dando sinais de perda de fôlego. Sem o auxílio emergencial para trabalhadores informais, extinto a partir de janeiro, uma retração do Produto Interno Bruto (PIB) neste primeiro trimestre já estava no radar. Agora, vem crescendo o número de analistas que esperam queda também no segundo trimestre, configurando o que o mercado chama de “recessão técnica”, quando a economia se contrai por dois trimestres seguidos.

Com um Natal fraco para o comércio e com o setor de serviços terminando o ano ainda longe do normal, o sinal de dezembro foi de arrefecimento na retomada da economia. Para piorar, os primeiros dados de janeiro, como os índices de confiança do consumidor e dos empresários, o fluxo nas estradas e a venda de veículos, não foram bons.

Um movimento de revisão para baixo nas projeções de crescimento para o primeiro trimestre e para 2021 como um todo já estava em curso desde o ano passado. Agora, os dois trimestres seguidos de retração já estão no cenário das equipes de análise do banco BNP Paribas, da consultoria MB Associados e do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

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A MB Associados passou a projetar duas retrações seguidas no PIB, tanto no primeiro (-0,8%) quanto no segundo (-0,3%) trimestres. Para o economista-chefe da consultoria, Sérgio Vale, um dos problemas é que a vacinação contra a covid-19 vai demorar a deslanchar.

“Estou otimista com as vacinas, e vejo chance de o programa de imunização acelerar ao longo do caminho, podendo ter impacto potencialmente explosivo lá na frente, já que mais vacinas estão surgindo. No começo, no entanto, a produção, aquisição de insumo, negociação política, é tudo mais lento e podemos entrar numa recessão leve”, diz Vale.

Outras equipes – como as dos bancos Citi, Goldman Sachs, Fibra e Santander e a da consultoria Tendências – veem a economia estagnada no primeiro semestre, combinando queda no PIB do primeiro trimestre com baixo crescimento no segundo.

Pessimismo

Dados econômicos da última semana corroboraram o cenário mais pessimista. Na quarta-feira, o IBGE informou que as vendas do varejo caíram 6,1% em dezembro ante novembro, bem abaixo das mais pessimistas projeções. Na quinta-feira, o desempenho negativo do setor de serviços – queda de 0,2% ante novembro, que não surpreendeu – confirmou o clima de desaceleração. Na sexta-feira, o IBC-Br, indicador de atividade do Banco Central (BC), veio com alta de 0,64% em dezembro, mas não foi suficiente para mudar o humor.

Segundo Bráulio Borges, economista sênior da LCA Consultores, se mantido o ritmo de crescimento de 3,14% do IBC-Br no quarto trimestre de 2020 sobre o terceiro, seria o suficiente para o PIB como um todo crescer 3,5% em 2021. Ou seja, se o crescimento for zero ao longo do ano, sempre na comparação de um trimestre com o imediatamente anterior, a economia já fecharia com ganho. É o que economistas chamam de “carregamento estatístico”.

“Qualquer crescimento na faixa de 3,0% ou 3,5% (em 2021 como um todo) significará que a economia estará andando de lado. Seria o crescimento mais elevado desde 2013, mas seria ilusório”, afirma Borges.

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A LCA Consultores ainda não projeta dois trimestres seguidos de queda, mas, segundo Borges, pode haver retração no primeiro trimestre. Para o economista, mais preocupantes do que os dados do fim de 2020 que mostraram arrefecimento são os indicadores que já saíram sobre janeiro.

Fluxo nas estradas

Evidências não faltam para demonstrar a falta de vitalidade da economia neste início de ano. O Índice ABCR de Atividade, calculado pela consultoria Tendências com dados da associação das concessionárias de rodovias, mostrou queda de 2,5% no fluxo de veículos nas estradas em janeiro, na comparação com dezembro de 2020. Na comparação com janeiro de 2020, houve um tombo de 8,8%. Já as vendas de veículos novos caíram 11,5% ante janeiro de 2020, conforme a Fenabrave, a associação das concessionárias de automóveis.

Uma visão preliminar do ICVA, indicador de vendas do varejo criado pela empresa de meios de pagamento Cielo, mostra que janeiro “virá no mesmo patamar de dezembro, o que não é bom”, diz o superintendente executivo de Inteligência da companhia, Gabriel Mariotto. Os dados completos serão divulgados na semana que vem, mas o executivo adianta que os piores resultados virão de bares e restaurantes e das livrarias e papelarias. Além disso, a região Norte “despencou” no ICVA de janeiro.

Para Mariotto, tanto a ótica setorial quanto a ótica regional sugerem os efeitos do recrudescimento da pandemia. Com o avanço da covid-19, em várias cidades do País, bares e restaurantes sofreram restrições no funcionamento no fim do ano. Já o desempenho da região Norte foi marcado pela crise sanitária e o caos causado pela falta de oxigênio em Manaus, capital do Amazonas.

Incertezas

A combinação da pandemia com a retirada do apoio do governo via auxílio emergencial pode levar a economia a se retrair, mas Bráulio Borges, economista sênior da LCA Consultores diz que há incertezas sobre o segundo trimestre. Para o economista, a reedição do auxílio, em debate entre o governo e o Congresso Nacional, dará o tom – ao lado da repetição de medidas como antecipações do 13º de aposentadorias ou liberações de saques do FGTS.

“No curto prazo, essas muletas são importantes. Agora, lá na frente, sem elas, a economia vai depender do mercado de trabalho”, afirma Borges, lembrando que o desemprego segue elevado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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