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O que esperar para o Ibovespa em 2022? Confira as projeções dos analistas e as ações em destaque

Analistas esperam ano positivo para o benchmark da Bolsa, ainda que destacando volatilidade em um ano eleitoral; “stock picking” ganha força

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Edição invistaja.info e MarketMsg

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O ano de 2021 terminou com uma queda de quase 12% para o Ibovespa, com várias casas revisando suas projeções para 2022 para baixo nos últimos meses em meio ao cenário de aperto monetário não somente no Brasil, mas em diversos países desenvolvidos, além de considerar o risco fiscal bastante elevado em um ano de eleição.

A maior parte dos analistas, contudo, acredita que o Ibovespa deve registrar ganhos em 2022 após fechar o ano passado a 104.822 pontos, ainda que em um cenário desafiador e alguns ainda vendo uma alta limitada em meio à alta dos juros com a inflação persistente. A perspectiva positiva ocorre em meio à avaliação de que o Ibovespa está com uma relação de valor sobre o risco convidativa. A média, segundo compilação feita pelo (MarketMsg) com casas de análise, é de um índice fechando o ano a 125.800 pontos, ou uma alta de 20% em relação ao fechamento do ano passado.

“A Bolsa brasileira continua barata em quaisquer métricas que mensuramos”, diz texto assinado pelos analistas da XP, que projetam o índice a 123 mil pontos ao final do ano, ou potencial de valorização de 17,34% em relação ao último fechamento de 2021. Seja pela relação Preço/ Lucro, excluindo commodities, comparando com a renda fixa ou outras Bolsas. “Isso por si só não garante retornos positivos, mas para o investidor com paciência e visão de longo prazo, esses momentos de turbulência tendem a ser melhores para investir”, complementa a análise.

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O Bradesco BBI avalia que as ações brasileiras continuam a ser um caso de alto risco, dadas as incertezas, mas possuem uma assimetria para o lado positivo. As projeções da casa apontam para Ibovespa negociado aos 130 mil pontos ao fim do ano, (ou upside de 24%) conforme revisão divulgada em dezembro do ano passado, abaixo dos 150 mil estimados anteriormente.

Para a casa, o principal catalisador positivo para a Bolsa brasileira em 2022 será uma convicção cada vez maior de um ajuste fiscal profundo após as eleições – o que pode levar o mercado a uma recuperação significativa, segundo os analistas.

A preferência do banco é por nomes de consumo discricionário e industriais, além de financeiros, com recomendação overweight (acima da média do mercado) por parte do Bradesco BBI. O banco tem posição neutra em consumo básico e energia e underweight (abaixo da média) em ações de materiais básicos.

Se a XP tem, no cenário-base, para o final de 2022, o Ibovespa a 123 mil pontos, ela traçou outros dois cenários.  No pessimista, vê o índice em 93 mil pontos (queda de 11,3%), e no cenário otimista, em 145 mil (upside de 38%).

Para ações brasileiras, a principal preocupação para os investidores para o ano que vem deverão ser as incertezas trazidas pelas eleições.

“Para que o caso bull (melhor cenário) ou base aconteçam, os riscos nacionais e globais devem diminuir primeiro, principalmente os domésticos, relacionados ao cenário de longo prazo de taxas”, afirma a equipe de análise.

Os analistas calculam que  o prêmio de risco para ações segue favorável, mesmo considerando taxas de juros mais altas. Esse prêmio é a diferença entre o rendimento da renda variável e a taxa de juros real e, atualmente, está em 7,8%, enquanto que a média de longo prazo é de 4,9%.

O Morgan Stanley também traçou três cenários para o Ibovespa para este ano. O cenário-base do banco é do benchmark do índice a 120 mil pontos (upside de 14,5%). Esse cenário se concretizaria com preços elevados, mas relativamente estáveis, das commodities, juntamente com a moderação gradual da inflação. A manutenção das políticas macroeconômicas e uma  âncora fiscal ortodoxa também seriam importantes para o índice chegar a esse patamar ao fim de 2022.

Já no cenário mais otimista, o Ibovespa iria a 140 mil pontos (upside de 33,56%), com os preços mais altos das commodities e expectativas mais positivas para o crescimento econômico conforme a inflação modere. Além da manutenção da âncora fiscal e políticas macroeconômicas responsáveis, essa perspectiva viria de reformas estruturais pós-eleição.

