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SÃO PAULO – O ano de 2021 começou com otimismo no mercado, com a forte alta das ações de commodities em meio às expectativas positivas com o plano de infraestrutura do novo governo americano, de Joe Biden, e também repercutindo o cenário menos sombrio com as vacinas contra a Covid-19
palavras-chave: As 5 maiores quedas e as 5 maiores altas do Ibovespa no mês de janeiro; invistaja.info;
Contudo, a volatilidade se impôs no mercado com os obstáculos no radar aprovar o plano fiscal trilionário do democrata, a vacinação ainda lenta em alguns países (o que inclui o Brasil) num cenário de aceleração dos casos e, por fim, um embate inesperado entre investidores pessoas físicas e grandes fundos em Wall Street, o que também levou ao aumento da aversão ao risco. Com o ambiente brasileiro também de incerteza por conta do risco fiscal, o resultado foi uma .
A maior queda do índice ficou para as ações da Eletrobras (, R$ 28,69, -21,68%;, R$ 28,74, -22,56%), com um movimento negativo especialmente na última quinzena do mês, com os riscos políticos para a privatização voltando a afetar os papéis da companhia. A expectativa de desestatização da companhia em um horizonte próximo de tempo estava diminuindo cada vez mais, com os investidores destacando a falta de consenso político para colocar o projeto de saída de controle do governo da companhia na pauta do Congresso.
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O movimento se intensificou no dia 21, quando um dos postulantes ao cargo de presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), destacou em entrevista a jornais dizer que venda da companhia não é prioridade. O recado do candidato – apontado por analistas políticos como o favorito na disputa e que conta com um amplo arco de alianças, que vão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a siglas da oposição – foi um balde de água fria para as pretensões de alguns investidores. O Bradesco BBI reduziu a recomendação dos ativos para neutra logo após a fala do político.
Porém, o grande baque do mercado ainda estaria por vir. Na noite do último domingo (24), Wilson Ferreira Jr., CEO da companhia desde 2016, quando entrou com a missão de resgatar a companhia de um momento delicado e prepará-la para a privatização, anunciou a sua renúncia. Ainda não há um sucessor indicado.
Em novo relatório, o BBI reforçou que a saída de Ferreira Júnior “é um golpe” nas expectativas de privatização da companhia. “No entanto, ficaríamos surpresos se os comentários de Pacheco pudessem ter sido o único motivo para fazer Wilson sair”, ressaltam, apontando que enxergam as falas do senador como “negativas, mas não definitivas”.
Segundo os analistas, também é preciso esperar a eleição para as presidências da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, já que “talvez” a privatização ainda tenha chances de ocorrer, processo que eles estimam ter potencial de gerar R$ 30 bilhões ao Tesouro Nacional. Já a equipe do Credit Suisse enxerga a privatização como algo difícil de acontecer, mas não impossível. “Acreditamos que o processo de privatização é complexo e pode levar muito tempo para ser concluído, dependendo de mudanças que precisem destinar mais recursos para investimentos na região Norte, limitação de direito de voto para investidores e garantia de um colchão para o eventual aumento de preços ocasionado pelo fim do regime de cotas”, explicaram logo depois da saída do CEO.
Nesse cenário, e em busca de blindar a estatal, o conselho de administração da Eletrobras vai conduzir a sucessão de Wilson Ferreira – ficou decidido que o processo contará com uma consultoria externa, independente e especializada no recrutamento de altos executivos. Além disso, em evento recente do Credit Suisse, Gustavo Montezano, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), afirmou que “aguarda ansiosamente” pela aprovação do projeto de lei que autoriza a privatização da holding estatal do setor elétrico Eletrobras para trabalhar na estruturação do modelo de venda. Apesar dessas indicações, os reveses sofridos pela estatal acabaram se sobrepondo, fazendo com que a companhia registrasse a maior queda do índice no período.
Outra estatal a figurar entre as maiores perdas foi o Banco do Brasil (, R$ 33,86, -12,73%): em um mês já negativo para os bancos após a recuperação do final de 2020 e com os investidores esperando os resultados do quarto trimestre, o BB teve um motivo a mais para cair. Não foi a saída, mas sim a quase saída do seu presidente, André Brandão, do banco.
