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Gestores renomados divergem se BC deveria elevar juros para além de 12% neste ano

JGP e Legacy são algumas das casas que avaliam que será preciso um ajuste mais duro da taxa básica de juros, enquanto a Ibiuna defende que uma alta de 1,5 ponto é “suficiente”

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Um dos temas que chamaram a atenção de investidores, neste sábado (31), durante painéis na ExpertXP 2024, foi a divergência apresentada por renomados gestores acerca da magnitude de alta da Selic neste ano.

Do lado considerado um pouco mais conservador, Rodrigo Azevedo, sócio-fundador da Ibiuna Investimentos, argumentou que um ajuste de 1,5 ponto da taxa básica de juros até o fim de 2024 seria “suficiente”.

“Eu tenho uma forte preferência de achar que nesse momento do Brasil, o BC tinha que ser proativo. Se esse é o caso, os nossos modelos sugerem que um ajuste na casa de 1,5 ponto percentual [até o fim do ano] seria suficiente para você atravessar esse período de maiores incertezas à frente, com maior segurança de que a inflação está indo para a meta”, destacou Azevedo, ao participar de um painel.

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Já André Jakurski, sócio-fundador da JGP Asset Management, avaliou que o BC precisaria realizar um ajuste ainda mais duro e elevar a Selic para além de 1,5 ponto percentual, se quiser mirar uma meta de inflação de 3%.

“O que eu percebo é que [o BC] não está mirando 3% [de meta de inflação], está mirando 4%. Não é que seja a vontade expressa dele, mas na prática, está indo nessa direção”, disse Jakurski no mesmo painel.

Se o BC optar por um ajuste menor, de até 1,5 ponto percentual, a visão de Jakurski é que isso “não vai fazer diferença nem para a economia, nem para a inflação, e nem para a Bolsa”.

Juros “fora do lugar”

Felipe Guerra, CIO da Legacy Capital, também comentou sua visão sobre o cenário de juros brasileiros. Na visão do executivo, o ciclo de alta da Selic deveria ir além de 200 pontos-base, ou seja, de 2 pontos percentuais, o que levaria a taxa básica de juros para patamares superiores a 12,50% ao ano.

“Tudo aponta para uma inflação superior a 5%. Acho que está óbvio que o juro está ‘errado’ e ‘fora do lugar’. O desemprego está no low [valor bem baixo], a economia está acelerando, diferentemente do cenário externo, e o crédito para PJ [pessoa jurídica] está nos níveis de 2021, quando os juros eram de 2%”, ponderou.

Guerra defendeu uma subida mais agressiva dos juros no início do processo de aperto monetário, alegando que uma alta de apenas 0,25 ponto em setembro seria um “equívoco”. “Deve ser um ciclo acima de 200 pontos [2 pontos percentuais], começando por 50 bps [0,50 ponto percentual]”, disse.

O gestor da Legacy mencionou ainda que um câmbio mais depreciado, no patamar entre R$ 5,65 e R$ 5,70, seria outro indicativo de que a política monetária nacional está no “trilho errado” e que o modelo do Banco do Central de projeção de 3,20% virou uma “peça de ficção” e que será visto como “folclore e uma bobagem daqui para frente”.

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No comunicado da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de julho, o colegiado trouxe que, no cenário de referência, a projeção da inflação acumulada em quatro trimestres para o primeiro trimestre de 2026 é de 3,4%, enquanto, no cenário alternativo, a projeção é de 3,2%.

Em julho, Guerra foi dos poucos que defendeu que o Banco Central deveria preparar o mercado para uma possível alta dos juros em setembro, diante da piora das expectativas de inflação.

Indicação de Galípolo

Já o renomado gestor e fundador da Verde Asset Management, Luis Stuhlberger, foi sucinto ao falar sobre o cenário de juros e disse acreditar que o BC deverá elevar a Selic na reunião de setembro, sem especificar o patamar para a taxa básica de juros no fim de 2024 ou no término do ciclo de aperto monetário.

“O mercado já dá só 15% de chance de a taxa de juros não subir [na próxima reunião do Copom]. Acho que isso vai acontecer. Embora muita gente, principalmente fora do mercado financeiro, ache que isso não vai ocorrer, eu acho que vai”, disse.

Stuhlberger também comentou sobre a recente indicação de Gabriel Galípolo, atual diretor de política monetária do Banco Central, para suceder Roberto Campos Neto, atual presidente da autoridade monetária, que encerra o mandato no fim deste ano.

Segundo o fundador da Verde, a indicação do diretor foi uma “surpresa positiva”. “Olhando o PT como governo, o que aconteceu no governo Dilma, e para o que o Lula falou por meses, sobre independência do Banco Central, e que um Banco Central petista teria que ter uma política monetária com juros mais baixos, [a indicação de Galípolo] é uma surpresa positiva do lado do governo do PT”, defendeu.

O gestor ponderou que o indicado de Lula fez declarações “antagônicas e um pouco confusas” recentemente, mas que, “no final do dia, esse comprometimento com a meta de inflação e de subir juros agora é uma surpresa boa”.

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REFLEXÃO: Michael Batnick, gestor de patrimônios da Ritholtz: Evitar erros catastróficos é mais importante do que construir o portfólio perfeito.

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