Ibovespa fecha no vermelho com bancos e Petrobras; Vale sobe

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Parou tudo! E quando parou, estava ali marcado: o Ibovespa perdeu nesta quarta-feira 0,49%, aos 145.517,35 pontos, uma queda de 719,67 pontos. Hoje, não teve recorde. Mas também não dá para dizer que o Ibovespa parou com essa deliciosa mania de renovar máximas, só não aconteceu hoje.

O dólar comercial oscilou próximo da estabilidade e acabou parando em mais 0,11%, a R$ 5,329, mas a fraqueza a divisa norte-americana é global. E os DIs (juros futuros) estabilizou a curva toda em queda, embora sem muita amplitude.

Shutdown nos EUA

A paralisação do governo dos EUA, conhecido como shutdown, literalmente um “desligamento”, foi o grande assunto do dia.

Por lá, era esperado que o desentendimento não parasse no Congresso e que de fato a falta de acordo levasse à paralisação das ações do governo federal norte-americano. Não deu outra. Donald Trump culpou com entusiasmo os “democratas enlouquecidos”, na esperança de que eles assumam as consequências políticas. Mas o presidente pode enfrentar reações negativas devido à sua liderança tumultuada. Todos perdem, ao final das contas.

A aposta é que a paralisação deve se esticar por duas semanas outubro adentro. Historicamente, as paralisações duram em média 14 dias, segundo levantamento do Bank of America desde 1990.

Sem payroll

Mas as consequências graves já serão sentidas esta semana. Não para em funcionários demitidos, segundo ameaças do governo Trump, ou atividades usuais bloqueadas. Simplesmente, não vai ter payroll esta sexta-feira (3) e o payroll é só o relatório mais importante sobre o mercado de trabalho para os olhos do Federal Reserve na sua compreensão para definir as taxas de juros.

Em um momento em que o Fed luta para manter sadio o emprego nos EUA, essa paralisação causa arrepios. É trabalhar no escuro.

“É doloroso não receber estatísticas oficiais justamente quando estamos tentando entender se a economia está em transição”, disse Austan Goolsbee, presidente do Fed de Chicago e membro votante do comitê de política monetária.

O obstáculo ocorre justamente quando a Suprema Corte deu um basta na ideia do governo Trump de tirar Lisa Cook do Fed. Ela fica.

No final das contas, os principais índices em Nova York se mostraram mais otimistas e fecharam no azul, apostando que o problema não vai se estender tanto assim e se encerra logo. Assim, o S&P 500 conseguiu novo recorde.

Conversa entre Trump e Lula não anda

Mas o problema é obviamente global. No Brasil, a paralisação parece afetar inclusive a “química” entre Lula e Trump. O governo brasileiro tenta fazer os acertos para a conversa entre os dois líderes das maiores economias das Américas, mas até agora não há precisão de quando irá acontecer.

“Não foi combinado nenhum encontro específico, não foi combinada nenhuma viagem, seja do presidente Trump ao Brasil, seja do presidente Lula aos EUA agora no curto prazo. Foi sim combinado um contato que julgamos no Itamaraty, e creio que todos os cidadãos brasileiros, muito favorável para as relações bilaterais”, afirmou o ministro. Ou seja, não está tudo parado, mas também não está andando.

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Banco e Petrobras caem

Na composição do principal índice da Bolsa brasileira houve também quem tenha parado. Os bancos, por exemplo, pararam de subir e caíram com amplitude nesta quarta-feira: Banco do Brasil (BBAS3) desceu 0,72%, Bradesco (BBDC4) caiu 1,70%; Itaú Unibanco (ITUB4) recuou 1,81% e Santander (SANB11) cedeu 1,53%.

Petrobras (PETR4), por sua vez, oscilou bastante nesta sessão, não parou de cair e terminou com baixa de 0,25%, em dia que o petróleo internacional mais uma vez desceu. Braskem (BRKM5), que vinha sido o impulso negativo de Petrobras nos últimos dias, hoje subiu com mais 4,57%, após o CADE dar uma pausa na novela e aprovar a possível venda para fundo ligado a Nelson Tanure.

Magazine Luiza (MGLU3) parece ter parado com o ímpeto altista de setembro e começou outubro no zero a zero, mas Lojas Renner (LREN3) se recuperou no final e subiu 0,13%. GPA (PCAR3), após a forte baixa de ontem, valorizou 5,28%.

Vale (VALE3) deu um tempo na oscilação e emendou a terceira alta seguida, agora com amplos 1,27%.

Mas WEG (WEGE3) não parou com a turbulência e hoje desceu 2,19%, com corte de recomendação por analistas do Citi, enquanto JPMorgan projeta até 40% de alta para a ação.

Gerdau (GGBR4) deu um tempo nas ambições de investimentos e analistas viram essa trava como positiva. Assim, GGBR4 subiu hoje 2,11% e GOAU4 ganhou 2,42%.

Fora do índice, os saltos não cessam: DASA (DASA3) ganhou 4,65%, com venda de ativos não essenciais; Americanas (AMER3) ficou no zero a zero, com andamento na recuperação judicial; e, por outro lado, Oi (OIBR3) dissolveu 24,53%, com Justiça afastando diretoria e sinalizando falência.

Amanhã, é dia apenas com dados marginais. No Brasil, destaque para a inflação IPC-Fipe. Nos EUA, dados de seguro-desemprego estão marcados para sair, mas com tudo parado por lá, nunca se sabe. O que não pode parar é a atenção, a paciência e a sagacidade do investidor. Até porque os negócios seguem, esses não param. (Fernando Augusto Lopes)

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REFLEXÃO: Michael Batnick, gestor de patrimônios da Ritholtz: Evitar erros catastróficos é mais importante do que construir o portfólio perfeito.

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