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O que esperar da temporada de resultados do 4º trimestre do difícil ano de 2020? Confira as ações para ficar de olho

Expectativa é de bons resultados para bancos e também para Vale e siderúrgicas, enquanto há maior cautela com papel e celulose: confira no que se atentar

Brasil | invistaja –

SÃO PAULO – A temporada de resultados do quarto trimestre, trazendo uma análise geral do difícil ano de 2020, começou com a surpresa positiva para a Cielo (), que colheu bons frutos de sua estratégia de corte de custos e foco em pequenas e médias empresas (veja mais )

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Os próximos a apresentarem seus números serão os bancos, que devem registrar bons dados após o forte baque com a alta das provisões para perdas no primeiro semestre de 2020 em meio ao impacto da pandemia do coronavírus na atividade econômica. As perspectivas devem ser mais otimistas com 2021, ainda que ainda com cautela levando em conta o prosseguimento dos efeitos do coronavírus na atividade.

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Entre as commodities, Vale () e siderúrgicas devem registrar mais um trimestre bastante positivo com a alta dos preços de minério e aço enquanto que, para papel e celulose, os números podem animar, mas não devem ser tão expressivos. Para a Petrobras (;), pode haver queda do Ebitda, mas poderá haver um efeito positivo com a venda de ativos.

Já entre as varejistas de vestuário, após uma recuperação nos primeiros dois meses do quarto trimestre com a reabertura de lojas, dezembro já pode mostrar uma desaceleração em meio ao aumento das restrições à mobilidade. Enquanto isso, e-commerce deve registrar mais um resultado bastante forte.

Assim, os investidores ficarão de olho tanto na recuperação quando nos efeitos do aumento das restrições no último mês de 2020 – e como as empresas vão lidar com os efeitos disso em 2021. Confira algumas ações e os setores para ficar de olho na temporada:

Bancos: bons resultados e otimismo cauteloso para 2021

A avaliação, no geral, é que bancos terão números positivos no quarto trimestre de 2020, continuando a recuperação após um primeiro semestre de provisões mais altas por conta dos efeitos na economia com a pandemia coronavírus. Contudo, os há pontos de atenção no radar.

Segundo o UBS BB, normalização da economia deve permitir que os maiores bancos privados brasileiros divulguem suas projeções para 2021 na temporada de balanços do último trimestre de 2020, com espaço para surpresas positivas em despesas operacionais e custos de riscos.  “De modo geral, enxergamos espaço para surpresas em despesas operacionais – contração nos gastos parece ser o cenário base – e no custo de risco. Alguma contração de margem também é esperada, enquanto receitas com tarifas devem crescer um dígito alto em razão da base fraca de comparação”, apontaram os analistas.

A temporada de resultados do setor começa com Itaú Unibanco () nesta segunda-feira, seguido por Bradesco (;) e Santander Brasil () no dia 3. Banco do Brasil () terá seus números revelados dia 11.

Para a equipe de análise do UBS BB, deve haver redução sequencial considerável no custo de risco dos bancos nos último quarto de 2020, especialmente para Bradesco e Itaú, enquanto o Santander Brasil deve registrar aumento, pois já estava baixo no terceiro trimestre. Eles estimam custo de risco médio de 4% no trimestre versus 3,2% um ano antes, e que deve continuar diminuindo nos próximos trimestres. Já a NII, ou margem financeira, deve continuar sob pressão, enquanto se espera alguma recuperação na receita com tarifas devido à sazonalidade positiva e à recuperação da atividade econômica.

“No geral, esperamos uma expansão média de cerca de 4% trimestre/trimestre no lucro por ação dos bancos”, calculam, avaliando que Bradesco e Itaú devem liderar este crescimento, enquanto Santander Brasil devem apresentar resultados estáveis.

No caso do Bradesco, o prognóstico do UBS BB para o lucro é de R$ 5,5 bilhões no período, mesma previsão calculada para Itaú Unibanco, enquanto Santander Brasil deve mostrar R$ 3,7 bilhões. O retorno médio (ROAE) é estimado em 16,7% no último trimestre de 2020, ante 20,6% do mesmo intervalo de 2019. Quando à inadimplência, a equipe projeta que os empréstimos vencidos há mais de 90 dias devem continuar em baixo nível, mas que o índice de inadimplência inicial deve mostrar alguns sinais de deterioração no trimestre. Na visão dos analistas, ainda, a posição de capital dos bancos brasileiros no quarto trimestre deve melhorar, especialmente para o Santander Brasil e Itaú Unibanco.

