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Credit Suisse: o que está acontecendo com o banco e quais são os riscos da crise para o mercado

Temor de parte do mercado é que a instituição não consiga melhorar sua posição de capital mesmo com venda de ativos

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Edição invistaja.info e MarketMsg

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SUZB3 | P/VP: 2.57 | P/Ativo: 0.504 | Mrg.Ebit: 0.3907 | P/Cap.Giro: 2.75 | EV/EBITDA: 4.84 | P/L: 5.23

Desde a última sexta-feira (30), cresceram os burburinhos de que o Credit Suisse, segundo maior banco da suíça e um dos maiores do mundo, pode vir a não conseguir arcar com seus compromissos financeiros. O nome da instituição, desde então, está em foco no noticiário econômico e também nas discussões em redes sociais.

Ao mesmo tempo, os executivos do banco vêm tentando acalmar o mercado, acionistas e clientes, defendendo que suas posições de liquidez e de capital da instituição estão saudáveis.

Isso não impediu, no entanto, o Credit Default Swap [CDS, derivativo financeiro que indica o risco de crédito] da instituição disparar para os maiores níveis da história.  O CDS, na última sexta, indicava que o mercado enxergava a probabilidade de default (inadimplência) do banco nos próximos cinco anos em 21,1%.

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“O banco suíço sofre com as consequências de duas grandes crises – o colapso da empresa financeira britânica Greensill e do fundo de multimercado norte-americano Archegos – que, combinados, custaram bilhões de dólares e levaram a uma mudança na sua administração”, explicam Jennie Li, Rafael Nobre e Pietra Guerra, da XP Investimentos.

A primeira crise, a falência de Greensill, instituição financeira britânica que emprestava dinheiro para outras empresas pagarem seus fornecedores e que, na sequência, empacotava as dívidas em títulos financeiros (securitização) para revender a investidores.

Em certo momento, no entanto, o modelo negócio passou a gerar desconfiança e, em março de 2021, a companhia declarou falência – levando junto US$ 10 bilhões de clientes do Credit Suisse.

O segundo escândalo veio na sequência e envolveu, como já mencionado, o family office Archegos Capital, de Bill Hwang, investidor sul-coreano baseado em Nova York.

O escritório administrava US$ 10 bilhões, mas Hwang convenceu bancos, incluindo o Credit Suisse, a fornecerem US$ 30 bilhões para investir mais. Em 2020, ele investiu pesadamente na ViacomCBS, que viu o valor de suas ações disparar. Os papéis, porém, recuaram após um tempo. A Archegos não conseguiu cobrir as perdas ligadas aos financiamentos e, após um tempo, faliu.

Crise do Credit Suisse foi além do financeiro

O Credit Suisse passou a perder funcionários importantes do seu quadro, como o como o codiretor global do setor bancário Jens Welter e o chefe de produtos de crédito global Daniel McCarthy, e também clientes.

Há cerca de um ano, a instituição prometeu uma reestruturação sendo que o atual diretor executivo da instituição (CEO), Ulrich Koerner, que assumiu o cargo no final de julho, é especialista em projetos do tipo.

Além disso, boatos de uma demissão de até 10% dos funcionários, para cortar gastos, também circularam.

“Os problemas não são novos. Há quase um ano, o Credit Suisse prometeu se reestruturar após os golpes – que ocorreram meses antes de um acordo de quase meio bilhão de dólares decorrente de um escândalo antigo ligado a empréstimos feitos no país africano de Moçambique”, contextualizam os especialistas da XP. “A parte nova é a crescente preocupação com a saúde do banco, principalmente porque a deterioração das condições macroeconômicas podem prejudicar o preço dos negócios e ativos que o banco planeja vender para elevar sua liquidez”.

Parte do mercado, contudo, vê como problema as recorrentes quedas dos preços dos ativos em todo o mundo, em meio a todo o temor de uma recessão global e das altas de juros pelos bancos centrais – o que impacta as negociações.

O valor de mercado do Credit Suisse saiu de US$ 22,3 bilhões há um ano para US$ 10,4 bilhões. Com isso, os ativos que compõe o banco, e que poderiam ser vendidos para melhorar a sua situação de capital, também viram seus valores caindo.

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Segundo rumores de mercado, o Credit Suisse planejaria vender sua unidade de negociação de produtos securitizados, que tem um valor de cerca de US$ 2 bilhões, e avalia a venda de operações de gestão de patrimônio na América Latina, com exceção do Brasil.

Analistas do Deutsche Bank, há cerca de um mês, apontaram o banco pode precisar captar algo próximo a US$ 4 bilhões mesmo após a venda de ativos para financiar sua reestruturação.

A preocupação, então, é que o banco tenha prejuízos em seus desinvestimentos ou que os preços conseguidos por eles não sejam suficientes para recompor uma posição confortável de caixa.

Com isso, há o temor de risco sistêmico. Uma possível falência do Credit Suisse, por conta do seu tamanho, provavelmente respingaria em várias outras companhias e instituições financeiras, causando uma “bola de neve” – algo que aconteceu na crise de 2008.

Quando uma instituição financeira não tem dinheiro para pagar a outra e isso gera um efeito dominó, ameaçando todo o sistema.

Analistas minimizam crise e afastam possibilidade de falência

“O colapso do Lehman Brothers em 2008 pode ser a analogia que vem à mente no cenário atual, mas o tamanho e a importância do Credit Suisse tornam esse cenário menos provável, dizem até os pessimistas. Ainda assim, com a Europa passando por uma guerra e uma forte crise de energia, um quadro preocupante para o banco está se formando à medida que o continente caminha em direção à recessão”, diz a equipe da XP.

Renan Manda, especialista em companhias financeiras da mesma corretora, lembra que as instituições do tipo têm de seguir uma série de regulações impostas por governos.

“Quando bancos reportam perdas consideráveis, eles, geralmente, têm as suas reservas. É algo ditado, basicamente, pelo índice de Basileia. Mas existem outras alternativas que podem dar liquidez para a instituição, como a venda de subsidiárias, de unidades regionais e de carteiras. Em último caso, pode se fundir com outras instituição para conseguir segurar o tranco”, comenta.

Em seu último resultado trimestral, o Credit Suisse trouxe um índice de capital próprio de primeira linha de 13,5%. O indicador, que mede sua resilência financeira e a capacidade de absorver prejuízos, é semelhante a de outras bancos europeus como o UBS e o BNP Paribas. O banco tem ainda cerca de US$ 15,7 bilhões em capital adicional, levantados através de títulos que podem ser convertidos em ações.

Em geral, boa parte do mercado vê a falência do banco suíço como improvável.

Ipek Ozkardeskaya, analista do Swissquote, diz que as negociações elevadas de CDS do banco significam que o mercado está precificando de modo agressivo um eventual default. Isso é possível, mas a analista acredita que o banco é “grande demais para quebrar”, podendo ser alvo de uma oferta de compra ou o governo da Suíça poderia intervir para salvá-lo.

Hoje, por exemplo, surgiu o rumor de que o Banco Nacional da Suíça ponderou fundir o Credit Suisse com outro banco do país, como o UBS. De acordo com especialistas, cresce o consenso no país de que não há sentido, para essas instituições, competirem pelas mesmas coisas.

O JP Morgan, por sua vez, corroborou com as falas do CEO do Credit Suisse, reiterando que a posição de liquidez e de capital do banco, até o segundo trimestre, eram “relativamente saudáveis”.

 

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REFLEXÃO: Eddy Elfenbein, dono do site Crossing Wall Street: Seja paciente e ignore modismos. Foque no valor e não entre em pânico.

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