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Cogna (COGN3): saída de Galindo da presidência, recompra e dados da Vasta; o que esperar para a ação após os anúncios?

Analistas destacam que saída do CEO, que estava no cargo desde 2011, era já esperada, mas ainda é um anúncio relevante; cautela ainda predomina para ação

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Edição MarketMsg e invistaja.info

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A Cogna (COGN3) empresa de educação que controla diversas operações como a Kroton, de ensino superior, e a Vasta, de ensino digital, fez alguns anúncios relevantes na noite da última quinta-feira (10), em meio à reestruturação que a companhia enfrenta nos últimos anos.

Em destaque, está a mudança do CEO, mas também um programa de recompra de compra de ações e ainda a informação de que a Vasta Educação concluiu o ciclo comercial de 2022 com Valor Anual de Contrato (ACV) de R$ 1 bilhão.

Como reação aos anúncios, as ações COGN3 chegaram a subir 5,79% na máxima do dia, a R$ 2,56, nesta sexta-feira (11), mas depois amenizaram para registrarem ganhos de 1,24%, a R$ 2,45, uma vez que os investidores seguem cautelosos com o papel.

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Confira abaixo os anúncios realizados e a visão dos analistas para os papéis.

Troca de CEO: mudança esperada, mas ainda relevante

A companhia anunciou que Rodrigo Galindo deixará a presidência executiva da companhia e vai assumir o cargo de presidente do Conselho de Administração, sendo que Roberto Valério será o novo CEO.

Essas mudanças entrarão em vigor em 28 de março e incluem a promoção de outros três executivos a cargos estatutários. Em 2018, Galindo comunicou a intenção de se concentrar em assuntos estratégicos e digitalização. Em meados de 2019 foi definido o potencial sucessor e iniciado o processo de transição.

Após a pandemia, uma profunda reestruturação foi executada no final de 2020, com resultados positivos se materializando em 2021. Assim, a administração decidiu finalizar o processo sucessório.

Para o Bradesco BBI, essa mudança é neutra, com uma transição muito tranquila, dada a longa experiência de Valério na empresa, as fortes credenciais e o fato de já comandar a Kroton, principal unidade de negócios da Cogna.

O Itaú BBA ressalta que, embora a mudança de Galindo para o conselho de administração possa não surpreender os investidores, o momento da mudança não ficou claro para o mercado. Independentemente disso, aponta, Valério lidera a unidade de negócios responsável por 70% do faturamento da Cogna, participou do processo de turnaround e também atuou na comunicação com a comunidade de investidores. Os analistas da casa esperam ainda que Galindo continue desempenhando um papel importante nas decisões estratégicas da empresa.

Já o Morgan Stanley aponta que, ainda que a mudança com a saída de Galindo esteja no radar do mercado desde 2018, ela ainda é bastante relevante: “vamos sentir falta de seu carisma e energia”, apontaram os analistas. “Galindo tem desempenhado um papel transformador na empresa desde que a Kroton adquiriu sua empresa familiar, a Iuini, em 2010, tornando-se o líder indiscutível do projeto”.

Os analistas destacam que Galindo liderou uma série de iniciativas que se provaram ser muito bem sucedidas durante meia década, liderando a consolidação do setor, criando a maior plataforma de EAD (ensino à distância) quando ninguém estava olhando nessa direção e capturando as oportunidades do Fies durante 2011-2014. Mas a empresa também teve que navegar pela crise que começou com o fim do Fies em 2015, apontam, além de enfrentar últimas anos desafiadores.

O Credit Suisse reitera a visão de que o novo CEO já é o responsável pelo negócio principal da empresa e que esta é uma solução de continuidade. Os analistas apontam que os desafios principais da empresa são operacionais de voltar com crescimento e entregar rentabilidade consistente para resolver a questão da alta alavancagem.

Plano de investimento por pessoas-chave da empresa e recompra de ações: entre cautela e visão positiva

Rodrigo Galindo, Roberto Valério e Frederico Villa (CFO) entraram com pedido de compra de ações da COGN nos próximos 90 dias. O valor não foi divulgado, mas está relacionado a investimentos pessoais, segundo informações da imprensa.

A empresa anunciou ainda um programa de recompra de até 103 milhões de ações (R$ 250 milhões na cotação de fechamento da véspera), o que representa 5,5% do total de ações em circulação. Será realizado em um prazo de até 12 meses, a partir de 16 de fevereiro.

O BBI destaca ver o anúncio como positivo, pois implica que o preço das ações está sendo visto como subvalorizado pela administração e está alinhado com os investimentos em pessoal mencionados.

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Já a XP aponta que a Cogna tem uma alavancagem muito alta, com resultados financeiros eliminando totalmente os lucros nos primeiros nove meses de 2021. “Portanto, nossa visão é que o melhor uso para qualquer excesso de caixa seria pagar dívidas. Apesar de sinalizar que a ação está desvalorizada, vemos o anúncio com cautela”, avaliam os analistas da casa.

