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palavras-chave: Lula deve ser eleito presidente em 2022, diz Credit Suisse; o que o banco espera para a economia em um eventual terceiro mandato?; invistaja.info;
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Em extenso relatório sobre as eleições de 2022, Solange Srour e Lucas Vilela, economista do Credit Suisse, destacaram o perfil do eleitor brasileiro e dos candidatos à presidência, além das perspectivas do banco suíço para o resultado do pleito.
Olhando para as pesquisas eleitorais, os economistas apontam que as intenções dos eleitores no primeiro turno mostram uma vantagem confortável para os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual presidente Jair Bolsonaro (PL).
Lula parece ter uma base sólida de cerca de 40% das intenções de voto, o que é menos do que seu pico de 47% observado em dezembro de 2021. Em segundo lugar, está Bolsonaro, com uma posição sólida de aproximadamente 30%. A distância para os outros candidatos é significativa, o que reduz muito a probabilidade de um cenário de segundo turno com outros candidatos que não Lula e Bolsonaro.
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Os principais candidatos da “terceira via” (ou seja, nem Lula nem Bolsonaro) são Sergio Moro (Podemos), Ciro Gomes (PDT) e João Doria (PSDB). Moro atualmente tem 9%; Ciro Gomes tem cerca de 8% das intenções de voto nas pesquisas atuais, enquanto Doria tem 3% das intenções de voto.
Se houver um segundo turno, o cenário mais provável seria uma disputa entre Bolsonaro e Lula em 30 de outubro, avaliam. Em todos os cenários discutidos, esperam que Lula ganhe em todos os turnos enquanto Bolsonaro perderia para Ciro Gomes e estaria tecnicamente empatado com Moro. Dentre o cenário de segundo turno mais provável, Lula contra Bolsonaro, o petista tem margem alta sobre o atual presidente, indicando um cenário desafiador para o titular, avaliam.
Por outro lado, os números mostram uma parcela substancial do eleitorado ainda indecisa, e o total de em branco/nulo/não representa um alto percentual de votos: no primeiro turno, quase 10% dos votos, enquanto no segundo turno, quase 20%. “Assim, o rumo que essa parcela do eleitorado tomará será decisivo na escolha do novo presidente, o que reforça a necessidade de monitorar as pesquisas eleitorais à medida que a data da eleição se aproxima”, avaliam.
O que esperar se Lula for eleito?
O banco destacou o que esperar para o pleito de 2022: “nós esperamos que Lula seja eleito”. Isso leva à pergunta: o que os economistas da instituição esperam de um terceiro mandato do petista?
O consenso (inclusive o que está sendo precificado no mercado) agora é que ele será pragmático, aprovando reformas e avançando no processo de consolidação fiscal como fez em 2003, e que ele provavelmente não governaria em linhas populistas, como o discurso atual de membros de seu partido sugeririam.
“Na verdade, Lula é um político experiente e sabe que, para poder governar o país nos próximos anos, ele precisará manter sua popularidade alta. Dadas as atuais condições econômicas – crescimento fraco, inflação alta e juros altos, além do aumento da desigualdade de renda e alto endividamento -ele precisaria começar sua administração com alta credibilidade e ação”, avaliam os economistas do banco.
Os economistas lembram que, em junho de 2002, pouco antes da eleição presidencial, Lula escreveu uma “Carta ao Povo Brasileiro”, comprometendo-se a manter o controle das contas públicas e inflação. “Desta vez, não haverá tal carta, mas o fato de que o antigo presidente está fazendo propostas para partidos de centro-direita e direita traz confiança de que ele será pragmático”, avaliam os economistas.
A decisão de realizar uma campanha com tom centrista também está correta de um ponto de vista eleitoral, porque o eleitorado se deslocou para o centro, apontam Solange e Vilela. Além disso, ressaltam que o sentimento antipetista continua forte dentro da população como era em 2018. Se Lula for eleito, o centrismo de sua campanha provavelmente se traduzirá em um coalizão de governo que também será centrista.
Apesar de um discurso mais ao centro, Lula e seus aliados do Partido dos Trabalhadores também fazem acenos moderados para a esquerda. Por exemplo, Lula vem afirmando que vai modificar algumas reformas feitas no governo Michel Temer (como a trabalhista), aumentar os gastos sociais e elevar os impostos sobre os ricos.
