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Braskem (BRKM5) salta 35% em dois pregões com novos rumores sobre venda da companhia: desta vez será diferente?

Não é a primeira vez que notícias de bastidores sobre o tema movimentam BRKM5; analistas destacam otimismo, mas apontam alguns obstáculos à operação

Informação para o trader investidor

Edição invistaja.info e MarketMsg

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TGMA3 | ROIC: 0.142 | EV/EBIT: 11.9 | Mrg.Liq.: 0.1043 | P/ACL: 8.21 | PSR: 1.288 | ROE: 0.1595

Uma nova sessão, uma nova disparada. Após um salto de 20,4% na terça, as ações da Braskem (BRKM5) dispararam mais de 10% nesta quinta-feira. Desde o fechamento de segunda-feira, antes dos rumores (a R$ 27,89), até as máximas desta quinta (a R$ 38,49), o salto dos ativos chegou a de 38% em apenas dois pregões. Os ativos BRKM5 fecharam em alta de 11,97%, a R$ 37,60, ou avanço de 34,82% em dois dias.

O movimento de alta foi impulsionado por informações dos jornais O Globo e do Valor de que a gestora americana Apollo teria melhorado sua oferta para aquisição da companhia. A informação do Valor era de que o preço por ação oferecido havia sido de R$ 47 por ação (cerca de R$ 37 bilhões na avaliação total), um montante 40% superior ao fechamento das ações da empresa na terça.

Uma fonte relatada pelo jornal disse que a oferta da Apollo provavelmente dependeria de uma due diligence  (processo de investigação e análise) relacionada à situação da Braskem em Alagoas, pois a Apollo ainda vê riscos relacionados aos processos judiciais, avanços recentes da Braskem em negociações com autoridades e acordos judiciais. A Braskem enfrentou polêmica envolvendo a operação de extração de sal-gema da companhia em Maceió, capital do estado, que resultou em severos danos a um dos bairros da capital alagoana. Além disso, a Apollo já mencionou a oferta de R$ 47 em conversas informais e deve agora fazer uma proposta formal.

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A coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo, havia informado anteriormente (na terça de manhã) que a gestora americana tinha feito uma oferta de R$ 50 por ação, uma proposta 25% acima da anterior. A oferta incluiria o fechamento de capital da empresa na B3 e a posterior reabertura na Bolsa de Nova York, afirmou o colunista.

Na própria terça-feira, a Braskem divulgou um comunicado com a resposta de seus dois grandes acionistas sobre a notícia, Nonovor (ex-Odebrecht) e Petrobras (PETR3;PETR4). Ambos declararam não terem informações adicionais ao que já foi divulgado e a Nonovor afirma não ter tido evoluções materiais no processo de alienação da sua posição na petroquímica.

A proposta não seria vinculante, e a aposta de alguns operadores de mercado é de que a Novonor vai pensar muito antes de aceitar a oferta.

De acordo com fontes de mercado ouvidas pelo Broadcast, a Braskem é o único “trunfo” que a companhia tem em mãos para sair de seus sérios problemas financeiros. Além disso, há o fator complicador de a Petrobras, uma empresa estatal, ser sócia no negócio.

“A Novonor deve vender a Braskem se tiver certeza de que conseguirá resolver seu problema de endividamento com o negócio”, disse uma fonte do setor de fusões e aquisições, que pediu anonimato. “Se vender e, mesmo assim, não conseguir pagar toda a dívida, talvez não valha a pena.”

O fundo Apollo é considerado bem posicionado no setor petroquímico, tendo condições de tocar a administração da companhia em caso de um fechamento de negócio.

No passado, a Braskem chegou a firmar conversas avançadas com uma outra gigante de seu setor, a holandesa LyondellBasell. As negociações começaram ainda em 2017 e se estenderam até 2019, ainda antes do início da pandemia.

Entre os motivos para a venda para a Lyondell não ter ido adiante, estavam questões regulatórias que a Braskem enfrentou nos EUA e também a polêmica sobre a operação de extração de sal-gema em Maceió. Na época, dificuldade de prever os custos com essa questão teriam contribuído para que a multinacional holandesa desistisse do negócio.

A Ativa Investimentos lembrou que, em abril, a gestora Apollo já havia oferecido R$ 44,57 por ação pela Braskem. “Agora, a [suposta] nova proposta de R$ 50 por ação favorece o negócio”, destaca.

O que muda desta vez?

A Levante Ideias de Investimentos ressalta que com diversos rumores e notícias não confirmadas, a venda da Braskem é um assunto que recorrentemente impacta as ações da companhia à medida que novas informações são divulgadas.

A empresa tem hoje como seus principais acionistas a Nonovor com 50,1% do capital votante e 38,3% do capital social, e a Petrobras, com 47,0% do capital votante e 36,1% do capital social.

“Vale lembrar que ambas as organizações já demonstraram interesse em desfazer sua participação na empresa, tendo a Nonovor necessidade de gerar recursos para liquidar dívidas e a Petrobras uma visão de falta de posicionamento da petroquímica na sua estratégia operacional”, ressaltam. No entanto, com a queda abrupta do valor de mercado da companhia, aproximadamente 40% no ano, as corporações não encontram um cenário positivo para a venda de suas participações.

A oferta de R$ 47 por ação seria de aproximadamente 22% inferior apenas ao seu máximo histórico atingido em setembro de 2021, em um cenário de spreads petroquímicos altamente favoráveis para a companhia.

