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Dividendos em dobro e minério em momento único: as expectativas para a Vale em 2021 após mais um resultado sólido

Com mais um trimestre robusto e expectativa de que ação aos poucos mude de patamar na Bolsa após o acordo de Brumadinho, analistas seguem otimistas

Negociando na bolsa de valores

Edição MarketMsg e invistaja.info

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BGIP4 | P/Ativo: 0.0 | DY: 0.0079 | Pat.Liq: 497842000.0 | P/EBIT: 0.0 | P/Cap.Giro: 0.0 | EV/EBIT: 0.0

FLORIANÓPOLIS | invistaja.info — Resultados robustos, forte pagamento de dividendos e expectativa de proventos ainda maiores pela frente. A mineradora Vale (VALE3) divulgou mais um balanço elogiado pelos investidores e analistas de mercado, apoiado pela alta do preço do minério de ferro e uma forte geração de caixa no período.

A mineradora Vale teve lucro líquido de US$ 739 milhões no quarto trimestre do ano passado, ante prejuízo líquido de US$ 1,56 bilhão no mesmo período de 2019, ainda que abaixo da média das projeções dos analistas compiladas pela Refinitiv, que apontavam para um resultado positivo de US$ 6,56 bilhões.

Segundo a empresa, o resultado foi impactado principalmente por maiores despesas relacionadas à tragédia do rompimento de barragem em Brumadinho (MG), seguindo o Acordo Global para reparação. A companhia assinou em fevereiro um acordo de R$ 37,69 bilhões para reparação de danos coletivos causados pelo rompimento de barragem da mineradora em 2019 em Brumadinho, com autoridades de Minas Gerais, encerrando ações coletivas na Justiça. O acordo impactou o resultado do quarto trimestre em US$ 3,872 bilhões.  Além disso, a empresa realizou provisões adicionais para descaracterização de barragens de US$ 617 milhões.

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Contudo, apesar do acordo impactar os números da empresa no trimestre, a visão dos analistas é que, uma vez que o o certame seja concluído, a companhia volta aos poucos “à vida normal”, o que também levará a uma mudança de patamar das ações na Bolsa, ajudando a companhia a diminuir a diferença com os seus pares, como BHP e Rio Tinto.

Já o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) de Minerais Ferrosos de US$ 8,8 bilhões no quarto trimestre foi US$ 2,944 bilhões de dólares superior ao do terceiro trimestre, alcançando seu segundo maior Ebitda ajustado da história.

A XP aponta que a Vale reportou resultados mais fortes do que o esperado no quarto trimestre de 2020, com Ebitda ajustado total de US$ 9,1 bilhões (excluindo o acordo de Brumadinho), um aumento de 47% na base trimestral, 15% acima do esperado pelos analistas Yuri Pereira e Thales Carmo, enquanto ficou 13% acima do consenso.

O principal destaque foi a realização de preços acima do esperado em minério de ferro, de US$ 130,70 a tonelada, com alta de 17% na base trimestral e 8% acima da estimativa dos analistas. Enquanto isso, a geração de caixa operacional foi de US$ 4,9 bilhões, com o Ebitda mais forte. A XP reiterou recomendação de compra para a Vale, com preço-alvo de US$ 25 para o ADR e de R$122 para a ação.

O Bradesco BBI destacou, por sua vez, que o Ebitda recorrente ficou um pouco abaixo de sua estimativa, de R$ 9,2 bilhões, mas acima do consenso, enquanto os dados operacionais ficaram em linha com suas estimativas. A divisão de metais básicos teve Ebitda de US$ 1,1 bilhão, além da estimativa de US$ 930 milhões do banco.

Dividendos robustos no radar

Em sequência aos bons números, a companhia divulgou ainda o pagamento de proventos  de por volta de R$ 4,26 por cada ação VALE3 (cerca de US$ 0,77 por ADR), implicando um rendimento anualizado 9,1%, com pagamento a ser realizado em 15 de março e data ex (em que as ações passam a ser negociadas sem direito aos dividendos) em 5 de março.

Para 2021, a XP espera um retorno mínimo com dividendos de 8,6%, considerando um preço médio de minério de ferro de US$ 135 a tonelada.

Na mesma linha, a Safra Corretora aponta esperar que a empresa continue se beneficiando de preços favoráveis, que devem suportar uma boa geração de caixa, abrindo espaço para bons pagamentos de dividendos. Conforme destaca a equipe de análise da Safra Corretora, o fluxo de caixa livre de US$ 4,9 bilhões no trimestre ajudou a levar a Vale a uma posição de caixa líquido de US$ 898 milhões, enquanto que a dívida líquida expandida (que considera outros compromissos financeiros) caiu no trimestre, para US$ 13,3 bilhões (de US$ 14,5 bilhões), mesmo com o aumento das provisões de Brumadinho. A expectativa é de que o endividamento continue diminuindo com boa geração de caixa.