Lula pontuou a criação de um plano de governo desenvolvimentista e progressista, aumentando investimentos, e usando bancos públicos e empresas estatais. Apesar disso, avaliam os economistas, ele sabe que precisará dosar a intensidade dessas medidas dado o impacto no tripé macroeconômico formado por responsabilidade fiscal, câmbio flutuante e e metas de inflação.
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“Isso é especialmente verdade agora que ele conhece os efeitos do enfraquecimento do tripé com a estratégia adotada noeconomia do governo Dilma Rousseff. Ele também sabe que a radicalização assustaria uma porcentagem de investidores e da comunidade empresarial, piorando sua governabilidade”, avaliam os economistas.
Solange e Vilela não veem um governo Lula como extremamente pró-mercado e que realizaria reformas que colocariam a economia em um caminho inequívoco de consolidação fiscal, mas também não veem a eventual gestão acabando com a responsabilidade fiscal e colocando o país no caminho da insolvência.
Assim, o equilíbrio entre a agenda de reformas estruturais e a agenda desenvolvimentista a ser adotada por um eventual governo Lula dependeria de graus de liberdade a serem determinados pela margem em que ele ganharia a eleição, por sua base de coalizão no Congresso e pelo nível de preços (inflação, ativos financeiros e taxa de câmbio, por exemplo), avaliam os economistas.
Se Lula vencer a eleição por ampla margem e se os agentes econômicos não exercerem muita pressão (com uma estabilidade ou apreciação da taxa de câmbio, baixas taxas de juros futuros e baixo risco de crédito), então ele provavelmente governará com uma coalizão semelhante a de seu segundo governo, e haverá menos incentivo para adotar uma agenda pró-reforma.
Independente disso, Lula terá que contar com o apoio do Congresso para tem governabilidade. Uma das formas encontradas para conseguir a maioria no Legislativo é formar uma coalizão de governo, forjando uma aliança com os partidos para garantir que ela esteja alinhada com os interesses do Executivo. Historicamente, isso se consegue com a distribuição de ministérios (que durante o governo Lula chegou a 36) e cargos em agências reguladoras e corporações estatais.
Outra forma seria usar emendas orçamentárias favoráveis aos congressistas como um instrumento para obter apoio adicional para as agendas do governo. No entanto, as chamadas emendas do relator limitaram um poder de barganha que o Poder Executivo tinha em relação ao Legislativo.
É por isso, ressaltam os economistas, que Lula busca formar uma frente democrática que inclua centro-direita, partidos de centro e de centro-esquerda e de esquerda. No entanto, para que essa coalizão alcance resultados, Lula terá que construir pontes, negociar uma agenda clara e apoiar diversos programas. Caso contrário, ele correrá o risco de ser altamente limitado pelo Congresso, destacam.
“Em suma, se Lula for eleito, esperamos que o próximo governo tente impulsionar o crescimento econômico por meio de mais investimentos públicos e novos avanços em programas de bem-estar social. Para compensar os maiores gastos, a nova administração provavelmente aumentará a carga tributária (ou seja, por meio da criação do imposto sobre dividendos e imposto de renda mais alto)”, projetam. Além disso, Lula deve tranquilizar investidores sobre a capacidade do Brasil de estabilizar a dívida no médio e longo prazo.
Para este fim ser eficaz, será necessário implementar um forte processo de consolidação orçamentária, reconstruindo o quadro fiscal e revertendo os recorrentes déficits em superávits.
“Até o momento, não temos clareza sobre quais diretrizes e regras serão propostas pela nova administração para recuperar a credibilidade fiscal tão importante para reduzir os juros e retomar crescimento econômico sustentável”, apontam.
A manutenção do atual desequilíbrio fiscal, reforçam os economistas, representa alta incerteza, uma taxa de câmbio depreciada, alta inflação e taxas de juros, além de menores investimentos e consumo privado.
“Sem uma orientação crível e ações eficazes para reverter a situação, é provável que a economia continue registrando baixo crescimento econômico em relação aos seus pares”, ponderam os economistas.
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