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Derrocada das criptos não atingiu “economia real”, diz membro do FMI

Em entrevista, Antonio Garcia Pascual disse que, embora o mundo tenha escapado do contágio das criptos, cenário pode não ser o mesmo daqui a alguns anos

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Edição MarketMsg e invistaja.info

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O forte sell-off do mercado de criptomoedas ainda não se espalhou para o sistema financeiro mais amplo, de acordo com Antonio Garcia Pascual, vice-chefe da divisão de análise de mercado global do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Ainda que o valor de mercado total da indústria cripto tenha caído para US$ 873 bilhões – o menor patamar desde o pico de US$ 3 trilhões, em novembro de 2021, as baixas permaneceram, em grande parte, “dentro do ecossistema”, sem se espalhar para a “economia real”, disse Pascual no programa “First Mover” do CoinDesk, na sexta-feira (29).

“O que vimos foi uma grande mudança nos [ativos] mais arriscados”, incluindo determinadas stablecoins e tokens dentro das finanças descentralizadas (DeFi), disse Pascual.

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Mesmo assim, Pascual observa que aqueles nos Estados Unidos e em outros lugares que investiram quantias substanciais em criptomoedas perderam muito com a implosão da stablecoin TerraUSD (UST) em maio.

A entrevista seguiu o lançamento do relatório de julho “World Economic Outlook Update: Gloomy and More Uncertain” – “Atualização do Cenário Econômico Global: Sombrio e Mais Incerto”, em tradução livre – do FMI, que detalhou como a venda de ativos criptográficos “levou a grandes perdas em veículos de investimento em cripto” e “ao fracasso de stablecoins algorítmicas”.

Leia mais:• Ministro das Finanças de El Salvador diz que adoção do Bitcoin está “ganhando terreno”

O especialista lembra ainda dos problemas de liquidez que atingiram fundos e credores que compraram a rede Terra (LUNA). O fundo de hedge cripto Three Arrows Capital (3AC), por exemplo, perdeu mais de US$ 200 milhões com seu investimento na TerraUSD.

Da mesma forma, a corretora de criptomoedas Celsius Network, que entrou com pedido de falência por meio do “Chapter 11”, culpou seus problemas de liquidez ao “efeito dominó” decorrente do colapso do projeto Terra.

Maior adoção de criptos

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A visão de Pascual reflete comentários feitos por analistas do Citigroup em maio. Na época, os analistas do banco disseram que era improvável que o colapso do projeto Terra afetasse o sistema financeiro mais amplo, dado que a indústria de criptomoedas ainda é relativamente pequena.

Ainda assim, Pascual afirma que o universo de criptomoedas está crescendo e acha que as stablecoins algorítmicas serão adotadas mais amplamente – embora os reguladores tenham que definir primeiro uma política clara sobre elas, disse.

Durante a conversa, o especialista destacou que as criptos estão se expandindo relativamente rápido entre mercados emergentes que estão sofrendo o impacto de uma economia global cada vez pior, principalmente aqueles países com alta dívida, inflação crescente e moedas voláteis.

Para ele, embora as criptomoedas em si sejam voláteis, as blockchains públicas permitem que as pessoas transfiram seu dinheiro para um sistema financeiro global sempre ativo, escapando da turbulência doméstica. Além disso, disse, a necessidade de pagamentos transfronteiriços mais baratos provavelmente está impulsionando o uso.

Risco de contágio ainda existe

Embora o mundo tenha escapado do contágio das criptomoedas desta vez, a crescente adoção e influência das criptomoedas podem causar “resultados de risco global” na próxima vez, advertiu Pascaul.

Esse risco pode ser daqui a alguns anos, quando a criptomoeda for mais amplamente usada como alternativa às moedas domésticas. El Salvador e a República Centro-Africana já adotaram o Bitcoin (BTC) como moeda legal, por exemplo.

Pascual disse que, embora a adoção de uma criptomoeda como moeda legal possa impulsionar a inclusão financeira e representar um avanço na tecnologia, torna-se um problema quando um país adota uma moeda digital em meio a “questões relacionadas à estabilidade macro e financeira”.

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