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Embraer já gastou mais de R$ 806 milhões em negócio frustrado com a Boeing — e valor deve aumentar

Empresa brasileira cobra ressarcimento da americana há mais de 3 anos, mas alerta investidores que pode não ser indenizada e perder ainda mais dinheiro

Informação para quem vive o mercado

Edição MarketMsg e invistaja.info

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ESTC11 | Mrg.Liq.: 0.0038 | Div.Brut/Pat.: 1.72 | P/EBIT: 3.68 | P/Cap.Giro: 2.34 | P/Ativo: 0.253 | Cotacao: 23.5

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A Embraer (EMBR3) já gastou mais de R$ 806 milhões com o negócio frustrado com a Boeing (BOEI34) — e ainda continua gastando, apesar de o acordo ter naufragado há mais de 3 anos. Agora, a empresa brasileira cobra ressarcimento da americana pelo rompimento do acordo, mas alerta seus investidores que pode não só não receber o dinheiro, como inclusive ser obrigada a “pagar danos monetários significativos à Boeing”.

Para chegar ao valor, o (MarketMsg) analisou as demonstrações financeiras da Embraer dos últimos seis anos, além de documentos públicos depositados na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e na SEC (Securities and Exchange Comission), pois a companhia não se pronuncia publicamente sobre o assunto.

Ela também passou a evitar usar o nome da Boeing em seus balanços, sobretudo a partir de 2022, o que fez a reportagem ter de procurar as informações de outras formas: pesquisando por “Yaborã” (nome que a divisão comercial da Embraer passou a ter após a separação do restante da empresa), “programa One Embraer” (nome do projeto para reintegrar o negócio) ou até pelo nome técnico “carve-out”.

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O desembolso milionário para a brasileira serviu não só para segregar a sua divisão comercial (que seria transformada em uma joint venture com a Boeing), mas também para reincorporá-la, depois que o acordo fracassou (a empresa receberia US$ 4,2 bilhões por 80% da nova empresa e ficaria com os outros 20%, se ele tivesse sido concluído).

Os mais de R$ 806 milhões foram gastos em:

R$ 485,5 milhões em 2019, após a assinatura do MTA (Master Transaction Agreement, o documento que definiu os termos do acordo);R$ 215,7 milhões no 1º semestre de 2020, antes de o negócio ser cancelado pela Boeing;R$ 105,6 milhões em 2021, com o programa One Embraer (criado para reintegrar a divisão comercial à Embraer).

Procurada pela reportagem, a Embraer afirmou que não se manifesta sobre o acordo frustrado nem sobre o processo de arbitragem, que se arrasta desde 2020 (a companhia processa e ao mesmo tempo é processada pela Boeing, devido ao fim do negócio). Mas a empresa é obrigada a tratar do assunto em seus balanços e nos documentos públicos depositados na CVM e na SEC — ela, por exemplo, demitiu cerca de 900 empregados no Brasil (4,5% dos funcionários) no terceiro trimestre de 2020.

Nos documentos, a Embraer diz que a Boeing “rescindiu indevidamente o acordo que criaria parcerias nas áreas da aviação comercial e de defesa & segurança, gerando custos significativos para nossa empresa” (veja mais abaixo). Já a gigante americana diz que tinha direito a cancelar o acordo, porque a brasileira não cumpriu os termos do contrato.

“Rescindimos nosso acordo para formar uma parceria estratégica depois que a Embraer não cumpriu uma série de condições importantes do contrato. A Embraer contestou nosso direito de rescisão e estamos arbitrando essa disputa em um processo confidencial. Não diremos mais nada sobre isso enquanto prosseguimos com a arbitragem”, afirmou a Boeing à reportagem.

Boeing x Embraer

Em meio à disputa entre as duas empresas, o (invistaja.info) tem publicado uma série de reportagens mostrando diferentes aspectos dessa briga pública. Um deles, envolve uma guerra por talentos: a Boeing tem avançado sobre os profissionais da Embraer — e de outras companhias com sede no Brasil –, contratando “a elite da engenharia aeroespacial brasileira”, nas palavras de Roberto Gallo, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde).

