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Magalu (MGLU3) e Via (VIIA3) saltam mais de 80% desde mínimas, mas ainda acumulam fortes quedas em 2022: o que esperar?

Analistas pontuam que ações têm subido por mudanças macroeconômicas, mas que ainda é cedo para definir se há consolidação de cenário

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Edição MarketMsg e invistaja.info

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CTKA4 | Mrg.Ebit: 0.0483 | Cresc.5anos: 0.1866 | Liq.2meses: 5159.51 | EV/EBITDA: 14.26 | Div.Brut/Pat.: -3.51 | ROE: -0.0227

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As varejistas brasileiras têm, até então, um ano intenso. Os papéis ordinários da Via (VIIA3) e os do Magazine Luiza (MGLU3) acumulam, respectivamente, quedas de 36% e de 45,6% no ano até a abertura desta quinta-feira (18), mas já subiram, na mesma ordem, 85,8% e 88,7% desde as suas mínimas de fechamento (até o fechamento da véspera) – todas registradas no dia 4 de julho deste ano.

Já as ações ordinárias da Americanas acumulam queda de 51,3% no ano mas se distanciaram em quase 19,7% do seu ponto mais baixo, também no começo do mês passado.

Tudo isso ilustra dúvidas que investidores têm quanto ao setor de varejo brasileiro, que enfrenta um momento desafiador.

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Apesar de as três empresas, todas muito ligadas ao e-commerce e à venda de produtos de linha branca, terem apresentado seus resultados trimestrais na semana passada, as recentes altas das ações – e anteriormente as baixas – para analistas, estão muito mais ligados ao cenário macro do que ao micro.

“Os resultados operacionais apresentados ainda vieram impactados por conta da inflação mais elevada, que prejudica o poder de compra da população. Isso afeta o rendimento dessas companhias”,  explica Carlos Daltozo, head de research da Eleven Financial. “Outro efeito negativo nessa temporada de resultados foi o juros elevado, com a Selic no patamar de 13,75%, que também pressiona o consumo e pesa no resultado financeiro das varejistas. Esses dois fatores, com menor crescimento e resultado financeiro negativo, levam as empresas a registrarem prejuízos”.

Neste último trimestre, o Magazine Luiza, por exemplo, repassou mais gastos ao consumidor, aumentando sua margem bruta em três pontos percentuais, para 28,6%. Do outro lado, porém, a receita líquida da varejista recuou 5% na base anual, para R$ 8,5 bilhões, com menos vendas, e o resultado financeiro, negativo em R$ 493,8 milhões, mais do que dobrou na mesma comparação.

Nas outras duas companhias, o movimento foi parecido. Na Via, a receita líquida caiu 2,9%, para R$ 7,6 bilhões, enquanto o resultado financeiro negativo saltou 135,2%, para R$ 574 milhões. A Americanas, apesar de ter aumentado sua receita líquida em 6,7% na base anual, para R$ 6,6 bilhões, também teve seu déficit financeiro mais do que dobrando em um período de doze meses, indo a R$ 555 milhões.

“A queda das ações acumulada nos últimos meses é reflexo de todo esse cenário. O mercado está desconfiado se essas empresas continuarão performando bem ou não. O segundo trimestre trouxe pelo menos alguns sinais de melhora operacional, sendo que as perspectivas não eram tão positivas”, complementa Victor Bueno, especialista da Nord Research.

Como a taxa de juros elevada pressiona muito as varejistas, sinais de que ciclo de alta pode acabar melhoram consideravelmente as projeções para o setor.

“Nos últimos dias, tivemos um movimento positivo para os papéis por conta do panorama de que a taxa de juros pode parar de subir, o que levaria a uma retomada do setor”, pontua João Daronco, analista da Suno Research.

Em julho, o principal índice de inflação brasileiro, o IPCA, trouxe que os preços recuaram 0,68%. Nos Estados Unidos, principal economia do mundo, também há sinais de que a alta dos preços está desacelerando.

