Publicidade

Bitcoin ficaria mais caro no Brasil com regra desejada por exchanges nacionais, alerta CEO da Transfero

Parceiro da FTX critica ponto polêmico do PL das criptos, alfineta rival 2TM e diz acreditar que empresas de cripto serão os JP Morgans do futuro

Investindo como profissionais

Edição MarketMsg e invistaja.info

palavras-chave: Bitcoin ficaria mais caro no Brasil com regra desejada por exchanges nacionais, alerta CEO da Transfero; invistaja.info;


WIZS3 | PSR: 1.538 | Mrg.Ebit: 0.4021 | ROE: 0.3289 | P/Cap.Giro: -9.13 | P/EBIT: 3.82 | Liq.2meses: 7148240.0

ListenToMarket: Bitcoin ficaria mais caro no Brasil com regra desejada por exchanges nacionais, alerta CEO da Transfero – Áudio gerado às: 11:11:53

VELOCIDADE: 1.0x | 1.95x | 2.3x

Não há como negar que exchanges nacionais e internacionais estejam travando um embate aberto no Brasil. A disputa, que começou quando a Binance dominou o mercado no ano passado, migrou para Brasília em 2022, no contexto das discussões sobre a regulação das criptos. A partir daí, virou guerra: de um lado, quem já estava no país há anos; de outro, quem chegou depois – em geral, com mais capital.

As empresas discordam principalmente de dois pontos da matéria apreciada na Câmara dos Deputados. Um deles é sobre a obrigatoriedade de haver segregação entre o patrimônio de exchanges e dos clientes, algo que players nacionais defendem ser essencial para proteger consumidores de eventual falência de plataformas de cripto.

Por outro lado, quem ataca o ponto diz que ele pode ter sérias consequências práticas para o usuário – como ágio no preço do Bitcoin (BTC). “Se os brasileiros querem continuar comprando Bitcoin ou outra criptomoeda a preços competitivos, isso só se dará com a integração do mercado brasileiro com o global”, comenta Thiago Cesar, CEO da Transfero, em entrevista ao (invistaja.info).

+Produção industrial cresce 0,6% em julho, abaixo da expectativa

O atrito entre exchanges pode ser novo, mas o cofundador da Transfero previu que isso aconteceria ainda em 2017. Fundada por brasileiros na Suíça, a empresa surgiu com a premissa de que esse conflito aconteceria, e que a melhor saída seria se aliar às gigantes cripto estrangeiras. Hoje, ela movimenta de R$ 7 a R$ 10 milhões por dia no agregado das operações de corretoras internacionais no Brasil, como Crypto.com, Bybit e a FTX, pertencente ao bilionário americano Sam Bankman-Fried.

A companhia também é a criadora da Brazilian Digital Token (BRZ), cripto de real que é a maior stablecoin do mundo sem paridade com o dólar. Entre fundos no exterior e até um site de notícias, o portfólio da Transfero parece mesmo só sentir falta de uma coisa: uma parceria também com a Binance, com a qual chegou a ter contrato assinado há cerca de dois anos, mas o negócio não foi para frente.

Crítico das exchanges nacionais por estarem “atacando o ponto errado”, a posição do CEO sobre a contenda ficou clara quando ele publicou nas redes sociais um posicionamento público sobre o assunto. Na postagem, ele chamou de “patético e anticompetitivo o lobby promovido por exchanges locais”.

Na conversa com o (invistaja.info), Thiago Cesar conta por que, na sua opinião, a disputa entre empresas de cripto se acirrou no Brasil, alfineta a 2TM, dona do Mercado Bitcoin e explica como o Bitcoin poderia ficar mais caro se legisladores insistirem na regra de segregação. Além disso, explica os motivos que o fazem acreditar que as grandes exchanges serão as próximas JP Morgan e Goldman Sachs.

Confira os principais trechos da entrevista.

(invistaja.info): Um tempo atrás você chegou a fazer uma publicação nas redes sociais em que criticava o posicionamento das exchanges nacionais perante os concorrentes estrangeiros. Você acha que tem alguém certo nessa história?

Thiago Cesar: Eu costumo não ter uma visão muito de certo e errado quando a gente está falando de negócios. Cada um está tentando defender o seu próprio quadrado. Nesse caso, é inevitável que as exchanges locais fossem de alguma maneira muito afetadas por uma entrada de um player como a Binance no Brasil, principalmente da maneira que ela entrou, bastante agressiva, colocando bastante recurso nessa expansão. Ela tomou o mercado, em termos de market share eles são gigantescos, muito maiores do que qualquer exchange local.

O meu ponto está mais relacionado a (exchanges nacionais) estarem atacando o ponto errado. Por exemplo, se você tem a concorrência de uma exchange internacional entrando e você quer promover algo que reduz a qualidade da oferta do seu concorrente, isso não é benéfico para o consumidor.