Na mesma linha, o Bradesco BBI também vê uma retomada das divulgações dos guidances para 2021. Porém, os analistas do banco passaram a adotar uma postura mais cautelosa, do Santander Brasil e do Itaú para neutra, mantendo o BB como neutro. Os analistas voltaram a ter uma recomendação mais cautelosa para o setor por três motivos: o rali do preço das ações no final do ano passado, o espaço limitado para revisões adicionais de lucros pelo mercado e valuations em níveis razoáveis.

Com relação ao Itaú, após uma forte redução nas despesas de provisionamento no terceiro trimestre, a visão é que essas despesas devam cair mais gradualmente daqui para frente (inclusive para o quarto trimestre de 2020). “Como positivo, devemos ver as receitas com tarifas em recuperação no quarto trimestre e algum crescimento (3%) em 2021. Neste ponto, oportunidades de surpresas positivas pelo lado das despesas parecem mais limitada, com nossa expectativa de crescimento de 0,2% para 2021 (abaixo da inflação)”, avaliam os analistas do banco.

Já os analistas apontam que o Santander Brasil deve apresentar melhores tendências para NII com clientes apenas noprimeiro trimestre deste ano, enquanto os números do quarto trimestre devam continuar a aparecer sob a pressão da maior participação de empréstimos corporativos, uma participação ainda fraca em linhas de crédito rotativo, e taxas de juros mais baixas. Do lado das despesas de provisionamento, o banco deve ser o único player do setor privado entre os bancos de grande capitalização a apresentar números crescentes no quarto trimestre e ao longo de 2021.

Para o BB, a expectativa é de que a NII  deveria continuar a recuperação, enquanto as despesas com provisionamento devem subir no quarto trimestre e cair para níveis mais baixos em 2021. Como o Banco do Brasil é o banco mais exposto às receitas de tarifas, a expectativa é de que 2021 deva ser mais desafiador, sem expectativa de crescimento de receita em 2021.

O Itaú BBA fez uma projeção para o Bradesco, prevendo ganhos de R$ 5,5 bilhões para o banco nos últimos três meses do ano (aumento de 9% em termos trimestrais e queda de 17% em termos anuais), destacando esperar que as despesas relativas a perdas com empréstimos apresentem outro trimestre de desaceleração, uma vez que não estão previstos grandes problemas com relação à qualidade de ativos.

A margem líquida de juros provavelmente virá estável, apesar dos sinais de uma melhora no mix de empréstimos, apontam os analistas. As receitas de tarifas provavelmente serão sustentadas pela atividade sazonalmente mais alta dos cartões de crédito e débito. A expectativa é controle da qualidade dos ativos, apesar do término da maioria das condições de adiamento de crédito. “Nossa previsão de despesas nas perdas com empréstimos, de R$ 5,0 bilhões, implica em um custo do risco no ano fiscal de 2020 de 5,2% da carteira de empréstimos (em relação aos 3,2% do ano fiscal de 2019), não levando em conta, por enquanto, nenhuma reversão de provisões”, apontam. Do lado da despesa, o Bradesco provavelmente relatará despesas operacionais satisfatórias, sustentadas por suas iniciativas de redução de custos no quarto trimestre, o que implica em economias significativas em 2021.

Para o Safra, os bancos devem apresentar resultados animadores, dando continuidade à redução gradual das provisões de crédito em relação aos trimestres anteriores e  indicando que 2021 deve ser o ano da recuperação. Outra expectativa positiva é sobre o volume de crédito, que também deve apresentar melhora no mix, mitigando a pressão sobre os spreads, além de esperar que relatem uma ligeira melhora nas receitas de serviços, o que também pode ajudar a melhorar a rentabilidade. Na avaliação dos analistas, o Santander Brasil se destacou no último trimestre, com um sólido retorno sobre patrimônio líquido próximo a 20%. Mas bons resultados também são esperados para o Bradesco, Itaú e Banco do Brasil.

