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SÃO PAULO – Nesta quarta-feira (27), membros do Governo do Estado de São Paulo afirmaram que a administração estadual estuda a possibilidade de aumentar o intervalo entre a aplicação das duas doses da CoronaVac, vacina desenvolvida pela parceria entre o Instituto Butantan e o laboratório chinês Sinovac
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A declaração foi dada por Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus do Estado de São Paulo, e reforçada por outros secretários regionais. “O Centro de Contingência do estado discutiu recentemente a possibilidade técnica de adiar a segunda dose. Hoje, ela é prevista para ser feita em até 28 dias após a primeira dose. No entanto, do ponto de vista cientifico-biológico, é possível pensar que a segunda dose dada em data posterior aos 28 dias seja até mais eficaz do que a dada após 28 dias”, afirmou Menezes durante entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.
O Centro de Contingência do Coronavírus do Estado de São Paulo, criado pelo governador João Doria (PSDB) em fevereiro de 2020, é um grupo de especialistas em saúde que diariamente acompanham o cenário epidemiológico da Covid-19. Esses cientistas, epidemiologistas, infectologistas, médicos e professores apresentam a situação da epidemia em São Paulo e traçam estratégias para enfrentar a propagação da doença no estado.
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Segundo uma pesquisa da própria Sinovac no Brasil, a vacina foi até 20% mais eficaz quando os voluntários recebiam a segunda dose com um intervalo de três semanas, no lugar de duas semanas. Entretanto, o prazo apresentado pela administração, de mais de 28 dias, extrapola o que foi estudado pela Sinovac. Ainda não há dados que comprovem a eficácia do medicamento em um intervalo muito diferente do que foi recomendado.
O próprio governo paulista não deu nenhuma estimativa sobre qual seria a duração desse espaçamento maior entre as doses. Porém, Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, defende que o prazo pode ser estendido “sem problema algum” por mais 15 dias. No próprio teste clínico da CoronaVac, alguns voluntários receberam a segunda dose até duas semanas após o prazo estipulado, diz o diretor.
Eduardo Ribeiro, secretário executivo da secretária estadual de saúde, complementou a explicação de Menezes. Afirmou que a alteração no cronograma de aplicação das doses só acontecerá se houver uma recomendação expressa do Ministério da Saúde, seguindo as diretrizes do Plano Nacional de Imunização (PNI), ou se “houver um respaldo técnico favorável a essa nova estratégia”. Ribeiro não detalhou quem emitiria esse respaldo técnico.
O secretário executivo ressaltou que o quantitativo de doses que o estado de São Paulo dispõe é insuficiente até para vacinar todos os profissionais da saúde. Ainda durante a coletiva, João Doria (PSDB), governador de São Paulo, atualizou os números referentes à vacinação no estado. A imunização contra Covid-19 teve início há 10 dias, , na capital do estado.
Desde então, segundo o governador, mais de 200 mil profissionais de saúde em São Paulo já receberam a CoronaVac. Os paulistas podem acompanhar em tempo real os números de vacinados no estado. Eles são atualizados no Vacinômetro, ferramenta digital desenvolvida em parceria com a Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp). O Vacinômetro está disponível no , e, até 13h38 desta quarta-feira, indicava 212.073 vacinados no estado.
Intervalo maior é seguro?
A decisão de adiar a aplicação da segunda dose da vacina contra a Covid-19 proposta pelo Centro de Contingência e entrou no radar de muitos países. O principal argumento a favor defende a quantidade de pessoas a mais que podem receber as vacinas nesses primeiros lotes.
Essa estratégia foi adotada pelo Reino Unido, que tem imunizantes produzidos pelos laboratórios Pfizer/BioNTech e AstraZeneca. O Reino Unido resolveu aplicar a segunda dose da vacina contra o coronavírus até 12 semanas após a primeira no lugar do intervalo mais curto recomendado pelos laboratórios e pela própria Organização Mundial de Saúde (OMS), que defende que a segunda aplicação da vacina pode ser aplicada até seis semanas após a primeira.
De acordo com a rede de televisão inglesa BBC, a AstraZeneca disse acreditar que uma dose de sua vacina oferece proteção após 12 semanas. Já a Pfizer diz que não testou a eficácia de seu imunizante após um intervalo tão longo. A Associação Médica Britânica pediu que Stephen Powis, diretor médico da serviço britânico de saúde NHS, “revise urgentemente” a política para a vacina da Pfizer. A instituição diz que há “uma preocupação crescente da classe médica em relação ao atraso da segunda dose do imunizante da Pfizer/BioNTech, visto que a estratégia do Reino Unido se tornou cada vez mais isolada de muitos outros países”.
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