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palavras-chave: Brasil em voga: ativo ‘humilhado’ pode ser aposta de ouro a investidores, diz Ashmore; invistaja.info;
ANIM3 | ROIC: 0.1237 | ROE: 0.0374 | Mrg.Liq.: 0.0538 | EV/EBIT: 5.29 | Liq.Corr.: 2.16 | P/ACL: -0.27
Com avaliações deprimidas e um mercado operando próximo aos níveis de 2008, o Brasil voltou a chamar atenção de investidores internacionais. A afirmação é da gestora britânica Ashmore, especializada em países emergentes, que também cita que o país pode oferecer um ponto de entrada atraente para quem busca ativos descontados com potencial de valorização.
Em relatório recente, a casa argumenta que, embora a confiança esteja abalada e o país enfrente uma série de entraves fiscais, há uma janela para recuperação, caso reformas estruturais voltem ao centro das decisões políticas.
A gestora aponta que os preços dos ativos brasileiros chegaram a patamares considerados “humilhantes” no final de 2024. Ainda assim, historicamente, subestimar o Brasil tem se mostrado um erro. Os analistas lembram que, mesmo com instabilidades políticas recorrentes e ciclos econômicos inconsistentes, o país manteve uma economia de porte médio, integrada ao comércio global e com setores competitivos, como financeiro, agronegócio e mineração.
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A gestora retoma a conhecida descrição do escritor austríaco Stefan Zweig (1881-1942), que chamou o Brasil de “terra do futuro” em 1941, e afirma que esse futuro não pode mais ser adiado. “O bônus demográfico está se esgotando, e a janela de oportunidade para uma virada estrutural está se fechando”, escrevem os estrategistas.
Entre os atrativos atuais estão o real desvalorizado, taxas de juros reais entre as mais altas do mundo e uma Bolsa negociada com forte desconto. A política monetária restritiva, adotada para controlar a inflação, levou a Selic ao patamar de 14,25% (com projeção de nova elevação nesta semana), o que, consequentemente, elevou o juro real a quase 10%. Ao mesmo tempo, a fuga de capitais diante da incerteza fiscal derrubou a moeda brasileira, criando distorções que investidores com apetite por risco podem tentar capturar.
O relatório aponta que a economia brasileira cresceu 3,4% em 2024 — o maior avanço desde 2011, desconsiderando o rebote pós-Covid-19. A taxa de desemprego caiu para 6,2%, a menor desde 2015. Parte desse crescimento, segundo a Ashmore, veio de reformas promovidas em governos anteriores, mas o impulso mais recente foi alimentado por aumentos nos gastos públicos.
Essa expansão elevou o déficit fiscal para 8,5% do Produto Interno Bruto (PIB) e gerou desconfiança quanto à sustentabilidade das contas públicas. A dívida líquida chegou a 60,8% do PIB, enquanto a dívida bruta atingiu 76%, um dos patamares mais elevados entre países emergentes. Para a gestora, os efeitos dessa política já estão precificados, e os ativos brasileiros carregam hoje um prêmio de risco elevado que pode atrair investidores dispostos a apostar em um novo ciclo de estabilidade.
Por que o Brasil é atraente
Os analistas lembram que o Brasil ainda possui ativos reais valiosos. É o maior exportador global de soja, carne bovina, carne de frango, açúcar e café, além de contar com 88% de sua matriz energética baseada em fontes limpas, principalmente hidrelétricas. Também é o segundo maior fornecedor mundial de minério de ferro e o sétimo maior produtor de petróleo.
Na análise da Ashmore, o país reúne características de uma economia média com infraestrutura financeira sofisticada. O crédito ao setor privado alcança 72% do PIB, um nível elevado para os padrões da América Latina, e empresas como o Nubank mostram a vitalidade do setor de tecnologia e serviços. O problema, apontam os analistas, está menos nos fundamentos e mais na condução fiscal.
O relatório critica o novo arcabouço fiscal adotado no início do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Com regras pró-cíclicas e metas que vêm sendo revisadas para baixo, a percepção dos analistas é de que há pouco compromisso com o controle das contas. A meta inicial de superávit primário de 0,5% em 2024 virou 0%, e as receitas que garantiram o resultado foram majoritariamente pontuais.
Propostas recentes, como a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda, são vistas com ceticismo pela Ashmore, sobretudo porque mais da metade da força de trabalho poderá ficar isenta, pressionando ainda mais o lado da arrecadação.