No cenário pessimista dos analistas do Morgan, o índice iria a 88 mil pontos (baixa de 16%), com a queda dos preços das commodities e impacto de um racionamento de energia no crescimento, além da adoção de políticas macroeconômicas consideradas “heterodoxas” no pós-eleição.

O JPMorgan, por sua vez, traçou um cenário base com o Ibovespa a 133 mil (alta de 27%), 160 mil (upside de 52,6%) no cenário mais otimista e 102 mil (queda de 2,69%) no cenário mais negativo.  “As notícias negativas já estão amplamente precificadas”, apontou Emy Shaio, estrategista da casa, citando as questões eleitorais, o crescimento mais baixo e os juros mais altos, ressaltando no seu cenário-base que a assimetria de risco versus recompensa é muito evidente, apesar da incerteza política.

Na perspectiva mais positiva, do índice a 160 mil pontos, o crescimento da economia seria mais forte do que o esperado com a reabertura impulsionando o setor de serviços (70% da economia), ao mesmo tempo que o crescimento global permite preços mais altos das commodities.

“O debate político iria para o centro: os principais candidatos à presidência prometeriam, no início do processo, manter uma estrutura de política econômica responsável, respeitando as regras fiscais em vigor. Os termos de troca permaneceriam muito favoráveis, permitindo que um real barato se valorize à medida que as incertezas políticas evaporam. As taxas de juros cairiam agressivamente após as eleições”, aponta nessa perspectiva mais otimista.

Já o cenário mais negativo também estaria relacionado ao cenário eleitoral, com os concorrentes à presidência se recusando a aceitar o resultado das eleições, levando a uma maior polarização e a duras condições de governo. Nesse cenário, o próximo governo buscaria reverter constitucionalmente as reformas, incluindo o teto de gastos. “Os protestos explodiriam com a estagnação do crescimento e a inflação permanece alta em um contexto político muito polarizado”, levando a uma rotação do mercado de ações para a renda fixa.

O Bank of America, por sua vez, projeta o índice a 125 mil pontos (upside de 19,25%), destacando que sua projeção está abaixo das máximas de 2021 (de cerca de 130 mil pontos) dada uma combinação de 1) tendência de aumento do custo de capital, tanto no Brasil quanto no exterior, prejudicando as avaliações e alimentando uma rotação de ações para renda fixa; 2) crescimento mais lento da China; e 3) riscos de revisões para baixo dos lucros à medida que a atividade desacelera.

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Também para os estrategistas do banco, as eleições no Brasil em outubro serão um acontecimento decisivo. “Nosso caso-base assume que os candidatos irão se mover em direção ao centro em termos de políticas conforme as campanhas eleitorais avançam. Apesar da atividade mais fraca no Brasil, esperamos que as empresas no índice tenham alta dos lucros nos próximos 2 anos, com destaques positivos entre financeiras, nomes globais (exportadores de proteínas, empresas industriais) e de consumo de alta renda. As empresas dentro do índice mostraram-se resilientes durante o último trimestre”, apontaram.

O BB Investimentos, que tem uma projeção positiva para o Ibovespa de 137 mil pontos (alta de 30,7%) em seu cenário base ressalta que, aparentemente, a evolução do processo de imunização no Brasil sugere que o país tende a apresentar impactos de redução de mobilidade menos intensos relativamente ao que se verifica no atual momento na Europa.

“Caso esse contexto se confirme, o que produzirá maior visibilidade sobre a expectativa de crescimento econômico para 2023, poderemos experimentar a antecipação do movimento de recuperação na bolsa a partir do segundo semestre, dado que a parcela restante de dois terços  do índice está mais conectada com o desenrolar econômico doméstico, via teses de crescimento (growth), em detrimento às teses de valor (value)”, avalia.

A Ativa Investimentos tem uma projeção menos otimista para o índice, de 117 mil pontos (upside de 11,6%). Pedro Serra, gerente de research da corretora, avalia que 2022 parece ser um ano potencialmente mais volátil do que 2021, devido às questões internas e externas.

