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Brasil “melhor”, mas não imune: como mercado local está em meio à turbulência global?

Cenário de volatilidade deve seguir impactando mercado global e o Brasil, mas alguns analistas também veem algumas oportunidades

Informação para traders e investidores

Edição invistaja.info e MarketMsg

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SEMP3 | P/L: -8.12 | Liq.Corr.: 1.64 | Cotacao: 16.86 | EV/EBIT: -4.07 | P/Cap.Giro: 15.67 | EV/EBITDA: -4.07

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Bolsas e commodities desabando ao longo do mundo, muita incerteza afetando os emergentes – incluindo o Brasil.

O “dia da Libertação” de Donald Trump na última quinta-feira (2) com o anúncio de tarifas comerciais com cálculos muito contestados e sem sinais de passos atrás durante o fim de semana afetam o mundo inteiro e geram mais turbulência para os mercados mundiais.

Conforme destaca em relatório Fernando Ferreira, estrategista-chefe e head do research da XP Investimentos, o anúncio das tarifas de importação dos EUA poderá ter um impacto extremamente relevante na economia mundial, caso não sejam revistas.

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“Além disso, vários países já anunciaram retaliações, como a China, e outros ainda poderão anunciar retaliações, o que tem o potencial de causar um estrago ainda maior na economia global”, avalia.

Ferreira aponta que, desde o final da 2ª guerra mundial, e do acordo de Bretton Woods em 1944, o mundo observou um período de forte crescimento econômico e estabilidade, possibilitado por décadas com poucas guerras e por conta da globalização. A globalização permitiu que o mundo crescesse por décadas, mantendo a inflação baixa sob controle, e crescendo a produtividade do trabalho constantemente.

Ela permitiu que a economia global ficasse cada vez mais integrada, elevando as eficiências e potencial de cada país, reduzindo os custos de produção e aumentando o crescimento dos países que participaram dessa tendência. “Voltar atrás nessa dinâmica agora, com uma Guerra Comercial de grandes proporções que se inicia, pode mudar completamente essa ordem mundial”, avalia o estrategista.

No curto prazo, avalia, as incertezas impactarão as decisões de empresas e consumidores ao redor do mundo, trazendo o risco de colocar a economia global em uma recessão, o que leva a uma forte reação dos mercados nos últimos dias.

“Os dados históricos mostram que, durante recessões econômicas, o S&P500 tende a cair entre 20-30% desde o pico, com algumas exceções que tiveram quedas maiores (-40-50% em 1973, 2000 e 2008). Ou seja, de acordo com a reação do mercado, uma recessão já está começando a ser precificada como cenário base”, aponta Ferreira.

Brasil: relativamente melhor, mas não imune

Neste cenário, Ferreira avalia que o Brasil não está imune, mesmo estando numa posição relativa melhor.

Por um lado, o mercado observa que, apesar de considerar as medidas como negativas no absoluto, elas podem beneficiar o Brasil no relativo em relação aos outros países. Isso porque além das tarifas impostas ao Brasil terem sido mais brandas (10%), o país pode ganhar mais mercados na sua pauta de exportação, além de poder atrair mais recursos de investimentos de outros países, tanto de longo prazo quanto de curto prazo.

Por outro lado, o grande risco das tarifas é que elas coloquem os EUA e o mundo em recessão. Nesse caso, os ativos de risco tendem a sofrer no mundo todo, e o Brasil não está imune a esse risco – como na última sexta-feira e o que o mercado já projeta que ocorrerá nesta segunda.

Para o estrategista, a principal notícia que poderia fazer os mercados se recuperarem seria um cancelamento – ou até uma prorrogação – da implementação das tarifas. Trazer o pior cenário para a mesa, para então negociar a partir de uma posição mais favorável na mesa de negociação, é uma estratégia já bastante conhecida de Donald Trump.

O Fed poderia também “jogar uma boia” ao mercado, anunciando mais cortes de juros que o esperado, ou até cortando juros antes da próxima reunião, em uma decisão extraordinária, avalia Ferreira.

“Como os juros nos EUA estão em 4,5%, existe espaço para que o Fed corte, caso uma recessão econômica fique mais clara. O mercado já passou a precificar quase 5 cortes pelo FOMC esse ano em 2025, cortando as taxas para perto de 3% ao final do ano”, aponta o estrategista da XP.

Porém, ressalta que o discurso da última sexta de Jerome Powell deixou claro que o presidente do Fed não parece ter pressa para mudar a sua postura em relação à política monetária. Além disso, as tarifas terão um impacto inflacionário de curto prazo, o que também poderia aumentar a hesitação do Fed em cortar os juros agressivamente.

Ferreira ressalta que: 1) nos últimos dias, o governo Trump já teve várias chances de recuar, e ainda não o fez , 2) o próprio Trump e seu secretário do Tesouro, Scott Bessent, disseram publicamente que estão mirando o longo prazo com essa política de tarifas, e não estão preocupados com indicadores de curto prazo, como o mercado acionário. Eles também disseram que não estão preocupados que essa política irá gerar uma recessão. “Ou seja, apesar de que ainda é possível que o governo Trump volte atrás, por enquanto nenhuma indicação nesse sentido foi dada”, aponta.

Negativo para América Latina, mas…

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O Itaú BBA aponta que, para a América Latina, o noticiário é negativo, com efeito para a atividade e commodities, mas relativamente melhor do que outros pares de mercados emergentes em relação às taxas tarifárias

Em termos de países/regiões afetados, a América Latina teve suas tarifas recíprocas definidas em 10% para a maioria dos países, em comparação com 20% para a Zona do Euro, 34% para a China e acima de 20% para outros países asiáticos. Canadá e México não estavam sujeitos a tarifas recíprocas por enquanto. As tarifas abaixo da média para a região aumentam potencialmente a competitividade das exportações da América Latina em comparação com outros países com tarifas mais altas. O crescimento econômico global mais lento, por outro lado, pode impactar as previsões de atividade da América Latina (a revisão do risco de queda do lucro por ação aumentou).