Após anunciar o plano de reestruturação que prevê fechamento de agências e corte de funcionários em meados do mês, André Brandão acabou entrando na rota de colisão do presidente Jair Bolsonaro, ainda mais levando em conta o momento, que era de tentar angariar apoio para os candidatos do mandatário nos comandos da Câmara e do Senado. O fechamento de agências, principalmente no interior, é um problema político sério para Bolsonaro, que não quer esse ônus.
Brandão ficou muito perto de ser demitido, mas Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, entrou em campo para reverter a medida, fazendo o alerta de que uma demissão seria avaliada como interferência política em uma empresa pública que tem ações na Bolsa. Apesar do alívio com o fato da saída não ter se concretizado, os analistas de mercado seguem reticentes com a ação, ainda mais levando em conta os rumos do processo de reestruturação da instituição financeira.
Mais uma companhia controlada pelo governo figurou entre as cinco maiores quedas da B3, mas uma estadual, e não federal. Trata-se da empresa paranaense de energia Copel (, R$ 65,28, -12,81%). Entre o fim do ano passado e o começo deste ano, alguns anúncios levaram a um maior pessimismo sobre a gestão da companhia, ainda que os riscos tenham diminuído ao longo do mês.
Em comunicado do último dia 8 de janeiro, a Copel informou que o seu acionista controlador, o governo do Paraná (que detém 58,6% das ações ordinárias da Copel e 31,1% do capital total) enviou uma carta para a companhia. Na carta, o estado (i) condicionou a aprovação da migração da empresa do Nível 1 para o Nível 2 de Governança Corporativa na B3 à realização de uma oferta secundária de ações de titularidade do Paraná em conjunto com a oferta a ser realizada pelo BNDESPAR e (ii) solicitou a distribuição de dividendos extraordinários “no maior valor possível levando-se em consideração as necessidades de fluxo de caixa da Copel ao longo de 2021″.
“Em nossa opinião, tais solicitações do acionista controlador da Copel representam um retrocesso em termos de governança corporativa”, destacaram Gabriel Francisco e Maira Maldonado, analistas da XP Investimentos, em relatório (veja mais análises ).
A companhia conseguiu dirimir um pouco os riscos ao anunciar aprovou a reforma do seu Estatuto Social, que prevê uma nova política de dividendos e o lançamento de um programa da units. Com as alterações do Estatuto, ela vai garantir que não possa ser alterado ou excluído o atual dispositivo estatutário que obriga a aplicação integral de reajustes tarifários, homologados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), sem que haja a aprovação da maioria dos acionistas detentores de ações preferenciais. A nova política de dividendos, por sua vez, estabelece um limite máximo da sua alavancagem, medida pela relação entre a dívida líquida e o Ebitda, buscando não ultrapassar um múltiplo de 2,7 vezes.
“Temos uma visão positiva dos anúncios da Copel, pois sinalizam avanços bem-vindos em governança corporativa que ganham ainda mais importância após elevação da percepção de risco após a divulgação recente de carta do acionista controlador da companhia, o Governo do Estado do Paraná. Também vemos como positiva a nova política de dividendos. Nas nossas estimativas, as distribuições segundo a nova política implicam um dividend yield médio de 13,3% em 2020-2021. Também vemos como positiva a mensagem da companhia de que a distribuição de dividendos extraordinários em relação às reservas de lucros mencionada na carta do acionista controlador obedecerá os parâmetros da nova política de dividendos”, apontaram os analistas da XP na ocasião. Contudo, os ativos não conseguiram sair do posto de umas das maiores quedas na B3 no mês.
Cyrela (, R$ 25,63, -12,95%) e EzTec (, R$ 36,68, -14,50%) são duas empresas do setor de construção civil que também figuraram entre as maiores quedas do Ibovespa em janeiro, apesar do setor, no geral, apresentar boas prévias operacionais do quarto trimestre de 2020 durante o período(veja mais. Contudo, o ambiente macroeconômico se tornou menos atrativo para as ações do setor. Isso por conta da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) e a comunicação posterior em ata do encontro, que levou alguns bancos a reverem suas projeções e apostar em alta da Selic (a taxa básica de juros) já na próxima reunião do colegiado, marcada para 16 e 17 de março.
Segundo a ata, parte dos integrantes do Copom já considerava a necessidade de mexer na Selic, atualmente em 2% ao ano, por fatores como a elevação da inflação. Sem consenso, porém, a decisão foi esperar a divulgação de novos indicadores, mas o BC tirou do comunicado a expressão “forward guidance” (prescrição futura, no jargão em inglês), que funcionava como uma “barreira técnica” para a alta de juros.