Eu não posso concordar com uma postura em que a solução para o meu negócio continuar sobrevivendo é diminuir a qualidade da oferta do meu concorrente, porque isso não é bom. E muitas exchanges nacionais estão usando esse discurso, como se fosse benéfico para o consumidor.

Eles estão tentando limitar a oferta de produtos de um player internacional que claramente é preferido pelo consumidor. Quando foi perguntado, o consumidor se cadastrou na exchange global e está usando a exchange global.

IM: Um dos pontos de crítica das nacionais é que a concorrência é injusta, falam em arbitragem regulatória.

TC: Muitos deles acabam dizendo que é injusto porque “eles têm estruturas lá fora e vem aqui competir com a gente no Brasil”. Mas o mundo hoje é global. Monta uma estrutura lá fora também, cria um produto em pé de igualdade, tanto regulatória quanto de serviço com essas exchanges. Nada impede que um brasileiro vá para fora e monte seu negócio também, se adeque à regulação global nos lugares onde ela é mais favorável.

Outro ponto importante é: algumas dessas exchanges brasileiras receberam investimento substancial, e o case deles era: “eu vou ser o maior do Brasil”. Mas aí chegou a Binance, tomou essa posição, chegaram as outras exchanges internacionais que começaram a tomar. E esse player não consegue mais justificar para seus investidores porque ele não é o maior em volume depois de ter recebido um investimento multimilionário.

IM: No caso, o Softbank, que investiu na 2TM.

TC: Isso. Então imagina a pressão dos investidos no Brasil. Eu entendo também o lado do Softbank, mas eu acho o caminho errado.

IM: Quando você faz essa provocação, parece estar descrevendo a própria Transfero, que acabou indo para a Suíça mesmo tendo a maioria dos clientes brasileiros. Como funciona essa dinâmica?

TC: Essa foi uma leitura que fizemos lá trás, quando fomos para a Suíça em 2017. Nós já antecipamos um movimento que para nós era muito provável, de que em algum momento as exchanges internacionais iriam entrar na América Latina, e se os players locais brasileiros não estivessem preparados para se juntar a eles ou auxiliá-los, eles seriam empurrados para fora do mercado, sofreriam muito com essa competição.

A Transfero já nasceu com uma visão global, somos regulados na Suíça (junto à VQF, órgão que supervisiona o mercado financeiro e o setor cripto). Temos uma licença de Virtual Assets Service Provider (provedora de serviços de ativos digitais, em português), então podemos trocar dinheiro por cripto, e cripto por dinheiro.

Como a empresa-mãe está na Suíça, temos todas as outras subsidiárias, seja a empresa brasileira ou a argentina, ou em outros lugares do mundo, seguindo as diretrizes da regulação suíça. No Brasil, nos enquadramos nas normas que existem nessa parte de processamento de pagamentos, de receber ou enviar Pix. Apesar de não haver uma norma específica de cripto, nós seguimos tudo o que é necessário, via CNPJ da Transfero. Todas as entradas de Pix são compras de BRZ (stablecoin da Transfero que tem paridade com o real), e as saídas são vendas de BRZ.

Também estamos preparados para nos tornarmos uma Instituição de Pagamento (IP). Já foi dada a entrada no nosso processo, mas o Banco Central está muito assoberbado e não está liberando a autorização de IPs tão rápido. Mas a Transfero já está preparada para esse cenário. A gente tem também pareceres de escritórios de advocacia, como o Pinheiro Neto, CMT (Carvalho, Machado e Timm Advogados), mostrando que atuamos de maneira regular. É o caminho que nós escolhemos.

hotWords: nacionais, ficaria bitcoin desejada mais regra

Entre em contato para anunciar no invistaja.info

IM: O Pinheiro Neto está muito próximo do Banco Central nas contribuições para o texto da lei das criptos, que acabou sofrendo mudanças na Câmara. Uma delas foi sobre a segregação patrimonial. Qual é o posicionamento da Transfero?

TC: Nós somos bastante pragmáticos. Não somos contra exchanges nacionais e muito menos aliados cegos de exchanges internacionais. A Transfero só não apoia posicionamentos que visam diminuir a qualidade da oferta de produtos e serviços em cripto para os usuários brasileiros. Sempre que houver um posicionamento de uma exchange global ou brasileira que vá contra os princípios de cripto, que são liberdade, globalização, autonomia e controle sobre suas finanças, a Transfero vai ser contra [o posicionamento].