“Embora o resultado da maioria dos bancos de varejo deva recuar na comparação interanual, a Safra Corretora acredita que as teleconferências podem ser um gatilho, ao revelar um cenário mais otimista para 2021”, apontam os analistas.

Bruno Komura, analista de renda variável da Ouro Preto Investimentos, também compartilha a visão de que o quarto trimestre será bom, ainda mais analisando os dados mensais do BC do crescimento saudável da carteira de crédito e ainda sem o aumento do nível de inadimplência. Contudo, na avaliação do analista, para 2021, o cenário pode ficar mais incerto, levando em conta tanto o efeito do fim do auxílio emergencial e, mais para frente, os riscos com a maior concorrência. No curto prazo, o analista vê mais risco na carteira de crédito para pequenas e médias empresas e, se a recessão continuar por mais tempo, as pessoas físicas vão seguir a tendência de maior inadimplência a ser observada pelas PMEs.

Com relação aos números do setor financeiro não-bancário, B3 () e Porto Seguro () devem reportar os melhores resultados, diz o Safra. Já nomes como IRB, podem reportar números fracos, mas com sinais de melhora na margem. Já BB Seguridade () deve apresentar um resultado financeiro muito fraco, principalmente devido ao decepcionante resultado financeiro líquido da divisão Brasilprev, avaliam os analistas.

Vale, siderúrgicas e papel e celulose: em alta com as commodities

A expectativa é de resultados robustos para as empresas do setor de mineração e siderurgia, em meio à alta de preços das commodities.

De acordo com o Credit Suisse,  a elevação do preço do aço deve mais do que compensar a sazonalidade mais fraca das siderúrgica no período do quarto trimestre e a alta dos custos com insumos, levando assim a uma expansão da margem.

No universo das siderúrgicas brasileiras, a CSN () e a Usiminas () devem apresentar os melhores resultados, aponta o Credit. Contudo, Caio Ribeiro e equipe, analistas do banco, destacaram preferir exposição à Vale () no segmento de mineração: isso porque a alta sequencial nos volumes de embarque (alta de 20% na base trimestral), juntamente com preços mais altos do minério de ferro, devam resultar em um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) maior no trimestre.

Para a Vale, a estimativa é de um Ebitda de US$ 8,53 bilhões nos últimos três meses de 2020, alta de 37% na comparação trimestral (US$ 6,2 bilhões no terceiro trimestre de 2020) e de 82% frente igual período de 2019 (US$ 4,677 bilhões). Para a CSN, a projeção do Credit é de Ebitda de R$ 4,24 bilhões, alta de 169% na comparação com igual período do ano anterior (de R$ 1,577 bilhão)  e de 21% frente o terceiro trimestre R$ 3,5 bilhões).

Na mesma linha, o Bradesco BBI destacou em relatório do final do mês a Vale como a principal escolha do setor para o ano de 2021, reafirmando a recomendação de compra e elevando o preço-alvo para R$ 120, impulsionado por preços mais altos de minério de ferro e metais básicos, mas também destacando que as ações do aço devam desfrutar de um ambiente de preços e demanda benigno ao longo deste ano, com dinâmica de ganhos muito forte.

Para o BBA, os preços mais altos das commodities devem gerar os melhores resultados para a Vale desde 2011. Como resultado, o EBITDA pode chegar a US$ 9,0 bilhões (aumento de 45% no trimestre e 92% na comparação anual). Os preços realizados do minério de ferro devem melhorar em dólares em cerca de US$ 22 a tonelada, para US$ 134, favorecido por preços spot mais altos e ajustes de preços positivos.

Sobre Usiminas, os analistas do BBI destacam  que as rodadas recentes de aumentos de preços no mercado doméstico e as negociações anuais com as montadoras (calculam em alta de 30%) ainda não estão refletidas nos números da empresa. Já a divisão de minério de ferro da Usiminas está colhendo os benefícios dos altos preços do minério de ferro. “A dinâmica dos ganhos, portanto, será enorme, com Ebitda do quarto trimestre de R$ 1,5 bilhão e Ebitda de 2021 de R$ 6 bilhões, equivalendo a um rendimento FCF (fluxo de caixa livre) de 15%”, avaliam os analistas.

