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Boicote à carne: reação do Carrefour é “desproporcional”, diz ministro da Agricultura

“Se, para o povo francês, o Carrefour não serve comprar carne brasileira, que o Carrefour também não compre carne brasileira para colocar nas suas gôndolas aqui no Brasil”, afirma Carlos Fávaro

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Edição MarketMsg e invistaja.info

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O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro (PSD), reiterou nesta segunda-feira (25) sua posição favorável à decisão de algumas das principais empresas brasileiras do setor frigorífico de interromper a venda de produtos para a rede de supermercados Carrefour e as demais companhias do grupo, como o Atacadão. 

A postura das empresas brasileiras, que começou a ser colocada em prática no fim de semana, é uma espécie de retaliação ao boicote anunciado, na última quarta-feira (20), pelo CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, às carnes dos países que compõem o Mercosul. 

A decisão do CEO do grupo francês foi justificada como um gesto de solidariedade ao agronegócio do país europeu, que tem se posicionado contra o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. 

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Em entrevista à GloboNews na manhã desta segunda-feira, Fávaro afirmou que a suspensão da compra de carnes do Mercosul por parte do Carrefour significa um “protecionismo desproporcional”. 

“O Brasil tem uma agricultura de larga escala, de volume, segurança de fornecimento. A reação é desproporcional. Tanto que todos os outros países da comunidade europeia já compreenderam a situação e são favoráveis ao acordo”, disse o ministro. 

Fávaro também rebateu as críticas à qualidade sanitária das carnes brasileiras. “O Brasil tem uma das melhores sanidades de produtos alimentícios do mundo. Não dá nem para comparar com a qualidade francesa”, afirmou Fávaro.

“Se, para o povo francês, o Carrefour não serve comprar carne brasileira, que o Carrefour também não compre carne brasileira para colocar nas suas gôndolas aqui no Brasil. É uma questão de soberania nacional”, concluiu. 

Entenda o imbróglio

Em participação recente na Cúpula de Líderes do G20, no Rio de Janeiro (RJ), o presidente da França, Emmanuel Macron, reiterou a posição de seu governo contrária ao acordo Mercosul-UE. 

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Costurado desde o fim dos anos 1990, o acordo comercial entre os dois blocos teve sua primeira etapa concluída em 2019, ainda sob o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Desde então, os termos passaram à fase de revisão por parte dos países envolvidos, mas pouco se avançou até aqui.

Macron se opõe ao acordo com o Mercosul, principalmente, por questões políticas domésticas. O tratado é visto com ceticismo na França, pois há preocupação com riscos de enfraquecimento do setor agrícola no país. Ainda segundo o governo francês, caso o acordo se concretize nos termos atuais, empresas francesas que seguem leis ambientais mais duras em seu país terão de competir com companhias que não estão submetidas aos mesmos padrões.

Segundo Emmanuel Macron, um dos problemas do acordo entre Mercosul e UE é a falta de um compromisso mais claro relacionado à questão climática e à preservação da biodiversidade. 

Nota de repúdio

Em nota divulgada na última quinta-feira (21), entidades do agronegócio e da indústria de alimentos do Brasil também criticaram as declarações do CEO global do Carrefour. 

“Se o CEO Global do Grupo Carrefour, Alexandre Bompard, entende que o Mercosul não é fornecedor à altura do mercado francês – que não é diferente do espanhol, belga, árabe, turco, italiano –, as entidades abaixo assinadas consideram que, se não serve para abastecer o Carrefour no mercado francês, não serve para abastecer o Carrefour em nenhum outro país”, diz o documento. 

O texto é assinado por CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio), a SRB (Sociedade Rural Brasileira) e FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

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