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Inflação dos serviços tira “brilho” do IPCA-15 e pode retardar fim do ciclo de alta dos juros

Analistas veem cenário desafiador, ainda que a previsão seja de inflação mais amena para o segundo semestre

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Edição invistaja.info e MarketMsg

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A prévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), referente a julho, desacelerou para 0,13% e veio um pouco abaixo do projetado pelo mercado (0,16%). “Desde junho de 2020, não se via um número tão bom de desaceleração”, destacou o economista Fabio Louzada, sobre o resultado. O headline do IPCA-15 refletiu uma deflação de 1,51% nos preços administrados, com destaque para combustíveis automotivos e energia elétrica residencial. Com o ICMS limitado a 17% sobre itens essenciais, já era esperado que a prévia de inflação de julho mostrasse algum alívio. Mas olhando o número a fundo, outros componentes do índice inspiram preocupação.

Seis dos nove grupos pesquisados apresentaram alta. O de serviços acelerou 0,84%, acima do esperado e de forma generalizada. A CM Capital observa que os serviços deveriam ser mais responsivos à política de aperto monetário do Banco Central, mas em vez de apresentarem inflação mais amena, ainda passam por grande pressão. “Julho trouxe apenas os impactos deflacionários das medidas legislativas aprovadas recentemente, que devem afetar fortemente a inflação do IPCA fechado de julho e de agosto”, escreveram os analistas da casa.

Segundo Raone Costa, economista-chefe da Alphatree, ainda que o aumento de preço dos serviços seja menor que o de outros bens, sua inflação é inercial. “Demora para ter movimentos de alta e demora para ter movimentos de baixa. O que os últimos dados vem mostrando, e o IPCA-15 de julho não é exceção, é que o grupo está iniciando seu movimento de alta e isso é uma má notícia para o combate à inflação”, afirma Costa.

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Para Tatiana Nogueira, economista da XP, a leitura do IPCA-15 foi de neutra para hawkish (indicando aperto monetário, com preocupação sobre a inflação). “Enquanto a maior deflação da eletricidade deve ter sido apenas antecipada, a pressão sobre os preços dos serviços pode durar mais”, afirma. Os serviços também deixaram a média dos núcleos da inflação acima da expectativa, em 0,71%. Em 12 meses, o indicador de núcleo subiu de 10,4% para 10,5%. O índice de difusão, por outro lado, permaneceu praticamente estável, em 0,68%.

Deflação à vista?

Leonardo Costa, economista da ASA Investments, acredita que o segundo semestre deve apresentar taxas de inflação mais baixas. “O impacto das desonerações vai aparecer mais ainda nos próximos meses. A gente vai chegar a ter uma deflação grande no IPCA de julho e uma sobrinha em agosto”, afirma.

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Ainda falta a redução do ICMS se refletir em deflação para as telecomunicações. “As operadoras já haviam alertado que poderia haver um atraso na transferência devido a dificuldades operacionais. Vamos adiar a deflação esperada para o grupo”, observa Tatiana, da XP.

João Savignon, economista da Kínitro Capital, diz que, para o IPCA de julho cheio, as quedas irão se aprofundar, levando a uma deflação entre 0,60% e 0,70%. “No entanto, as medidas subjacentes da inflação continuam mostrando uma composição ruim do índice, com serviços, bens industriais e núcleos elevados, já que as medidas foram muito localizadas nos preços administrados”, ressalva.

Para ele, ainda que o pica da inflação tenha ficado para trás, o cenário é desafiador. Em 12 meses, o IPCA-15 acumula alta de 11,39%, vindo de 12,04% em junho. “A inflação resistente, somada a um maior crescimento da atividade, mantem elevados os desafios para o Banco Central em querer encerrar o ciclo de elevação dos juros em sua próxima reunião em agosto”, afirma.

Em relatório, o Goldman Sachs também afirma esperar IPCA negativo em julho, como reflexo da redução temporária de impostos. “Mas nos mantemos preocupados com pressões subjacentes intensas e altamente disseminadas sobre serviços e bens de consumo local em um cenário de aperto no mercado de trabalho e grandes estímulos fiscais adicionais para o segundo semestre de 2022”, diz análise do banco.

Para o Goldman, o cenário inflacionário desafiador e a postura hawkish dos Bancos Centrais pelo mundo tendem a fazer com que o Copom eleve os juros em 50 pontos-base na reunião da semana que vem – e deixe uma porta aberta para uma alta adicional em setembro.

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