Ainda nesta frente, os preços das commodities, que têm forte influência sobre a inflação, também vêm recuando nos últimos meses . O barril de petróleo Brent, por exemplo, chegou a ser negociado a US$ 130 em março e agora está negociado a cerca de US$ 94,4.

Todos esses fatores, que levam a uma crença de que o macro irá melhorar, sugerem que, no futuro, os balanços podem vir menos pressionados. Se a inflação continuar a cair, bem como as commodities, aumentam as chances de os bancos centrais terminarem mais rapidamente seus ciclos de altas.

Além disso, esses indicativos criam também um fluxo de saída de capital das companhias que se beneficiam da inflação mais alta para as que se beneficiam de uma economia mais aquecida e controlada, caso das varejistas.

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Cenário para Magazine Luiza e Via, porém, ainda é incerto

Os especialistas, porém, têm dúvidas quanto à consolidação do cenário – e isso também transparece na movimentação diária.

A volatilidade, além de estar presente no gráfico do ano, também aparece no dia a dia. O Magazine Luiza, nos últimos cinco pregões, registrou dois dias de quedas de cerca de 6% e dois de altas de quase 14%. A Via, por sua vez, teve um dia de alta de quase 18%, mas registrou queda de aproximadamente 8% em um único dia. As ações ordinárias da Americanas (AMER3) na última segunda-feira tiveram a sua maior alta da história, subindo 18%. Ao se avaliar os últimos cinco pregões, no entanto, a companhia ainda acumula queda de 4,5%, o que ilustra bem as fortes altas e baixas.

“O panorama, até então, não mudou. Mesmo vendo sinalizações por parte do Banco Central de que estamos próximos do fim da alta do ciclo, ainda temos essas empresas com dificuldades de apresentar bons resultados”, comenta o especialista da Nord.

Para Daronco, o ponto necessário a se avaliar é a velocidade da retomada e do fim da mudança de ciclo. “Para o terceiro trimestre acho que não teremos nada de novo e o destaque fica para ver como será o fim do ano, com Black Friday, Natal e Copa”, pontua.

É por conta disso que quando há sinais que levam a curva de juros para baixo as três tendem a registrar altas das ações. Quando há sinalizações de que o ciclo de juros alto pode durar mais, os papéis registram forte queda.

De maneira geral, as companhias trouxeram resultados operacionais melhorando no segundo trimestre, mas todas têm suas performances muito abaladas por fatores da economia brasileira – e esses têm de continuar sendo acompanhados de perto por quem investe no setor.

“A Americanas mostrou maior diversificação do portfólio, com menor dependência de linha branca e trazendo um bom mix de receita. A Via, ao contrário, teve maior exposição à linha branca, mas trouxe evolução das vendas nas lojas físicas. O Magalu mostrou melhor rentabilidade, principalmente em geração de caixa. As companhias estão conseguindo melhorar margem mesmo com pressão inflacionária nos custos”, diz Daltozo.

Em suas teleconferências, as varejistas falaram ainda de suas estratégias para o futuro, com o Magazine Luiza apostando mais no digital e a Via apostando nas lojas físicas, que para ela ainda são muito consolidadas.

Para o especialista da Eleven, de qualquer forma, se a inflação realmente arrefecer as varejistas podem tem um período melhor à frente, o que pode ser aguçado ainda mais pelo auxílio emergencial, que deve impulsionar o consumo de famílias de classes mais baixas.

A Eleven tem recomendação de compra para o Magazine Luiza e para a Americanas, com preços-alvo fixados, respectivamente, em R$ 6 e R$ 37. Para a Via, a recomendação da casa é neutra, com preço-alvo em R$ 4.

Analistas de mercado seguem bastante divididos sobre o setor. Para o Magazine Luiza, segundo a Refinitiv, nove casas têm recomendação de compra e seis estão neutros para os papéis, com o preço-alvo médio ficando em R$ 6,24. A Americanas tem nove recomendações de compra e oito neutras, com preço-alvo médio em R$ 32,64. A Via é que conta com maior ceticismo dos analistas, com doze recomendações neutras e três de venda, com preço-alvo em R$ 4,82.

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