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Estados Unidos vs China: Onde fica o Brasil nesta briga?

Em meio à reunião da cúpula dos Brics, nomes da economia nacional e internacional buscam entender posição comercial do País

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Edição invistaja.info e MarketMsg

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Olhares atentos são lançados ao Brasil em meio ao agravamento da polarização global entre Estados Unidos e China. Enquanto participa da cúpula dos Brics, na Rússia, o Brasil passa pelo escrutínio de grandes nomes da economia nacional e internacional, atentos às sinalizações quanto ao alinhamento geopolítico brasileiro.

Sob a sombra das eleições americanas, que devem sinalizar para políticas mais ou menos protecionistas, países ainda lidam com a quebra de cadeias de produções globais ocasionadas pelas guerras no Oriente Médio e na Europa e com a instabilidade política agravada desde a pandemia de Covid-19.

Para Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, manter uma posição em que tente agradar a todos não seria sustentável para o Brasil. “Devemos ter de forma muita clara em nossas mentes que somos um país ocidental. Não parece tão claro para muitos”, disse o economista no evento Bloomberg New Economy, em São Paulo, na quarta-feira (23).

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“Eu penso, no entanto, que somos naturalmente parceiros comerciais multilaterais. Historicamente, os problemas mais profundos não nos impediram de negociar”, disse Fraga.

Com o mote “nova realidade, novas regras”, relevantes figuras do PIB nacional e mundial estiveram no palco do evento promovido pela Bloomberg. Na abertura do segundo dia de evento, na quarta-feira, o fundador da empresa de dados para o mercado financeiro, Michael Bloomberg, tratou “as questões que nos dividem, que dividem o debate”, como o ponto central do fórum.

Executivos como Wesley Batista, acionista da J&F e integrante do conselho da JBS (JBSS3), e Ana Cabral, CEO da mineradora canadense Sigma Lithium, concordam em uma postura de não-alinhamento com as grandes potências como um benefício para os negócios.

Wesley Batista avalia que deve haver um esforço de empresários, governos e imprensa para contornar o aumento de tensões. Na JBS as principais plantas de produção se encontram nas Américas, mas a China é o maior mercado consumidor.

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“Quando vemos que a China e os Estados Unidos aumentaram as tensões, claro que gera preocupação. Uma preocupação global, eu diria”, disse o executivo no evento Bloomberg New Economy. “O Brasil está fazendo a coisa certa, conversando com todos e buscando formas de encontrar soluções.”

Ana Cabral, brasileira que ocupa a principal cadeira executiva da Sigma Lithium, destaca que há de ser feita uma distinção entre o ponto de vista de nações e de empresas: “Temos que dar um passo para trás e ter uma visão mais ampla sobre a perspectiva das corporações e dos países.”

A CEO dá como exemplo o mercado de veículos elétricos, cujo lítio usado nas baterias é o principal mineral comercializado pela Sigma Lithium. “Nós também industrializamos óxido de lítio e competimos com a China. Nós competimos, nós ganhamos, e temos clientes lá. Só que a China tem 60% do mercado de veículos elétricos, a Europa tem 30% e os Estados Unidos, 10%”, explica.

Jon Huntsman Jr., ex-embaixador dos Estados Unidos na China, crê que as eleições americanas, agora em novembro, irão responder às frustrações quanto ao funcionamento dos sistemas e às alianças entre os países. Isso pode levar a uma visão mais unilateral e regionalista por parte dos países em relação às duas potências globais.

“Alinhamentos tradicionais serão vítimas de abordagens do tipo ‘faça você mesmo’”, disse o diplomata também em painel do Bloomberg New Economy.

“Devemos ver a restituição de uma espécie de construção bipolar. Embora a relação entre Estados Unidos e China sigam permeando tudo que veremos acontecer nos próximos anos, devemos ver grupos regionais surgindo, porque países não vão querer apostar em um país diretamente”, argumentou.

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