O foco começou por engenheiros de nível sênior, que têm anos de experiência, chefiam importantes áreas de desenvolvimento de aeronaves, e possuem acesso a informações privilegiadas de projetos com segredos industriais, como os caças Gripen. Nos últimos meses, a gigante americana passou a contratar também profissionais de meio e começo de carreira no país.

Desde o ano passado, a Boeing já contratou mais de 200 pessoas no Brasil — e mais de metade eram funcionários e ex-funcionários da Embraer. Além disso, está com dezenas de vagas em aberto em São José dos Campos, cidade de mais de 700 mil habitantes a cerca de 90 km de São Paulo, que é o berço da multinacional brasileira e do setor aeroespacial e de defesa do país.

Por causa das contratações em massa, a Boeing é alvo de uma Ação Civil Pública (ACP) na Justiça Federal, que tenta impor uma série de restrições à empresa, alegando que as contratações ameaçam a soberania nacional. A empresa americana diz que o movimento faz parte de uma estratégia global de crescimento, não local, mas admite que o país é um dos seus focos — assim como a Polônia, por exemplo.

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A Embraer é a terceira maior fabricante de aeronaves comerciais do mundo, atrás apenas da Airbus e própria Boeing, e líder no segmento de aviões de até 150 passageiros. Mas a escala das empresas é incomparável: enquanto a Embraer tem cerca de 18 mil funcionários em todo o mundo, a Boeing tem mais de 150 mil, contratou mais de 26 mil apenas em 2022 e pretende contratar mais 10 mil neste ano.

O (MarketMsg) também revelou nas últimas semanas que a Embraer notificou extrajudicialmente a Boeing, na sede da empresa nos Estados Unidos, devido à contratação dos seus engenheiros no Brasil. A brasileira afirma no documento que a americana se aproveitou do acordo frustrado para acessar indevidamente suas informações confidenciais, para contratar engenheiros, e a acusa de “se apropriar indevidamente de seus segredos de negócios e outras informações confidenciais” — o que a Boeing nega.

R$ 806 milhões (e contando…)

Os números e informações sobre os gastos da Embraer com o acordo — e também o rompimento — constam em demonstrações financeiras da empresa e em documentos públicos depositados na CVM e na SEC. Para chegar aos R$ 806 milhões, a reportagem analisou os balanços dos últimos seis anos (desde que a negociação entre as empresas se tornou pública, no fim de 2017).

Boeing culpa a Embraer

A Boeing rompeu o acordo com a Embraer em abril de 2020. Na ocasião, o mundo vivia a incerteza do início da pandemia de Covid-19 e a empresa americana enfrentava uma série de graves problemas com o 737-Max.

Dois aviões do modelo caíram em um intervalo de cinco meses, matando 346 pessoas, o que fez com que governos proibissem aeronaves do tipo de voar e companhias aéreas de todo mundo fossem obrigadas a permanecer com seus aviões em solo.

Contudo, ao anunciar a desistência, a Boeing afirmou que a Embraer não tinha cumprido o contrato. A empresa brasileira negou e disse que a Boeing rescindiu “indevidamente” o acordo, “fabricando falsas alegações”, e que a americana vinha adotando “um padrão sistemático de atraso e violações repetidas ao MTA (acordo), pela falta de vontade em concluir a transação, pela sua condição financeira, por conta dos problemas com o 737-Max e por outros problemas comerciais e de reputação”.

A Boeing também aborda em suas demonstrações financeiras o negócio frustrado com a Embraer e a disputa extrajudicial. No balanço do primeiro trimestre deste ano, a empresa americana afirmou que “a disputa está atualmente em arbitragem” e que não pode “estimar razoavelmente uma faixa de perda, se houver”, mas que espera que o processo seja concluído “no final de 2023 ou início de 2024”.

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