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Conforme a gestora, a fuga de capitais e a deterioração das expectativas de inflação levaram o Banco Central a adotar uma postura mais agressiva. Com juros altos e menor impulso fiscal previsto para 2025, a Ashmore estima que o crescimento do PIB deve recuar para a casa dos 2% neste ano.
Ainda assim, os analistas veem espaço para revisão de expectativas, caso o país inicie um processo de reorganização das contas públicas e foque em investimentos com retorno produtivo. “A história mostra que já foi possível alcançar um ajuste fiscal crível. Não há impedimento técnico”, dizem os autores do relatório.
Eleições 2026: o que esperar
Embora ainda distantes, as eleições presidenciais de 2026 já afetam a forma como investidores enxergam o Brasil. Os analistas apontam que o governo Lula tem perdido apoio popular e político, e que esse desgaste alimenta incertezas em torno da condução fiscal até o fim do mandato. Segundo a análise, há uma percepção crescente de que o presidente Lula não será o agente de restauração da confiança nas contas públicas.
A avaliação da Ashmore é de que parte da população responsabiliza o governo pela perda de poder de compra, fenômeno que reacende temores sobre o aumento da carga tributária no futuro. No centro dessa preocupação, diz a gestora, está o receio de que a atual gestão aumente os gastos públicos em busca de apoio de sua base eleitoral, composta majoritariamente por eleitores de baixa renda. Para os estrategistas, é mais provável que o governo intensifique os desembolsos à medida que se aproximam as eleições, em vez de buscar uma consolidação fiscal via corte de despesas.
O relatório também chama atenção para os efeitos do escândalo de corrupção no plano de previdência dos servidores públicos, que movimentou R$ 6,3 bilhões em propinas e fraudes. Embora o esquema tenha começado em governos anteriores, a Ashmore afirma que ele se expandiu sob o atual, o que contribuiu para a piora na avaliação do governo.
A eventual vinculação do nome de Lula às investigações, que envolvem até mesmo seu irmão, Frei Chico, pode comprometer ainda mais sua base no Congresso e dificultar a aprovação de propostas nos próximos dois anos.
No cenário político traçado pela Ashmore, a eleição de 2026 será determinada por dois fatores centrais: os movimentos de Lula e de Jair Bolsonaro. Apesar de inelegível, o ex-presidente Bolsonaro segue influente e deve anunciar seu apoio somente em março de 2026. Entre os nomes cotados estão a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, um de seus filhos ou algum governador alinhado à centro-direita.
A gestora acredita que essa última opção seja a mais provável e vê um grupo articulado de governadores de São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul como possível base para uma candidatura mais competitiva.
A análise aposta em Tarcísio de Freitas, atual governador de São Paulo, como nome mais bem posicionado para ocupar esse espaço. Ex-ministro da Infraestrutura de Bolsonaro, Tarcísio é apontado como um político técnico, com histórico de gestão voltado à redução de custos e atração de investimentos.
A Ashmore diz que, como governador, ele aumentou o volume de investimentos públicos de 3% para 15% da receita do estado por meio de corte de gastos, privatizações e revisão de incentivos fiscais, mas avalia que, embora o modelo de gestão fiscal adotado por Freitas seja mais difícil de replicar no governo federal — devido à rigidez orçamentária, com 90% das despesas obrigatórias e parte delas atreladas ao salário mínimo, além de pisos constitucionais para saúde e educação —, ainda seria possível aprovar reformas fiscais e administrativas com capital político e articulação.
Para a gestora, a eleição de Freitas em 2026 poderia ter impacto imediato na confiança dos investidores, com valorização do real, queda nas expectativas de inflação e abertura de espaço para corte de juros, o que reduziria o custo da dívida e facilitaria o reequilíbrio das contas públicas.
No diagnóstico da Ashmore, o Brasil precisa retomar o investimento em infraestrutura como motor do crescimento sustentável, já que a taxa de investimento está abaixo de 20% do PIB desde os anos 1990. O relatório traça uma retrospectiva da economia brasileira, da industrialização e crescimento acelerado dos anos 1950 e 1960, passando pela instabilidade dos anos 1980 e pela estabilização parcial com o Plano Real.
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REFLEXÃO: Eddy Elfenbein, dono do site Crossing Wall Street: Seja paciente e ignore modismos. Foque no valor e não entre em pânico.
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