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BRASIL | invistaja.info — Com uma alta de cerca de 80% apenas em 2021, o Bitcoin tem chamado muita atenção de investidores e analistas, que não só questionam até onde a criptomoeda pode subir, mas se a cotação atual já não está em níveis exagerados.
Na última quarta-feira (17), a moeda digital atingiu pela primeira vez na história a marca dos US$ 52 mil, após encerrar o ano passado na casa de US$ 29 mil. Desde outubro, quando os preços começaram a subir, a valorização acumulada é de 390%, ligando o alerta no mercado.
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Em relatório recente, o JPMorgan destacou que os atuais preços não são sustentáveis a não ser que a oscilação dos ativos seja reduzida. Nos últimos três meses, segundo o banco, a volatilidade do Bitcoin foi de 87%, contra 16% do ouro.
Mas para entender se o atual patamar é sustentável, é preciso primeiro saber o que tem puxado a cotação pra cima.
Por ser um ativo que não sofre interferência de bancos centrais e nenhuma outra autoridade, o Bitcoin tem seu preço basicamente guiado pela lei básica de oferta e procura. Diante disso, com regulações que permitam a criptomoeda ser aceita em diversos países, é a sua adoção cada vez maior que faz com que seu preço aumente. Mas o que mudou desde o último trimestre de 2020?
Analistas destacam que, passado o “susto” com a crise do coronavírus entre março e abril, o Bitcoin conseguiu se recuperar rapidamente e diante de um cenário de injeção de dinheiro no mundo todo pelos bancos centrais, a moeda digital começou a ser alvo de grandes investidores institucionais.
“Os volumes dos investidores institucionais são muito maiores e agora que eles já entenderam os conceitos, eles também são mais resistentes às volatilidades e possuem um pensamento de longo prazo”, explica Ricardo Dantas, co-CEO da corretora Foxbit.
Uma das primeiras empresas que ajudaram a iniciar o atual rali foi a gigante de pagamento PayPal. Em outubro, a companhia informou que a partir deste ano irá permitir que seus mais de 26 milhões de comerciantes poderão ser pagos usando Bitcoin.
Na mesma época a Square, empresa de pagamentos de Jack Dorsey, fundador do Twitter, anunciou a compra de 4.709 bitcoins, o que na ocasião valia em torno de US$ 50 milhões.
Mais recentemente, a montadora de carros elétricos Tesla anunciou a compra de US$ 1,5 bilhão em bitcoins como início de uma estratégia para passar a aceitar a criptomoeda como pagamento. O movimento ocorreu pouco depois de seu CEO, Elon Musk, impulsionar os preços ao apoiar o Bitcoin em seu Twitter.
Na semana passada, a Mastercard disse que apoiaria algumas criptomoedas este ano, ao mesmo tempo em que o banco BNY Melon informou que abriria um serviço de custódia para moedas digitais.
“A grande razão pela alta valorização do Bitcoin neste rali foi a entrada de investidores institucionais, pois em sua grande parte são usuários que estão comprando valores muito altos e têm um perfil de longo prazo com custódia feita fora das corretoras. Isso causa uma redução na oferta de bitcoins disponíveis para a venda nas maiores corretoras do mundo, o que acaba gerando valorização da moeda”, afirma Bernardo Teixeira, CEO da corretora BitcoinTrade.
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Além de ser um movimento de grandes compras sendo feitas por esses investidores, o fato de serem nomes muito conhecidos não só no mercado financeiro, mas pela população em geral, ajuda a trazer cada vez mais reconhecimento para o Bitcoin, e, consequentemente, leva a uma maior utilização da moeda digital, puxando os preços.
Vinicius Frias, CEO do Alter, ainda complementa que a entrada de investidores institucionais é o principal fator das últimas máximas de preços, mas não é o único.
“Outro fator que não perdeu força, pelo contrário, só se agravou e é mais importante que a entrada dos institucionais, é o excesso de liquidez (inflação monetária) criada pelos bancos centrais durante a pandemia, em especial nos EUA”, explica.
Ainda em março de 2020, analistas destacaram os efeitos negativos que a injeção de capital dos bancos centrais poderia ter na economia e como isso favoreceria o Bitcoin. Além de serem grandes intervenções dos governos – algo que a criptomoeda foi criada para lutar contra -, esse tipo de ação tende a pressionar a inflação e ao fim da atual crise, poderemos ver fortes impactos econômicos (clique aqui para saber mais).
O Bitcoin sustenta o atual preço?
Apesar de analistas destacarem que esse movimento de alta tem maiores fundamentos do que o ocorrido em 2017, por exemplo, quando o Bitcoin bateu US$ 20 mil pela primeira vez com uma disparada muito rápida, mas caiu quase 70% nos dois meses seguintes, o fato da valorização ter acontecido muito acentuada preocupa os investidores.
Olhando apenas para o curto prazo, os analistas destacam que é possível que ocorra uma correção mais forte. “É possível [uma correção]. Estamos na máxima histórica após sucessivos rompimentos da última máxima. O terreno fica cada vez ‘menos firme’ quando se pensa num curto prazo”, afirma Frias.
Segundo o JPMorgan, apesar das notícias, sua análise descobriu que o rápido aumento do Bitcoin nos últimos cinco meses “ocorreu com relativamente poucos fluxos institucionais”. “Provavelmente será necessária uma aceleração nos fluxos de dinheiro real para sustentar os preços atuais na ausência de uma reaceleração do fluxo de varejo”, disse o banco.
“A análise do JPMorgan tem sentido. Existem outros indicadores que acendem a luz amarela, como o Mayer Multiple (média móvel do preço dos últimos 200 dias) que, neste momento, já se encontra bastante elevado historicamente. É preciso cautela ao operar no mercado nessas situações”, avalia Frias.
Mas apesar da expectativa de uma correção no curto prazo, os analistas reforçam que a visão de investimento no Bitcoin deve ser focada no longo prazo. “É muito difícil prever o que acontecerá, especialmente, no curto prazo. Mas acredito que no longo prazo o preço do Bitcoin deve se sustentar, já que houve, fundamentalmente, uma mudança no mercado de 2017 para hoje”, diz Teixeira.
Já para Dantas, o rali deve “continuar por muito tempo”, apesar de possíveis correções no meio do caminho, já que o Bitcoin ainda é um ativo novo e estamos apenas no início da adoção das criptomoedas no mundo.
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