O BBA discute as três principais conclusões pós-tarifas: 1) O que o mercado está dizendo? 2) Posicionamento do portfólio 3) Impacto por país.

1) O que o mercado está nos dizendo? O S&P 500 foi corrigido em 10,5% no terceiro pior retorno de 2 dias do século entre quinta e sexta, sugerindo um cenário global de aversão ao risco, que levou as commodities para baixo (por exemplo, petróleo -13%), os rendimentos dos títulos do tesouro para baixo em 14 pontos e os Setores Defensivos superando o desempenho. Se a história dos mercados servir de guia, tal magnitude de queda sugere temores de uma recessão global e pode afastar os fluxos de dinheiro da classe de ações. As ações da América Latina caíram 5,6% em 2 dias após as tarifas.

2) Posicionamento do Portfólio. O BBA acredita que o cenário global de aversão ao risco é negativo para a região, mesmo com um ponto de partida de valuation atraente (múltiplo de preço sobre lucro, ou P/L, futuro de 8,7 vezes, -24% versus histórico). Do portfólio de alocação em América Latina, o banco acredita que três temas podem se manter relativamente bem: i) proxies (ações que se aproximam dos temas) para Infraestrutura e Títulos com TIRs (Taxas Internas de Retorno) de dois dígitos; ii) ações defensivas de qualidade; iii) empresas com tendências de crescimento secular em tecnologia/e-commerce e saúde.

3) Impacto no Brasil. No caso de Brasil, país em que o BBA tem posição overweight (exposição acima da média do mercado em América Latina), dada alta taxa real, o BBA vê proxies de títulos com proteção contra inflação bem posicionados em comparação com outras ações do mercado, devido ao seu valor e características de baixa volatilidade.

O Bradesco BBI, por sua vez, vê que a forte onda de vendsa globais de risco com as tarifas do “Dia da Libertação” dos EUA provavelmente mais como um “susto para o crescimento” global apenas e sendo uma oportunidade de médio prazo para investidores latino-americanos.

O banco também destaca como possíveis catalisadores a serem observados: 1) retaliação tarifária contida, particularmente da União Europeia, e potencial negociação para redução de tarifas pelos EUA, combinando-se para aliviar a incerteza política econômica altíssima; 2) Dados econômicos firmes contínuos dos EUA, após o relatório de emprego tranquilizador de sexta-feira, e com os EUA uma economia relativamente fechada com estímulo fiscal vindouro; 3) Potenciais políticas do Fed e até mesmo de Trump, com o mercado agora precificando cinco cortes de taxas do Fed e o Fed historicamente favorecendo o crescimento em vez da inflação de seu mandato duplo. Isso junto com pesquisas mostrando queda de aprovação popular do governo Trump, com uma maioria estreita na Câmara e eleições de meio de mandato a menos de 18 meses de distância. 4) mais gastos fiscais na China e na Europa.

Voltando para o cenário atual, as ações de mercados emergentes tiveram desempenho superior nas últimas duas sessões, o que reflete o dólar americano atípico mais fraco e os rendimentos de títulos dos EUA mais baixos.

Para os estrategistas do BBI, essa classe de ativos continua bem posicionada em sua estrutura global, relativamente barata e com baixo posicionamento dos investidores, com perspectivas de crescimento do PIB e lucros ainda resilientes.

O banco enxerga que, no relativo, o Brasil é ajudado especificamente por 1) seus baixos impactos tarifários recíprocos de 10%; 2) economia e mercado de ações relativamente fechados, juntamente com um cenário de crescimento do PIB e 3) valuation de ações e câmbio descontados.

“Pode-se até argumentar que o crescimento mais lento do PIB local reduziria as expectativas de inflação mais rapidamente e anteciparia cortes nas taxas de fim de ano”, avaliam.

O banco, que tem exposição neutra para o país em América Latina, ressalta que o Brasil teve um “rali de alívio” este ano devido à avaliação estressada de ações e aos níveis de taxa de juros real e real do quarto trimestre, com uma tarifa recíproca dos EUA de 10% “menos ruim” adicionando mais suporte.

Neste cenário, o BBI apontou ter adicionado mais risco gradualmente na tese, no contexto de peso geral neutro do Brasil dentro de uma postura otimista da América Latina.

Hora de comprar?

Neste ambiente de forte queda do mercado, Ferreira, estrategista da XP, aponta que a pergunta sobre se é o momento de comprar ações é natural nesses momentos de maior volatilidade.

Além disso, os investidores se acostumaram com um cenário de “caiu, comprou” para a Bolsa americana, que vem sendo o melhor mercado nos últimos 10 anos no mundo.

“Caso essas tarifas sejam revistas, o mercado teria bastante espaço para se recuperar, após a grande queda de preços recentes. Porém, em um cenário de uma recessão mais profunda, o mercado ainda poderia cair mais 10-20% dos níveis atuais, considerando a média das recessões passadas”, avalia.

A recomendação é manter a cautela e a diversificação da carteira com ativos de qualidade, e realizar aportes ao longo do tempo, para caso os preços e o cenário sigam se deteriorando. “Mas para investidores que não tinham nenhuma exposição ao mercado americano e global, os preços atuais já começam a ficar bem mais interessantes, sabendo que a volatilidade adiante ainda pode seguir elevada. Apertem os cintos”, conclui.

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REFLEXÃO: Barry Ritholtz, da Bloomberg: Mantenha a simplicidade, faço menos e administre sua estupidez.

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