Crescimento do ACV da Vasta para 2022

A empresa anunciou que a Vasta concluiu o ciclo comercial para 2022 com um crescimento do volume anual de contratos (ACV) de R$ 1 bilhão, representando um crescimento de 35% (22% orgânico e 13% da Eleva), acima da perspectivade 32% anunciada em novembro.

Para o BBI, apesar de positivo, a notícia já era de alguma forma esperada por ser preliminar e a estimativa está estritamente em linha com o número final.

Já o Itaú BBA diz que os números são uma indicação positiva das recentes iniciativas comerciais da empresa, particularmente a conversão de antigos clientes do sistema de aprendizagem PAR para o segmento do Sistema de Aprendizagem Tradicional.

Além disso, o aumento convincente em Soluções Complementares demonstra o forte potencial de vendas cruzadas do portfólio da empresa. Assim, o Itaú BBA mantém avaliação outperform (desempenho acima da média do mercado) para a ação da Vasta negociada na Nasdaq, com preço-alvo de US$ 16,00, ou um expressivo potencial de alta de 195% em relação ao fechamento da véspera.

O que esperar para as ações? Cautela ainda predomina

Para o Bradesco BBI, os anúncios são positivos no geral, especialmente aqueles relacionados aos investimentos na empresa (pessoal e recompras), que reforçam a forte confiança da administração na execução/entrega de ambiciosas diretrizes para 2024.

Dentre as projeções ambiciosas, estão o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 2,4 bilhões e R$ 1 bilhão de geração operacional de caixa após capex (investimentos), ou 38% e 28% acima do esperado pelo BBI, respectivamente. Isso levaria o banco a elevar o preço-alvo para o papel COGN3 de R$ 2,10 (o que representa uma queda de 13% frente o fechamento da véspera) para R$ 3,40 (ou uma alta de 40,5% em relação ao último fechamento).

Contudo, os analistas mantêm por enquanto recomendação underperform (desempenho abaixo da média do mercado) para a ação até verem mais visibilidade sobre a recuperação e os negócios da plataforma.

O Morgan Stanley também recomendação equivalente à venda para os ativos (underweight, exposição abaixo da média do mercado), com preço-alvo de R$ 2,30 para os ativos, ou um valor 5% menor em comparação ao fechamento da véspera.

Os analistas reforçam que a Cogna parece estar confiante de que o pior já passou; o turnaround que se iniciou em 2020 (com foco no ensino híbrido e cursos premium) adequou a capacidade instalada da Kroton à nova realidade, limpando os recebíveis do Parcelamento Estudantil Privado (PEP), com queda de 8 pontos percentuais da inadimplência; 16 campi foram reunificados, 29 transferidos para parceiros, reduzindo o custo de aluguel em 21% (queda de 17% se incluir salários, aluguéis e utilidades).

Após uma queda sequencial da base de alunos de 5 anos, 2021 foi o primeiro ano de expansão, que deve acelerar em 2022 (Fies e PEP fora da base). O Ebitda atingiu o fundo do poço em 2020, mas já com expansão de 80% em 2021, e o faturamento deve começar a crescer a partir de 2023. Além de destacar as projeções para o Ebitda, os analistas apontam a projeção da empresa de que, até 2025, 70% da receita (ante 44% esperados para 2021) devem vir de negócios híbridos-digitais, médicos e de plataforma.

Contudo, os analistas do Morgan apontam que, após muitos anos complexos, preferem empresas alavancadas pelo potencial de recuperação presencial e balanços sólidos, mas com exposição ao ensino a distância. A Cogna se encaixa parcialmente nesse perfil, mas a alavancagem ainda é alta e pode sofrer com o lucro por ação por um tempo. A preços atuais, os analistas destacam gostarem de Arco Educação e Laureate, ambas negociadas na Nasdaq, com preço-alvo respectivo de US$ 26 e US$ 15,10 para os ativos. Já na Bolsa brasileira, destacam recomendação overweight (exposição acima da média do mercado) para Yduqs (YDUQ3), com preço-alvo de R$ 28.

O Credit também tem recomendação underperform para os papéis COGN3 e, assim como o Morgan, com preço-alvo de R$ 2,30. Já a XP tem recomendação neutra para o ativo, ainda que com um preço-alvo de R$ 5,10 representando um potencial expressivo de valorização de 110% frente o fechamento da véspera, enquanto o BBA tem recomendação market perform (desempenho em linha com a média do mercado), ou equivalente à neutra, com preço-alvo de R$ 6, ou potencial de alta de 148%.

Assim, mesmo com os anúncios recentes e os sinais de virada da companhia, os analistas de mercado seguem em sua maioria reticentes com relação aos ativos. Segundo compilação Refinitiv, de 13 casas que cobrem a ação, 9 possuem recomendação neutra e 4 de venda, ainda que o preço-alvo médio seja de R$ 3,22, um potencial de alta de 33% frente o fechamento de quinta.

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REFLEXÃO: Michael Batnick, gestor de patrimônios da Ritholtz: Evitar erros catastróficos é mais importante do que construir o portfólio perfeito.

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