Em meados de dezembro, o Itaú BBA projetou um Ebitda entre R$ 1,15 bilhão a R$ 1,4 bilhão para a Usiminas no quarto trimestre, considerado histórico para a Usiminas. No terceiro trimestre de 2020, o Ebitda ajustado atingiu R$ 826 milhões, uma elevação de 331% em relação ao segundo trimestre, de R$ 192 milhões. Os analistas do banco destacaram gostar do momentum de ganhos para as siderúrgicas em 2021, com alavancagem operacional para os aumentos de preços implementados no acumulado do ano e demanda potencialmente suportada pela recuperação dos níveis de atividade e reposição de estoques em toda a cadeia de valor.

Para a Gerdau, o Bradesco BBI projeta um Ebitda de R$ 2,5 bilhões no quarto trimestre, destacando que a ação foi o nome preferencial no segmento no segundo semestre de 2020 e os analistas continuam projetando um crescimento razoável, mas agora veem mais potencial de ganhos na Usiminas.

“Em qualquer caso, também esperamos que a empresa se beneficie do forte ambiente de precificação do aço em todas as regiões (com vários aumentos de preços fluindo através dos resultados no quarto trimestre e primeiro trimestre de 2021), sólida demanda de aços longos no Brasil (projetamos 5% de crescimento de volume) e margens saudáveis nos EUA, que oscilam em torno do patamar de 10%. Embora seja cedo para definir o preço de qualquer recuperação da demanda impulsionada por infraestrutura nos Estados Unidos, acreditamos que a probabilidade de um programa de infraestrutura substancial ser aprovado pelo novo governo é alta. Dito isso, as ações da Gerdau poderiam ser ainda mais apoiadas à medida que os investidores tocam esse tema específico”, avaliam os analistas.

Dentro do universo de papel e celulose, Bruno Komura, analista de renda variável da Ouro Preto Investimentos, destaca que a Klabin se beneficiou bastante no ambiente de alta do e-commerce, por conta do aumento da demanda por embalagens, enquanto a Suzano, exporta bastante fibra de celulose curta e longa, que teve preço

Por outro lado, os analistas do Credit esperam ver resultados saudáveis, porem não muito inspiradores, uma vez que o preço da celulose começou a ter uma forte alta somente no final do trimestre (éedia de preço da celulose está ligeiramente acima no quarto trimestre). Assim, mesmo com boa sazonalidade para o setor, custos mais altos (dadas as paradas de manutenção) devem apagar os ganhos. Com isso, os nomes menos preferidos do banco são Suzano e Klabin também avaliando haver um potencial de alta mais limitado no preço da celulose.

Petrobras: à espera dos dados de produção

A Petrobras (;) divulgará seus números no próximo dia 24 de fevereiro, após o fechamento do mercado.

O Credit Suisse destaca que terá projeções mais precisas após a divulgação do relatório de produção e vendas da Petrobras no período, que será apresentado no dia 2 de fevereiro. Contudo, existem algumas tendências que podem ser observadas. A expectativa é de que o Ebitda não registre um desempenho tão positivo na comparação com o terceiro trimestre, a US$ 6,5 bilhões ante US$ 6,9 bilhões no período anterior, com a produção de petróleo menor e os spreads de crack (margem de preço entre um barril de petróleo bruto e os produtos produzidos a partir dele) mais baixos, ainda que parcialmente compensados ​​pelos preços do petróleo ligeiramente mais elevados.

Para o Morgan Stanley, a expectativa é de um Ebitda ajustado de US$ 5,166 bilhões para a estatal de petróleo, queda de 25% na base trimestral e de 43% na base anual (US$ 9,04 bilhões). Contudo, os analistas têm projeção positiva para a companhia, baseada em uma história de longo prazo de melhoria dos retornos à medida que a empresa se torna mais focada em bons ativos no pré-sal.

O Credit Suisse também aponta que a queda do dólar no período em relação ao real (queda de 7,65% na comparação com o último dia do terceiro trimestre) levará a uma contribuição positiva para os resultados financeiros da companhia, mas levará a uma contribuição negativa para a alavancagem em dólares. A conclusão da venda do campo de Baúna à Karoon por US$ 150 milhões e da Liquigás para o consórcio formado pela Copagaz, Itaúsa e Nacional Gás por R$ 4 bilhões devem contribuir, contudo, para a redução da alavancagem no trimestre.