Dessa forma, a equipe de análise avalia que a Nonovor poderá levar em consideração essa proposta de fato e, dada a proteção aos acionistas minoritários – tag along -, o preço seria replicado para todos os acionistas da empresa.

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“Ainda assim, apesar de positiva para suas ações, acreditamos que as negociações de uma transação dessa magnitude, e com diversos stakeholders, deve se estender por meses, e ainda depender de um parecer favorável realizado na due diligence”, avalia.

Como contraponto, a Levante levantou informações sobre a dívida da recuperação judicial da Nonovor, que coloca as suas ações em garantia para quitações da sua dívida com os grandes bancos.

Com a proposição de um preço de R$ 47 por ação, a avaliação da participação da controladora corresponderia a aproximadamente R$ 14,3 bilhões dos R$ 37,5 bilhões do valuation, valor praticamente igual ao que está estimada a dívida da Nonovor hoje com os bancos.

“Vale lembrar que, com a incidência de descontos tributários, este valor deverá ser abatido consideravelmente, o que pode fazer com que a proposta não seja o suficiente para a companhia”, aponta a casa de research.

Vicente Falanga e Gustavo Sadka, analistas do Bradesco BBI, apontam que, quando se trata de eventos de fusões e aquisições (M&A), é sempre difícil ter uma forte convicção sobre o que efetivamente acontecerá.

“Apesar de várias manchetes anteriores mencionando potenciais compradores para a Braskem que nunca se concretizaram, desta vez poderia ser diferente, principalmente porque uma oferta de R$ 47 por ação provavelmente faria sentido do ponto de vista dos vendedores”, avaliam os analistas do banco.

Por outro lado, do ponto de vista do comprador, ainda veem alguns obstáculos que precisariam ser superados para que a transação se concretize.

O primeiro “obstáculo” é a eleição, com os analistas vendo o sucesso da transação como altamente dependente da reeleição do atual governo. “Uma mudança de governo, a nosso ver, tornaria a Petrobras mais resistente a vender a Braskem  imediatamente após os resultados do segundo turno (pregão posterior à eleição será em 31 de outubro). Mudanças no governo sempre podem representar risco adicional para esses movimentos ousados”, avaliam.

Sobre o segundo ponto, seria o due diligence em Alagoas – uma possibilidade seria que as transações fossem rápidas o suficiente para que a Apollo e os vendedores assinem o contrato antes do segundo turno das eleições. No entanto, as informações de que a Apollo precisaria conduzir a due dilligence sobre os riscos de Alagoas fazem os analistas acreditarem que a transação não atenderia esse limite de tempo.

O terceiro ponto é sobre o valuation, com a oferta de R$ 47 por ativo implicando em uma valorização de múltiplo entre 4,8 vezes e 6,5 vezes a relação entre o valor da firma sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EV/Ebitda) esperado para 2023. Os analistas avaliam que a estimativa de Ebitda de US$ 2,7 bilhões para o próximo ano está começando a parecer um pouco otimista e, dependendo da atividade global (especialmente nos EUA, Europa e China), veem potencial queda para as suas estimativas, para cerca de US$ 2 bilhões. Se este fosse o caso, o múltiplo de transação implícito seria de 6,5 vezes.

Por fim, a Apollo é conhecida por uma das transações de M&A de maior valor agregado no setor petroquímico: a aquisição da LyondellBasell, que rendeu um retorno de seis vezes sobre o investimento inicial. A Apollo conseguiu alavancar a tese de investimento da empresa tendo como base a revolução do xisto dos Estados Unidos, que de forma acentuada reduziu rapidamente os custos de matéria-prima da empresa.

“Para a Braskem, não conseguimos, nesta fase, ver uma alavanca. Mesmo com o Brasil abrindo lentamente seu mercado de gás para novos fornecedores, pode levar algum tempo para os preços do gás caírem drasticamente no país. Talvez segregar a Braskem em diferentes ativos e tentar vendê-los com valuations mais altos pode ser uma maneira de criar valor, mas pagar mais de 5 vezes o Ebitda provavelmente limitaria os retornos”, avalia o BBI.

Para o banco, mesmo que a transação fosse concluída rapidamente, antes do segundo turno das eleições, uma mudança degoverno poderia trazer obstáculos adicionais aos fundamentos da Braskem, como ter um mercado competitivo, de contrato de nafta de longo prazo com a Petrobras (que vence em 2025). Embora a Braskem tenha reduzido significativamente sua dependência do fornecimento de nafta da petroleira estatal (de 70% do fornecimento para 30%), negociar os termos deste contrato com uma estatal que está mudando de comando traria, na visão dos analistas, riscos adicionais a essa transação.

Os analistas do BBI possuem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para os ADRs (recibo de ações, na prática os papéis negociados na Bolsa de Nova York) BAK da companhia. O preço-alvo é de US$ 23, ou avanço de 80% frente o fechamento de terça-feira.

Na visão do Citi, a Novonor e os devedores precisam chegar a um acordo para vender as ações da empresa, e caso cheguem a um acordo para vender ações ON, a Petrobras tem o direito de vender em conjunto com a Novonor, conforme acordo de acionistas.

Porém, se a Petrobras decidir não vender as suas ações, a ex-Odebrecht poderá vender suas ações sem o acordo da Petrobras e, ao fazê-lo, a Novonor venderá o controle da empresa, o que acionará o “tag along” para todos os acionistas (o que inclui a Petrobras). O Citi tem recomendação de compra para BRKM5, com preço-alvo de R$ 42, potencial de alta de 25,1% ante o fechamento de terça na B3.

(com Estadão Conteúdo)

 

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