“Nosso modelo, que considera conservadoramente o minério de ferro médio em US$100 a tonelada em 2021, permite dividendos totais de US$ 8 bilhões em 2021, portanto, o rendimento potencial poderia pelo menos dobrar”, apontam os analistas.

Durante a teleconferência com os diretores da mineradora, a mensagem passada foi positiva sobre os preços das commodities, o que também deve guiar um maior pagamento de dividendos.

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Os executivos da companhia apontaram que os mercados de suas principais commodities estão favoráveis, citando ainda que os prêmios do minério de ferro vivem um “momento único”, diante de vários fatores, como o alto nível de utilização dos altos-fornos de siderúrgicas na China.

Eles ainda apontaram  que querem acelerar os projetos de cobre no futuro, acrescentando que estão “confiantes” em um cenário altista para os preços do metal vermelho.

Ainda nesta sexta-feira, a companhia manteve meta de produção de minério de ferro para 2021, estimada em intervalo de 315 milhões a 335 milhões de toneladas.

Em 2020, a Vale produziu 300,4 milhões de toneladas de minério de ferro, com recuo de 0,5% ante o ano anterior, em meio a efeitos da pandemia, restrições para a disposição de rejeitos e atrasos na abertura de novas frentes de lavra em Serra Norte, que anularam efeitos do retorno das atividades em algumas minas e o desenvolvimento da mina S11D, no Pará. A restrição de produção da companhia foi um dos fatores para a forte alta do preço do minério de ferro, associada à demanda robusta da China.

“O potencial de dividendos é claro. A administração está confiante nas perspectivas de geração de fluxo de caixa livre da empresa. Os preços do minério de ferro e o desempenho operacional devem continuar sustentando o fluxo de caixa livre recorrente, enquanto as necessidades de capital de giro devem se reverter significativamente já no primeiro trimestre, uma vez que a empresa recebe a grande quantidade de contas a receber do último trimestre. Os dividendos, portanto, provavelmente permanecerão robustos”, avalia o BBI.

Enquanto isso, a produção de minério de ferro está no caminho certo, na avaliação dos analistas, com o plano de retomada na produção progredindo de acordo com o planejado, com Timbopeba devendo voltar a produzir no final de março. Os volumes de produção do primeiro trimestre foram mais fortes do que o esperado, devido às condições climáticas de janeiro. Já a as siderúrgicas da China devem continuar mantendo o interesse pelos produtos da Vale.

Assim, os analistas do banco reafirmam a classificação outperform para a ação, com preço-alvo de US$ 24 por ADR da companhia, ressaltando que os papéis estão sendo negociados a um desconto “não merecido” de 39% frente a Rio Tinto (os analistas avaliam que um desconto de 10% seria mais razoável neste momento). O dividend yield (dividendo em relação ao preço da ação) da Vale está atualmente em 10% (com riscos de alta), em comparação com os 7% da Rio Tinto, avaliam.

A visão para as ações da mineradora é majoritariamente positiva, conforme mostra a compilação feita pela Refinitiv com as casas de análise que acompanham o papel VALE3: de 8 casas, 7 recomendam compra e 1 tem recomendação neutra. O preço-alvo médio é de R$ 104,91, o que configura um potencial de valorização de 9,61% em relação ao fechamento de quinta-feira. Já para o ADR, 22 casas cobrem o ativo, com 20 recomendando compra, 2 com recomendação neutra e preço-alvo médio de US$ 20,68, ou alta de 20,51% frente o último fechamento.

Desta forma, o resultado ajudou a corroborar a resiliência da companhia e as boas perspectivas para o ano.

“As perspectivas para os resultados da companhia são excelentes para o ano de 2021, com a companhia aumentando a produtividade de suas plantas sem a necessidade de investimentos robustos, como em anos anteriores, além dos preços médios mais altos pela forte atividade da China que deve continuar pelo menos para o restante do ano. Além disso a restrição da importação do carvão da Austrália para a China, tem feito os preços do carvão ficarem em patamares mais altos no país, dando preferência ao minério de maior qualidade, que possui prêmio em relação à cotação de referência do minério de 62 por cento de qualidade, produto que a Vale vende em grande quantidade”, aponta a Levante Ideias de Investimentos.

Com isso, soma-se as  expectativas para dividendos robustos, com geração de caixa saudável, custo de produção em queda constante e patamar de endividamento baixíssimo, além da baixa necessidade de desembolso para investimentos nas operações. Assim, após um 2020 positivo, em que as ações subiram mais de 70%, a expectativa é de um 2021 promissor para a mineradora.

(Com Reuters)

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REFLEXÃO: Michael Batnick, gestor de patrimônios da Ritholtz: Evitar erros catastróficos é mais importante do que construir o portfólio perfeito.

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