Varejistas: e-commerce segue em alta

A temporada de resultados para o setor começa no dia 11 de fevereiro com a Lojas Renner (), sendo que o período mais movimentado será a semana de 1º de março, com pelo menos sete resultados. O Bradesco BBI não espera grandes mudanças no desempenho relativo do setor, com resultados mais positivos para varejistas expostas ao e-commerce e de alimentos.

O varejo de vestuário estava apresentando clara tendência de melhora entre outubro e novembro, quando publicaram os resultados do terceiro trimestre, o que levou a grandes esperanças de crescimento das vendas no conceito mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês) para o quarto trimestre de 2020, apontam os analistas. Contudo, houve desaceleração em dezembro – também em meio às medidas de restrição com o aumento dos casos de coronavírus. Com isso, os analistas esperam desaceleração em dezembro versus os dois meses anteriores, o que levará o crescimento para perto de zero, em média, projetando desempenho superior para a Centauro () e inferior para a Marisa ().

Os analistas também destacam que os restaurantes enfrentaram tendências semelhantes às dos nomes de vestuário,dado que ambos os grupos têm uma grande presença em shoppings. Além disso, devem sofrer um pouco mais. A expectativa é de que as margens brutas da Arcos Dorados, controladora do Mc Donald’s, e do Burger King () sejam  relativamente resilientes, mas ambas suscetíveis a sofrer devido à queda das vendas e maiores custos gerais e administrativos como porcentagem das vendas.

Komura, da Ouro Preto Investimentos, avalia que, assim como o setor de varejo de vestuário, o setor de shoppings, após uma recuperação nos primeiros dois meses do quarto trimestre de 2020, apresentou uma desaceleração entre dezembro do ano passado e janeiro de 2020. Contudo, ele aponta que, por mais que as operações sejam afetadas por aumentos de restrição e que o horário de funcionamento esteja reduzido, a busca das companhias por maior digitalização conseguiu dirimir parte das perdas (ainda que elas sejam bem afetadas). A expectativa também é de recuperação a partir do segundo semestre de 2020 com a expectativa de maior liberação do comércio.

Já o comércio eletrônico continua a ter um desempenho de destaque, aponta o BBI. “Esperamos que as quatro maiores plataformas de comércio eletrônico tenham registrado um crescimento médio de GMV [volume bruto de mercadorias] online de 82% [na comparação anual], com o Magazine Luiza () na dianteira com alta de 120%, seguida por Via Varejo ( – alta de 94%), MercadoLivre Brasil (65%) e B2W ( – com alta de 51%)”, aponta o BBI.

Os analistas ressaltam que as empresas deram alguma indicação de seu desempenho na Black Friday, então não são esperadas tantas surpresas no dia dos resultados. O principal problema enfrentado por essas empresas agora é a desaceleração do crescimento do GMV em 2021.

Já as marcas de varejo alimentar e consumo básico devam permanecer resilientes. “Esperamos que os varejistas de alimentostenham outro trimestre muito forte com o Carrefour () e o Grupo Mateus () alcançando crescimento de vendas na mesma loja em “high teens” (dois dígitos altos).

“Entre os nomes das marcas de consumo, esperamos outro forte trimestre de receitas da Natura & Co (), Alpargatas () e resiliência dos resultados da Vulcabras (), com o Ebitda caindo apenas marginalmente na comparação anual. Por fim, esperamos um trimestre muito forte de Arezzo & Co (), incluindo um forte dezembro. (…) Também esperamos outro trimestre forte da Lojas Quero-Quero (), com 40% de crescimento do Ebitda na base anual. A Lojas Quero-Quero continua sendo um de nossos dois nomes preferidos (sendo o outro Grupo Mateus – ) quando o case é expansão de lojas no longo prazo”, apontam os analistas.

Frigoríficos: pressão de custos no radar?

Para o setor de frigoríficos, a expectativa é de que os resultados sejam positivos, em linha com os registrados em boa parte de 2020, avalia Komura, da Ouro Preto Investimentos. Mais uma vez, JBS () e Marfrig () devem se destacar, em meio ao cenário de alta dos preços da carne bovina e continuidade da alta demanda da China levando, consequentemente, a bons resultados.

