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No fim de 2023, o rali visto na Bolsa brasileira foi puxado, principalmente, pela perspectiva de que o Federal Reserve iria iniciar seu ciclo de queda dos juros em março deste ano. Em janeiro, por outro lado, o Ibovespa sofreu e fechou em queda de 4,79% pelo ajuste de visões, com o mercado adiando a projeção do início dos cortes para a reunião de maio. Na véspera, o presidente da instituição, Jerome Powell, reforçou a percepção ao ser mais duro e apontar que não enxerga um corte na próxima reunião.
É normal haver um fluxo de saída de capital estrangeiro da Bolsa brasileira após falas mais duras de dirigentes do Federal Reserve. Investidores, quando isso acontece, ficam mais cautelosos, preferindo ativos como a renda fixa norte-americana, além de diminuírem suas posições em países emergentes – mais dependentes de commodities e do crescimento da economia global (que é minimizado por juros mais altos).
A Rico, em relatório, lembra que no dia 25 de janeiro foi publicado que, até a data, os “gringos” já haviam retirado R$ 5 bilhões do Brasil. A visão da casa, porém, reforça que essa forte saída de capital se deve não a uma preocupação com o Brasil, mas justamente à leitura do cenário macroeconômico global. Eles lembram que no final de dezembro de 2023, o mercado precificava uma probabilidade de 88% para corte de juros em março pelo Fed e que, naquela data, esse número havia caído para 45%. Na véspera, após a fala de Powell, os mercados passaram a ver apenas 35% de chance de um primeiro corte de juros em março.
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“Continuamos construtivos com ações brasileiras, pois entendemos que essa saída de capital estrangeiro está mais relacionada a fatores externos do que a mudanças na percepção dos gringos do mercado brasileiro”, diz a equipe, mencionando ver que investidores domésticos devem voltar para as ações, com cortes da Selic, e que a “Bolsa brasileira segue barata”. A última quarta-feira, por sinal, foi marcada pela continuidade do corte de juros pelo Banco Central brasileiro, passando de 11,75% para 11,25% ao ano, e sinalizando continuidade das quedas no mesmo ritmo de 0,5 ponto percentual.
Em relatório publicado nesta quinta-feira (1), estrategistas da XP Investimentos apontam que, apesar de dados macroeconômicos mais fracos e as falas das autoridades monetárias terem derrubado o Ibovespa em janeiro, há motivos para acreditar que o índice vá subir ao longo de 2024.
O primeiro ponto destacado pela equipe de estrategistas da casa, liderado por Fernando Ferreira, é que, apesar do macro, as projeções de lucros continuam a ser revisadas para cima. “Nos últimos 3 meses, o as estimativas de LPA [lucro por ação do Ibovespa tem sido revisadas para cima em 4% em 2024 e em 10% no último ano. Olhando para os lucros dos setores, vemos que: Energia, Serviços de Comunicação e Saúde tiveram as maiores revisões”, dizem.
Com isso, chega também a interpretação de que o valuation das companhias está atrativo. Segundo a XP, com o LPA do Ibovespa sendo revisado por 10% ao longo do ano passado, junto a um crescimento de 12% do índice neste mesmo período, o múltiplo preço por lucro (P/L) não expandiu significativamente, saindo de 6,4 vezes para 8 vezes. A projeção de Ibovespa ao fim do ano a 142 mil pontos foi mantida.
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A estrategista da XP Jennie Li, em participação no evento Onde Investir, do (MarketMsg), afirmou em meados de janeiro que o momento no qual os cortes de juros começarem nos EUA importa pouco para quem quer investir com o pensamento no longo prazo.
“Juros são o grande tema do momento. Mas, quando comparamos com 2023, temos hoje um cenário totalmente diferente. No ano passado, a questão era até quando os juros iam subir lá fora. Agora, a questão é quando os bancos centrais, principalmente o Federal Reserve, irão cortar os juros”, falou.
Ela, no entanto, pondera que dados mais fortes podem fazer o mercado se preocupar mais com os juros altos por mais tempo, o que pesaria no mercado no curto prazo. Dados mais fracos, dependendo do nível, podem também levar a precificação de cortes antes, o que seria positivo, mas muito fracos também levam a preocupação de recessão.
“Dependendo dos próximos dados, indicando uma recessão, começaríamos a sair da narrativa de soft landing [pouso suave]”, diz. “Há cenários diferentes. Amanhã, todo mundo estará de olho no payroll, mas tudo continuará dependendo do nível que ele supere ou fruste as expectativas”.
Já o JP Morgan, há uma semana, divulgou um relatório sustentando sua visão para o Ibovespa ao longo de 2024. O banco enxerga o índice nos 142 mil pontos no fim do ano.
Um dos catalisadores, para eles, deve ser o fluxo. Mesmo que o potencial de valorização da Bolsa diminua, a Selic (taxa básica de juros) em baixa deve dar uma margem de segurança para os atuais níveis, com os locais saindo da renda fixa para os ativos de risco. “Fora isso, o apetite estrangeiro pelo Brasil é saudável, e deve continuar sendo, impulsionado pela falta de atratividade das ações da China e pelo ciclo doméstico positivo”, diz o JP em relatório.
Os estrategistas mencionam ainda que a perspectiva para a economia do Brasil é de crescimento. Apesar da desaceleração, com a projeção de 1,6% de aumento do PIB em 2024, contra 3% em 2023, o primeiro semestre deste ano deve ser melhor que o último de 2024.
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REFLEXÃO: Ben Carlson, autor de A Wealth of Common Sense – A riqueza do senso comum, em tradução livre: Menos é mais. O processo de investimento deve ser mais importante que os resultados. Comportamento correto na hora de investir é a chave.
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