As construtoras se beneficiam do cenário de juros baixos, que tem boa parte de suas vendas vinculadas a financiamentos de longuíssimo prazo. Além das baixas taxas de juros tornarem a compra de imóveis mais acessível no Brasil, o nível reduzido da Selic torna ativos imobiliários mais atrativos na comparação com outros tipos de investimento. A expectativa é de que os juros, ainda que subam, sigam a patamares baixos, com o relatório Focus desta semana, que conta com a projeção dos economistas, apontando um juro de 3,5% ao fim deste ano, ante projeção anterior de 3,25%. Contudo, no curto prazo, a antecipação da alta de juros e a perspectiva de uma elevação um pouco maior acabam afetando o setor.
O Bank of America (BofA) apontou ter otimismo com a Cyrela, destacando como top pick do setor, mas avalia que o quadro geral é de uma tendência de desaceleração para alguns indicadores das prévias divulgadas no quarto trimestre para as companhias. “O aumento na demanda no terceiro trimestre de 2020 impulsionou a velocidade das vendas em média em 455 pontos-base nos segmentos de baixa e média-alta renda. No quarto trimestre, todavia, a velocidade das vendas se desacelerou, caindo 180 pontos-base abaixo dos níveis do ano anterior.”
A empresa favorita do analista da XP para 2021 é Eztec no segmento de alta renda. A avaliação é de que ela terá quase R$ 3 bilhões em lançamentos e sempre teve mais caixa do que dívida, tendo captado um volume relevante de recursos em 2019, o que se traduziu em espaço no balanço para investir. “É uma companhia bem concentrada em São Paulo, mercado que deve ter uma recuperação muito forte.”
As maiores quedas do Ibovespa de 5 empresas no mês de janeiro:
*incluímos 6 ações de 5 empresas neste mês por conta das duas maiores quedas serem de Eletrobras
Maiores altas: NotreDame e Hapvida em destaque
Por outro lado, as maiores altas do mês são as ações de duas empresas que estão prestes a se unirem e formarem uma gigante do setor de saúde. As ações da NotreDame Intermédica (, R$ 94,50, +20,73%) e da Hapvida (, R$ R$ 17,17, +12,45%) subiram forte no mês, em um movimento que começou no dia 8, com a notícia de uma proposta não-vinculante para fusão entre elas.
A transação, via troca de ações, pode criar uma das maiores empresas de plano de saúde do mundo com mais de 13,5 milhões de beneficiários, entre planos de saúde e odontológicos.
Com a estrutura acionária atual das duas companhias, a Hapvida deteria 53,1% e a Intermédica os 46,9% restantes da nova companhia, com a família Pinheiro detendo o controle devido à sua participação de 70% na Hapvida. A Bain Capital, controladora da Intermédica com uma participação de 11,3% do capital, ficaria com 5,3% da nova companhia. Com a união das companhias, a expectativa é de receita anual de R$ 18 bilhões, lucro líquido de R$ 2 bilhões, com uma estrutura verticalizada de 70 hospitais e 300 clínicas, característica principal do negócio de ambas.
A equipe de análise da Levante Ideias de Investimentos destaca que a notícia vem em um momento em que as grandes empresas do setor de saúde buscam cada vez mais acirrar a disputa por ativos em uma onda de consolidação do setor, por meio de vários segmentos de atuação. Entenda mais sobre a sinergia entre as duas companhias (e porque isso animou tanto o mercado)
Na sequência entre as altas, está a ação de uma empresa que já subiu 120% no ano passado e, apesar de muitos destacarem que ela já não tinha muito espaço para alta, mostrou o contrário. Trata-se da WEG (, R$ 83,79, +10,64%), fabricante de equipamentos elétricos, tintas industriais e produtos de automação e controle industrial. Ela acabou se beneficiando em momentos de incerteza do mercado, que levaram os investidores a buscarem ações de empresas mais resilientes – como se provou o modelo de negócios da companhia.