Não se trata de uma briga entre nacionais e internacionais. Mas como boa parte das exchanges nacionais têm tomado uma postura que eu chamo de anticoncorrencial, e às vezes um pouco injusta do ponto de vista de como eles estão atacando, a gente acaba tendo muitas brigas, digamos, com essas exchanges. A Transfero é a favor de uma indústria brasileira que seja de livre concorrência e boa qualidade de serviço para o consumidor final.

Com relação à lei em si, ao que está sendo votado, a gente tem que lembrar que o processo começou lá atrás de maneira errada, tentando ser um tampão contra pirâmide. Mas as coisas evoluíram e o debate ficou mais qualificado. O texto não é ruim. Todo texto que parte de uma base de princípios e menos de detalhes tende a ser bom, porque não limita a atuação das empresas no âmbito da lei, e sim delega ao regulador.

Existem alguns pontos que podem ser utilizados para o malefício do mercado, que é o caso, por exemplo, da segregação patrimonial de cripto. A gente entende que as exchanges não devem fazer o que bem entendem com o dinheiro dos seus clientes. Mas quando você tenta passar uma segregação patrimonial de cripto, para que se isole a liquidez dos usuários em um ambiente controlado no Brasil, você mata o aspecto global da cripto.

Imagine, por exemplo, uma “Binance Brasil” cuja liquidez é exclusiva de book (livro de ordens) do Brasil, que não conversa com o book internacional. Isso seria absurdo. Nenhuma pessoa que usa cripto concorda com isso, a não ser que você tenha algo a perder com a oferta de serviço de um concorrente. Esse aspecto global é muito importante para a Transfero. Acho que muita gente entrou em cripto por causa disso, não pode ser cerceado de maneira alguma.

Vamos torcer para que [a lei de criptos] não sofra nenhuma grande interferência dos players que são muito pesados no Brasil. Mas tenho bons presságios, acho que o debate está bom na Câmara, não está caindo no discurso raso de alguns players, como “estou aqui para proteger o consumidor brasileiro”, “player internacional é ruim, eu sou bonzinho” ou “se deixar fulano entrar no Brasil, todos vão perder seu dinheiro”.

IM: Você pode detalhar melhor a questão da segregação? Por que não segregar seria um benefício para o usuário final?

TC: Quando a gente fala de liquidez, infere-se que quanto mais liquidez melhor para o consumidor, porque existe mais oferta de compra e de venda. Antes das criptos, liquidez era uma coisa extremamente complicada em mercados, porque havia barreiras geográficas. Por exemplo: se você vai no supermercado comprar bananas, a liquidez de bananas depende da produção do país e do quanto ele importa.

Quando a gente fala de cripto, é um mercado que já nasceu, como tecnologia e princípio, sem limite geográfico, sem barreira ou abstrações que, na prática, não têm nenhum tipo de influência em um ativo digital que pode ser transacionado ponto-a-ponto, de uma carteira para outra. Essa é a grande sacada das criptomoedas. Tentar regionalizar ou restringir de maneira geográfica um book ou um pool de liquidez de determinado ativo digital é quase um paradoxo.

Eu também acredito que se os brasileiros querem continuar comprando Bitcoin ou outra criptomoeda a preços competitivos, isso só se dará com a integração do mercado brasileiro com o mercado global. Em 2017 ou 2016, o preço do Bitcoin no Brasil comparado ao preço em dólar era 20% ou 25% a mais. Tinha um ágio gigantesco, porque a liquidez era segregada.

A única liquidez disponível para o mercado naquela época era quem vendia e comprava Bitcoin por reais no Brasil. Foi só depois que os bancos começaram a entender um pouco melhor, as empresas nacionais conseguiram se adequar ao modelo cambial, entraram os players internacionais, que hoje um brasileiro paga um Bitcoin em reais um preço muito próximo ao do Bitcoin em dólar, boa parte do tempo. É muito punitivo para o usuário brasileiro segregar a liquidez de cripto, porque, naturalmente, cripto não se deve segregar geograficamente.

IM: Você falou dos bancos, que começaram neste ano a oferecer certos serviços de criptoativos. A entrada desses novos players ameaça as exchanges?

TC: A entrada dos bancos nesse mercado é positiva, quanto maior é a concorrência e a oferta de produtos e serviços de qualidade na indústria, excelente. Mas a entrada dos bancos ainda é tímida, no sentido de que não é possível movimentar suas criptos, você simplesmente troca o saldo no banco por cripto e vice-versa. Não é possível depositar ou sacar cripto dessas plataformas. Eu entendo, eles têm preocupações regulatórias, mas acho que [por isso, a entrada dos bancos] ainda não é uma ameaça, principalmente para os grandes players.