Porém, o quarto trimestre de 2020 já poderá começar a dar os primeiros indícios do que será um 2021 de maior pressão em meio ao aumento dos custos dos insumos, com a forte alta dos preços da soja e do milho. No início do ano, as commodities voltaram a atingir recordes impulsionadas por suspensão das exportações argentinas, atraso no plantio da safra 2020/2021 no Brasil e, mais recentemente, pelas previsões de oferta e demanda nos EUA.

“Por mais que tenha a alta dos preços, os custos continuam subindo bastante, o que deve levar a uma piora das margens”, avalia Komura. A BRF () deve ser mais pressionada no curto prazo entre as companhias do setor, apesar de ter animado os investidores com o plano estratégico de dez anos com a perspectiva de internacionalização (veja).

O Morgan Stanley tem expectativa de alta de 25% da receita no quarto trimestre para a JBS – indo de R$ 57,12 bilhões nos últimos três meses de 2019 para R$ 71,57 bilhões entre outubro e dezembro de 2020. Para a BRF, para o quarto trimestre, a estimativa é de alta da receita de 17% na comparação anual.

O Morgan destaca ainda que a SLC () deve apresentar bons resultados, justamente por conta da alta das commodities, apoiado por preços mais altos de commodities e o real mais fraco. O grande catalisador deve ser a venda de algodão. Na mesma linha, São Martinho () também deve ter bons números, com a aceleração da venda do volume de açúcar e as vendas de etanol se recuperando.

Educação, setor de saúde: outros setores para ficar de olho

Entre outros setores para se atentar, em  educação, os resultados ainda devem ser fracos, mas alguns devem se destacar. Komura, da Ouro Preto, aponta que a Yduqs () deve apresentar bons números relativamente, em linha com o caminho que a companhia tem traçado de maior digitalização de seus cursos e melhora da qualidade. Por outro lado, a Cogna () ainda não deve animar: no ano passado, vale ressaltar, a companhia anunciou reestruturação, com foco maior em cursos híbridos (mesclando ensino à distância e presencial) e no segmento premium. Mas analistas apontam que os resultados ainda vão demorar um pouco para aparecer.

Na mesma linha, o Morgan Stanley aponta que as receitas da Yduqs devam vir mais fortes guiadas pelas aquisições, mas os descontos concedidos pela Justiça devem seguir pressionando os números da empresa. Para Cogna, o momentum fraco para lucros deve persistir, com receitas e margens pressionadas. A expectativa é de que as despesas com a reestruturação devam ser reconhecidas no quarto trimestre.

Para a Ânima (), os analistas do Morgan esperam bons resultados, com as receitas sendo impulsionadas pelas operações de fusão e aquisição com a compra das operações da Laureate no Brasil. Enquanto isso, as margens e receitas da Ser () provavelmente continuarão sob pressão, mas o resultado deverá ser positivamente impactado pelo direito de receber a multa de R$ 180 milhões em dinheiro pela rescisão do contrato com a Laureate.

Já para o setor de saúde, o Morgan aponta que o mercado está se recuperando e impulsionando uma forte adição de membros, o que é positivo para NotreDame Intermédica (), Hapvida () e OdontoPrev (), mas a utilização também está aumentando, levando a custos mais altos. Os laboratórios Fleury () e Pardini () se beneficiam da dinâmica e as receitas devem ser impulsionadas ainda mais pelos exames da Covid-19, que impulsionam a alavancagem operacional, apontam os analistas.

No setor de bens de capital, a WEG () – cuja ação foi um dos destaques de alta de 2020 – divulgará seus números do trimestre no dia 24 de fevereiro. O BBI espera um aumento da receita na ordem de 39% na base de comparação anual, a R$ 5,3 bilhões e um Ebitda de R $ 1 bilhão (alta de 51%) e lucro líquido de R$ 721 milhões (alta de 44%). “É provável que a empresa continue se beneficiando de uma recuperação nos segmentos de ciclo curto, enquanto uma carteira de pedidos sólida deve sustentar o crescimento anual positivo em produtos de ciclo longo. Esperamos um crescimento menor no ano na comparação com os números do terceiro trimestre, dada a base de comparação mais forte base em alguns segmentos”, apontam os analistas do banco.

O acompanhará a temporada de resultados de perto e trará mais análises e informações ao investidor durante o período.

Confira abaixo o calendário dos balanços do quarto trimestre: 

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