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Petrobras (PETR3;PETR4): os primeiros sinais dos pré-candidatos à presidência quanto a seus planos para a estatal

Analistas de mercado têm se mostrado mais otimistas com as ações da estatal, mas também estão atentos a aumento de volatilidade com eleições

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Edição invistaja.info e MarketMsg

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As ações da Petrobras (PETR3;PETR4) registram um forte desempenho neste início de 2022, com ganhos superiores a 20%, também em meio à disparada dos preços do petróleo.

Analistas de mercado têm se mostrado mais otimistas com as ações da companhia, principalmente em meio ao cenário de alta da commodity, boa perspectiva de dividendos e valuation considerado atrativo. Bank of America, Bradesco BBI e XP, por exemplo, são casas que possuem recomendação de compra para as ações da estatal.

Contudo, todas elas destacam o período de volatilidade que os papéis da petroleira pode enfrentar mais à frente neste ano, à medida que se aproximam as eleições presidenciais.

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Neste cenário, a casa de research Levante de Ideias de Investimentos destacou algumas falas de pré-candidatos à Presidência da República, que começam a dar indícios de importantes posicionamentos para os mercados sobre temas importantes. No caso da Petrobras, as declarações envolvem questões como uma possível desestatização da gigante petroleira e o futuro de sua política de preços.

A Levante ressalta que o tema deve ser recorrente na corrida eleitoral, até pelo aumento substancial do preço dos combustíveis nas bombas – fruto de uma série de variáveis que os presidenciáveis têm levado em consideração, na visão da casa.

Os analistas ainda apontam que, com previsões para a média de preços do barril do petróleo brent (referência para a Petrobras) consideravelmente acima da média de 2021 (US$ 71) e os preços chegando, neste início de ano, já por volta dos US$ 90, o governo inclusive tem estudado pautar uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para reduzir temporariamente o preço da gasolina e do diesel. Isso de forma a apaziguar a corrosão de renda decorrente dos efeitos inflacionários sobre a população brasileira.

Como já esperado, dentro do espectro dos pré-candidatos, há notáveis divergências sobre as políticas para a estatal.

Eles apontam que, historicamente alinhados à esquerda, Ciro Gomes (PDT) e Lula (PT) são abertamente contrários à atual política de preços praticada pela estatal (preço de paridade de importação, ou PPI) e enxergam a petroleira como indutora do desenvolvimento econômico.

Mas há especificidades. No caso de Lula, que vem liderando as pesquisas eleitorais, cogita-se revisar as vendas de ativos efetuadas nestes últimos cinco anos. Já Ciro defende principalmente a redução da dependência de importações via incentivo à indústria de refino.

As propostas na outra ponta, entre os mais liberais, giram em torno de uma eventual desestatização da Petrobras. Contudo, a Levante destaca que o debate tem sido feito de forma bastante gradual e com cautela – até pelas dificuldades políticas que permeiam o tema.

O ex-juiz Sérgio Moro (PODE) diz não ver nenhum problema na desestatização da estatal, mas que o assunto precisa ser analisado com base em estudos sobre a eficiência econômica de uma eventual venda.

“Se do ponto de vista econômico fizer sentido a privatização da Petrobras, se isso gerar eficiência para a economia, a decisão tem que ser tomada”, disse o ex-magistrado no final do ano passado.

No caso de João Doria (PSDB), a alternativa é dividir a companhia em fatias, a fim de facilitar posteriores privatizações feitas em blocos. No desenho do que chama de “um amplo programa de desestatização”, o comitê econômico de Doria deve incluir propostas de  “fatiamento” e “leilão” da Petrobras, além de propostas de privatização do Banco do Brasil (BBAS3).

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Ele ainda sugere a criação de um fundo regulador que balize o preço do combustível. “Haverá uma modelagem bem feita e profunda para garantir que a Petrobras possa cumprir um novo papel em sua história nas mãos da economia privada. Ela não terá o mesmo tamanho que tem hoje. Será fatiada. As empresas que vencerem o leilão terão que mensalmente aportar recursos a um fundo de compensação que será um colchão a cada vez que tivermos aumentos mais expressivos no barril de petróleo no plano internacional”, afirmou em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, em dezembro.

Já o atual governo, de Jair Bolsonaro (PL), se mostra favorável à desestatização, mas ainda não apresentou um formato para viabilizar a medida. Ele vem afirmando que não tem controle sobre a política de preços da estatal, chegando a destacar em uma ocasião que, “se pudesse, ficaria livre da Petrobras”.

No início do ano, Bolsonaro disse ainda que o alto preço dos combustíveis no Brasil atualmente é resultado da cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) nos Estados e da “roubalheira” dos governos do PT.

“Quando se fala em preço de combustível, eu posso falar com mais profundidade, mas superficialmente a Petrobras pagou R$ 100 bilhões em dívidas contraídas com obras que não foram realizadas, com roubalheira dentro da Petrobras. Só um delator da Petrobras devolveu R$ 100 milhões […] quem paga a dívida é você, que está nos ouvindo e bota combustível no seu carro, e falta pagar mais”, acrescentou. Declarações como esta podem dar a tônica de como será a disputa eleitoral ao longo do ano.

“Moro, Doria e Bolsonaro entendem que a pauta precisa de algum encaminhamento. No caso do atual governo, a PEC dos Combustíveis deve tratar da zeragem de impostos como forma de apaziguar a alta; para Moro, a solução passa pela simplificação da cadeia de impostos do setor; já Doria defende [como citado acima] a criação de um fundo, financiado pela iniciativa privada, para amortecer as variações nos preços”, sintetiza a Levante.

Os analistas ressaltam que, seja qual for o próximo presidente do Brasil, essas questões devem ser endereçadas, assim como as limitações no escopo de atuação da estatal, como o seu papel social e econômico.

A Levante reforça que há, neste tema, uma clara divisão nos possíveis efeitos para as ações da Petrobras.

Como uma estatal que sofreu muito com ingerência política durante toda sua história, ela é vista com cautela por parte dos investidores e poderia sofrer no caso de vitória de candidatos ligados a uma visão mais desenvolvimentista, e vice-versa, apontam os analistas.

“Os mercados devem acompanhar com bastante atenção os planos e declarações dos presidenciáveis para a companhia e a tendência é de aumento de volatilidade nos papéis nestes próximos meses”, concluem os analistas.

Por enquanto, o otimismo ainda perdura para os ativos entre as casas de análise. Segundo compilação da Refinitiv, de 12 casas que cobrem o papel PETR4, 11 recomendam compra e só 1 tem recomendação neutra. O preço-alvo médio, contudo, é de R$ 35,44, um potencial de alta relativamente modesto, de 3,5%, frente o fechamento da última quarta-feira.

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REFLEXÃO: Michael Batnick, gestor de patrimônios da Ritholtz: Evitar erros catastróficos é mais importante do que construir o portfólio perfeito.

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