Eu não acho que uma pessoa que já está acostumada a negociar na FTX, Binance, Bybit ou Crypto.com vai deixar de negociar nesses locais para comprar no Nubank ou Mercado Livre, por exemplo. São públicos diferentes e experiências diferentes. Esses bancos digitais que agora entraram no mundo cripto estão usando isso como uma novidade para mostrar que estão em linha com a evolução do mercado. Mas, na prática, acredito que eles vão pegar uma base existente de clientes, que vai fazer alocações pontuais num ativo.

Por enquanto, [o que os bancos oferecem] não se compara com a suíte de produtos e serviços encontrados em uma FTX ou Binance, em termos de operar com margem, lending, staking, a possibilidade de depositar e sacar cripto em diferentes chains (redes). A proposta dos bancos ainda está distante, mas eu entendo que, um dia, as coisas vão convergir. Eu acho que a indústria financeira tradicional e a indústria cripto vão ser a mesma coisa no futuro. Mas eu não acho que os bancos ganharão das grandes exchanges e se tornarão os players dominantes.

É brutal a diferença de mentalidade. É um mundo completamente à parte, por exemplo, o que o Bradesco faz e o que a FTX faz. Cada um tem seu lugar, não é que um é melhor que o outro, mas, em termos de inovação, tecnologia, velocidade e disrupção, são dois animais diferentes.

Os bancos, principalmente os brasileiros, têm um modelo de negócio baseado no juro, deixar cliente estourar cheque especial, cartão de crédito, e são os bancos mais rentáveis do mundo. É o modelo de negócio deles, e eu não acho que eles vão abandonar isso como core business para focar em entregar a melhor experiência cripto possível. Não vejo eles tomando a liderança desse processo, vejo muito mais o contrário: os grandes players internacionais de cripto virando os próximos JP Morgan e Goldman Sachs.

IM: Os bancos não estão comprando exchanges para entrar nesse mercado. Seguindo essa visão de que instituições tradicionais perderão para exchanges, você acredita que as exchanges é que comprarão os bancos?

TC: Acredito que não, porque hoje é muito mais difícil fazer o que uma Binance ou uma FTX fazem, do que fazer o que um banco faz. É mais fácil obter uma licença bancária sendo uma grande exchange. A FTX e a Coinbase, por exemplo, estão a um passo de uma licença bancária nos Estados Unidos, e depois em outros lugares. É muito mais tortuoso o caminho inverso, de um banco de varejo brasileiro se credenciar, se atualizar a ponto de fazer uma oferta de produtos e serviços em cripto do nível das exchanges internacionais.

Eu não acho que uma FTX compraria bancos ao redor do mundo, a não ser que seja um deal muito fácil, com bancos menores, só para ter a licença e operar produtos que eles talvez não pudessem operar sem ela. Mas não comprando um Itaú, Bradesco, são coisas muito diferentes. Exchanges internacionais vão buscar licenças bancárias ao redor do mundo.

Os bancos não estão comprando exchanges porque chegaram meio tarde para a festa. Que valor a compra de uma exchange que não seja uma “top exchange” traria para um banco? Um banco de peso compraria uma exchange de peso, só que as exchanges de peso estão muito valorizadas, o mercado andou, a indústria cresceu. Já não é mais um cheque tão simples de ser assinado. O trem andou mais rápido do que eles esperavam.

Até onde as criptomoedas vão chegar? Qual a melhor forma de comprá-las? Nós preparamos uma aula gratuita com o passo a passo. Clique aqui para assistir e receber a newsletter de criptoativos do (invistaja.info)

palavras-chave: Bitcoin ficaria mais caro no Brasil com regra desejada por exchanges nacionais, alerta CEO da Transfero; invistaja.info;

GLEBA PALHANO | mercados | invistaja.info – Bitcoin ficaria mais caro no Brasil com regra desejada por exchanges nacionais, alerta CEO da Transfero

REFLEXÃO: Harold Pollack, da Universidade de Chicago: Guarde entre 15 e 20% e invista em fundos de índices com taxa baixa.

Leia também:

Ibovespa Futuro vira para alta após dado de emprego nos EUA; dólar aprofunda queda e tem baixa de 1%

Jorge Paulo Lemann volta a ser brasileiro mais rico em lista que inclui seus sócios e Saverin

Payroll: EUA criam 315 mil empregos em agosto, mas desemprego sobe para 3,7%

Jorge Paulo Lemann volta a ser brasileiro mais rico em lista que incui seus sócios e Saverin

Seja anunciante no invistaja.info

Resumo do mercado

Assine grátis nossa newsletter semanal

Suas informações não serão compartilhadas com terceiros e também não enviaremos promoções ou ofertas.

Publicidade

Newsletter invistaja: receba um resumo semanal dos principais movimentos do mercado

Suas informações não serão compartilhadas com terceiros e também não enviaremos promoções ou ofertas.

Publicidade

plugins premium WordPress