“No ambiente interno, teremos a aproximação das eleições que, embora cedo para fazer preço nos mercados, talvez já comece a pesar nas escolhas e decisões do atual governo, pesando mais as medidas que possam agradar determinado grupo de eleitores, do que uma agenda mais responsável que não costuma ser muito popular. Na questão externa, iremos, em breve, atravessar a retirada gradual dos estímulos juntamente com todas as suas consequências, desde o mercado de câmbio até os de ações. De forma geral, pode se assumir que os investidores poderão exigir um prêmio de risco maior para ativos nos mercados emergentes”, aponta.

Confira as projeções para o Ibovespa em 2022:

*em relação ao fechamento de 30 de dezembro de 2021

Como se posicionar em 2022?

Para o Bradesco BBI, em um ambiente de maior incerteza, com os investidores de olho no fiscal e nas eleições, histórias individuais devem se destacar ainda mais no ano. Segundo os analistas, o stock picking (ou escolha a dedo das ações) será muito importante para o próximo ano e deve garantir aos investidores retornos superiores àqueles encontrados nas alocações setoriais.

Entre os bancos, destacam: Itaú Unibanco (ITUB4) e Banco ABC (ABCB4), também XP (XPBR31) e Totvs (TOTS3), essa última de tecnologia. De petróleo e gás, Petrobras (PETR4), Vibra Energia (VBBR3), Cosan (CSAN3), PetroRio (PRIO3).

Já em metais e mineração, papel e celulose, Usiminas (USIM5), Gerdau (GGBR4), Suzano (SUZB3) são as escolhas. Para o varejo, Alpargatas (ALPA4), Arezzo (ARZZ3), Centauro (SBFG3), Renner (LREN3). Para alimentos e bebidas, as recomendações dos estrategistas do banco são para BRF (BRFS3), MDias Branco (MDIA3), Ambev (ABEV3). Em saúde, Oncoclinicas (ONCO3), SulAmerica (SULA11) e Hapvida (HAPV3). No setor imobiliário: Multiplan (MULT3), Iguatemi (IGTI3), MRV Engenharia (MRVE3), Direcional (DIRR3). Em transporte e bens de capital: Vamos (VAMO3), Santos Brasil (STBP3), Embraer (EMBR3).

A XP aponta que, para se posicionar em ações brasileiras em 2022, três premissas devem ser levadas em conta. A primeira é exposição em commodities, que continuam oferecendo uma boa proteção contra inflação e o dólar mais alto, ressaltando os papéis de Vale (VALE3), Klabin (KLBN11) e Gerdau.

O segundo tema é a busca de teses com crescimento secular, que dependem menos do ambiente macroeconômico. Entre os nomes, estão Assaí (ASAI3), WEG (WEGE3) e Localiza (RENT3). O terceiro é o posicionamento em oportunidades específicas, com exposição em empresas de qualidade que tiveram uma forte queda recentemente, não relacionada aos seus fundamentos, e que podem se beneficiar de uma recuperação no mercado, caso de shoppings como Multiplan e papéis como Banco do Brasil (BBAS3).

Já o BofA destaca que seus setores favoritos para 2022 são os grandes bancos no Brasil, empresas de consumo de alta renda e nomes globais além de minério de ferro/ cobre/ celulose (como empresas de proteína, industriais, petróleo, alumínio). Os estrategistas da casa também destacam Petrobras, ainda que a política de preços continue a ser uma preocupação, especialmente durante um ano eleitoral.

O BB Investimentos destacou também seus setores preferidos, tendo visão positiva para seguros, siderurgia, óleo e gás, agronegócio e alimentos, saneamento e transporte, além de varejo.

A carteira selecionada do BB Investimentos para 2022 tem as seguintes ações: AES Brasil (AESB3), Alupar (ALUP11), Americanas (AMER3), Azul (AZUL4), BTG Pactual (BPAC11), CSN, Caixa Seguridade (CXSE3), Gerdau, JBS (JBSS3), Lojas Renner (LREN3), Magazine Luiza (MGLU3), MRV (MRVE3), Multiplan, Petrobras PN, Rede D’Or (RDOR3), Localiza, Santander Brasil (SANB11), Sabesp (SBSP3), Simpar (SIMH3), SLC (SLCE3), Transmissão Paulista (TRPL4) e Vibra Energia (VBBR3).

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REFLEXÃO: Barry Ritholtz, da Bloomberg: Mantenha a simplicidade, faço menos e administre sua estupidez.

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