Em avaliação feita no final do ano pelo BB-BI, a WEG foi destacada como uma das preferidas do setor de bens de capitais pelo banco. Na avaliação dos analistas, a companhia segue bem posicionada no longo prazo, com um portfólio competitivo de produtos para energia renovável, motores elétricos para caminhões, armazenamento de energia e soluções da indústria 4.0. No entanto, entre os pontos de atenção, a pandemia e a queda de novos pedidos de ciclo longo em várias regiões de óleo e gás, papel e celulose e água e esgoto pode trazer volatilidade nos preços das ações nos próximos trimestres.
Já no final de dezembro, o Bradesco BBI fez uma análise sobre as ações do setor de bens de capital. Citando a Cúpula da Ambição do Clima nos últimos dias de 2020, que resultou em compromissos ambiciosos de vários países para alcançar aneutralidade de carbono até 2050, os analistas apontaram que a WEG é a ação da cobertura dos analistas que deve se beneficiar mais com o plano de recuperação verde. Veja mais .
Na sequência, estão os ativos da B2W (, R$ 82,32, +8,87%): empresa com exposição ao e-commerce que menos brilhou no ano de 2020, os papéis registraram alta no mês de janeiro com os investidores ainda vendo oportunidades para o setor com a vacinação contra o coronavírus ainda lenta no Brasil e o prolongamento das medidas de restrição à mobilidade em meio à forte alta dos casos por aqui. Com isso, ações do setor “fique em casa” seguem no radar.
Em meados do mês, os analistas do Itaú BBA destacaram as mudanças feitas pela B2W em sua operação de marketplace. A empresa não cobrará mais de seus vendedores com base nos custos de entrega, oferecerá aos vendedores frete grátis em pedidos acima de R $ 100 e não cobrará dos vendedores por vendas canceladas durante o período de processamento da entrega (expedição). O BBA ressaltou que as mudanças refletem um ambiente de e-commerce ainda mais competitivo e a B2W está fazendo um movimento para garantir ganhos de participação de mercado em 2021.
“Dito isso, esperamos que a B2W continue a se beneficiar de sua exposição total ao e-commerce, dada a provável mudança estrutural no comportamento do consumidor causada pela pandemia, com mais compras online. Dada a dificuldade em estimar o impacto financeiro das novas medidas, mantemos nossa recomendação outperform [desempenho superior à média do mercado] para BTOW3, com preço-alvo de R$ 128 por ação, até ajustarmos nosso modelo” apontaram os analistas.
Ainda em destaque entre as altas, estão os ativos da Klabin (, R$ 28,10, +6,16%). A Levante Ideias de Investimentos destaca que a forte demanda por cartões já fez com que a companhia acelerasse o processo de estudos sobre a segunda máquina de papel do Projeto Puma II, com previsão de começar a operar em 2023. Há a previsão já no aumento da oferta por parte da companhia em julho deste ano, quando a primeira máquina do projeto, de kraftliner, entrará em operação.
Além disso, os preços internacionais ainda mantêm um cenário favorável para as companhias do setor, que vêm anunciado aumento de preços já há algum tempo. A expectativa é que a alta nos preços se mantenha nos próximos meses beneficiando as companhias, destacam.
Em entrevista ao , Fernando Fontoura, gestor de renda variável da Perservera, destacou gostar de Klabin e Suzano () no setor de papel e celulose, mas com horizontes de investimentos diferentes, tendo KLBN11 no book fundamentalista e SUZB3 no book de renda variável top down, com uma preferência estrutural pela primeira. A tese é baseada na revisão de preços para cima de celulose, após ficar num patamar bem descontado de preços, forçando uma readequação do setor. Agora esse ciclo de recuperação da celulose traz uma visão positiva. “A Klabin é menos sujeita a esses ciclos de curto prazo e tem uma tese um pouco mais interessante no estrutural que excede a parte de celulose, abrangendo papéis e embalagens, que a Suzano tem muito menos. Assim, tem muito mais diversificação”, avalia Fontoura.
Com relação ao endividamento da Klabin por conta do projeto de Puma II, o gestor avalia como absolutamente natural, com um investimento maciço em um projeto bastante robusto e, por isso, não há desconforto porque há alavancagem para adicionar capacidade. “A partir do momento que entra capacidade nova de 2021 até 2024, o que vem de produção é resultado novo que começa a entrar e reduzir o endividamento. Como perfil de endividamento, ele é muito mais certeiro do que o da Suzano, que é muito mais pró-cíclica, depende mais da celulose do que de papel”.
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