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A desancoragem das expectativas de inflação está associada ao forte crescimento da economia e não a uma percepção no mercado de ruptura após a sucessão no Banco Central, garantiu nesta segunda-feira (14) o diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo.
Ele afirmou ter dificuldade de encontrar sinais de risco de descontinuidade quando olha para as expectativas, tanto as implícitas quanto as de mercado.
Galípolo disse que tende a avaliar as revisões de expectativas como sendo relacionadas à atividade econômica, que cresce acima da capacidade, e a variáveis que influenciam o crescimento, como política fiscal, crédito, questões climáticas e câmbio. “Isso dá mais conta de explicar a questão das expectativas”, pontuou.
+Boletim Focus: projeções de PIB e inflação em 2024 sobem e a da Selic de 2025 também
Durante o Macro Vision, evento do Itaú BBA, o futuro presidente do BC disse que o processo de transição na autarquia tem sido exemplo de consolidação da institucionalidade do órgão. Ele também reafirmou que a troca gradual da diretoria do BC tem assegurado a transição mais suave no comando da instituição.
O diretor de política monetária disse que transparência, de modo a eliminar interpretações erradas sobre as decisões do BC, é um dos principais desafios. “Parte do ruído sobre BC e política monetária se deve a alguma opacidade na comunicação.”
Galípolo também comentou a respeito do ceticismo com a viabilidade da meta de inflação de 3% entre os fatores que levam à desancoragem.
O diretor defendeu que o BC não tenha voto na fixação da meta de inflação no Conselho Monetário Nacional (CMN). Assim, a meta, emendou, é um “não tema” para um diretor do BC. Cabe à instituição apenas colocar a taxa de juros em patamar restritivo o suficiente, e pelo tempo suficiente, para levar a inflação à meta, reiterou.
Segundo ele, a condução da taxa básica de juros tem refletido essencialmente a dinâmica das projeções no horizonte relevante, de 18 meses à frente. E repetiu que não há “relação mecânica” entre a definição dos juros americanos e da taxa Selic.
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Indagado sobre o peso dos modelos do BC nas decisões do Comitê de Política Monetária (Copom), ele também afirmou que não há “relação mecânica” entre os números e a decisão. Esses modelos, explicou Galípolo, servem mais como uma “espinha dorsal” para orientar o debate entre os nove membros do colegiado na hora de definir a taxa Selic.
“A gente está ali e nós vamos consumir o modelo, mas não há uma relação também mecânica entre o que o modelo vai nos colocar e o processo de decisão. Por isso que são necessárias nove pessoas”, disse o diretor. “Acho que ele é muito importante como um eixo estruturante, ele organiza o debate, mas não há uma relação mecânica entre a decisão e o modelo.”
Ele reforçou que a instituição, que vai presidir a partir de janeiro, segue dependente de dados e reativa, em função das surpresas econômicas. Ao elencar os elementos que levaram o BC a uma posição mais conservadora, Galípolo citou o hiato positivo, o mercado de trabalho apertado, as surpresas com o crescimento econômico e o real mais desvalorizado.
“Tudo isso a gente elencou, e estamos olhando, mas no fim do dia, dada a volatilidade, estamos dependentes de dados e mais reativos”, disse o diretor ao responder a uma pergunta sobre a taxa terminal do ciclo de alta dos juros.
Galípolo mencionou a robustez do mercado de trabalho como um dos fatores que indicam esse hiato positivo. Na avaliação dele, as medições de inflação corrente, como o IPCA, parecem refletir algum impacto desse dinamismo da economia.
Ele citou a média móvel trimestral anualizada e dessazonalizada dos serviços subjacentes e intensivos em mão de obra, que cedeu na passagem para setembro, mas continua acima da meta. O diretor acrescentou que as expectativas de inflação continuam desancoradas.
Ao falar sobre inovação, uma marca do presidente atual do BC, Roberto Campos Neto, Galípolo observou que esta frente de trabalho, após mostrar atrito maior em seu início, atingiu um grau de maturidade, sendo hoje uma agenda de parceria com quem faz a intermediação financeira, ou seja, os bancos.
“Vocês conhecem as dores do cliente. O BC quer ser não só um parceiro, mas também escutar as soluções possíveis para as dores”, declarou Galípolo durante o evento do Itaú BBA.
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REFLEXÃO: Rich Greifner, da Motley Fool: Pense a longo prazo, seja paciente e busque por retornos assimétricos.
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