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palavras-chave: Petrobras é ótimo player de dividendos no curto prazo, mas “value trap” no médio prazo? Dilemas continuam após balanço; invistaja.info;
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ListenToMarket: Petrobras é ótimo player de dividendos no curto prazo, mas “value trap” no médio prazo? Dilemas continuam após balanço – Áudio gerado às: 7:20:57
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MARINGÁ | invistaja.info — Como no último trimestre, o resultado da Petrobras (PETR3;PETR4) foi celebrado, com números que ultrapassaram as estimativas mais positivas dos analistas, com um robusto lucro de R$ 31,1 bilhões entre julho e setembro. Além disso, um robusto pagamento de proventos depois da nova antecipação de remuneração de R$ 31,8 bilhões após o anúncio de R$ 31,6 bilhões de agosto, que leva a um dividend yield (valor do provento sobre o preço da ação) de cerca de 17%.
Porém, mais uma vez, a política segue impactando a companhia e gerando sentimentos mistos para o mercado, o que ficou especialmente evidenciado na véspera.
Um pouco antes da estatal divulgar seu balanço, Jair Bolsonaro criticou os altos lucros da companhia e também o que chamou de lei de preços da Petrobras (que tem guiado os recentes bons números da empresa) afirmando que busca um meio de mudá-la. “A Petrobras é obrigada a aumentar o preço porque ela tem que seguir a legislação e nós estamos tentando aqui buscar uma maneira de mudar a lei nesse sentido”, disse o presidente.
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Após a fala, os ADRs (American Depositary Receipts) da estatal chegaram a cair mais de 4% no início da noite da véspera, zerando as perdas só após o anúncio dos altos dividendos que, ironicamente, tiveram como origem os números da companhia criticados por Bolsonaro. De qualquer forma, o desempenho dos papéis, com os ativos PBR (equivalentes aos ordinários) registrando somente uma leve alta de 0,47%, a US$ 10,61, por volta das 6h30 (horário de Brasília), trazem o prenúncio de uma reação morna dos investidores ao resultado mesmo após o forte pagamento de proventos, justamente por conta da incerteza com os próximos passos para a companhia, ainda mais levando em conta a proximidade do ano eleitoral.
Além disso, cabe destacar que, na véspera, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou que terá uma reunião com a diretoria da Petrobras logo após o feriado de 2 de novembro para discutir uma solução para o preço dos combustíveis. A data não foi anunciada, mas deve ocorrer na semana que vem, de acordo com o senador.
Nesse sentido, o Morgan Stanley reiterou sua recomendação equalweight (exposição em linha com a média do mercado) para os ADRs PBR, com preço-alvo de US$ 12,60, ou um potencial de valorização cerca de 22% em relação ao fechamento de quinta-feira.
“Um outro bom trimestre apoiou o anúncio de mais dividendos em 2021, atingindo um rendimento de 17%, e se aproximando (embora ainda não lá) de níveis que achamos que a Petrobras pode pagar potencialmente. Mas as eleições podem tornar a estrada acidentada. A Petrobras é um player de dividendos de dividendos, mas pode ser um value trap de médio prazo [ou armadilha de valor]”, apontam os analistas Bruno Montanari e Guilherme Levy.
Os analistas do banco ressaltam que, com o anúncio do pagamento adicional de dividendos em relação ao exercício fiscal de 2021 de R$ 31,8 bilhões, proporcionando um yield adicional de cerca de 8% aos acionistas e, juntamente com a distribuição de R$ 31,6 bilhões anunciada em agosto, o dividend yield total do ano é de cerca de 17,5%, considerando a cotação média das ações dos últimos três meses. “Digno de nota, isto se compara às majors, atualmente negociando a cerca de 4,4% de dividend yield e os pares russos, a 8,5%”, apontam.
Em um trimestre forte, sustentado por maiores preços e produção mais elevados do petróleo, juntamente com o caixa proveniente da venda de ativos e o acordo de coparticipação no campo de Búzios, a empresa atingiu sua meta de dívida bruta abaixo de US$ 60 bilhões, prevista anteriormente para o fim de 2022. A dívida bruta da petroleira estatal atingiu US$ 59,6 bilhões, ante US$ 63,7 bilhões no trimestre anterior.
A Petrobras também se beneficiou da reversão de R$ 16,4 bilhões na baixa contábil pela perda do valor recuperável (impairment) de alguns campos, devido à revisão da curva do preço do petróleo no curto prazo.
Os analistas do banco também destacam que o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) ajustado, de R$ 60,744 bilhões, um crescimento de 81,7% na comparação com o mesmo período do ano passado, superou o consenso em 4% e os números do banco em 15%, principalmente devido à produção e volumes maiores do que o esperado (relatado na semana passada), que também impulsionou o resultado final, parcialmente compensado por resultados financeiros.
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Porém, os analistas ressaltam que, apesar de não haver mudanças aparentes ou desvio de estratégia sob a nova equipe de gestão, a percepção de uma potencial intervenção do governo na política da empresa é uma preocupação, especialmente enquanto a agenda de privatização das refinarias não está concluída (apenas duas refinarias foram vendidas até o momento, enquanto a empresa enfrentou desafios para vender outros três). “Preferimos ficar de fora por enquanto, pois achamos que nossos cenários base e pessimistas parecem igualmente plausíveis”, avaliam.
O Bradesco BBI também ressaltou que, no meio do debate acalorado em Brasília sobre uma possível mudança na política de preços da estatal, a companhia divulgou um outro excelente trimestre. Porém, ao contrário do Morgan, Vicente Falanga e Gustavo Sadka, analistas do banco, possuem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para os ativos PETR4, com preço-alvo de R$ 42, ou potencial de alta de 45% em relação ao fechamento da véspera.
Falanga e Sadka avaliam que “tomar uma posição sobre a Petrobras nunca será uma decisão fácil” ressaltando que, se por um lado, há o ruído político, por outro há excelência operacional, o que leva à ironia de por que o Ebitda da companhiase aproxima ao da Exxon, uma das principais do mundo, enquanto sua avaliação se aproxima da argentina YPF, que é cercada de problemas.
Para os analistas, contudo, há oportunidades de ganhos com o papel da estatal brasileira. “Embora tenha havido maior volatilidade recentemente levando em conta o cenário político e macroeconômico, o valuation já está muito deprimido, enquanto seus dividendos devem continuar robustos, o que deve dar suporte às ações em relação ao desempenho do Ibovespa”, apontam, o que reforça a recomendação positiva para os papéis.
Enquanto isso, ponderam os analistas da casa, um risco de curto prazo é a potencial greve dos caminhoneiros programada para a próxima segunda-feira (1 de novembro), o que pode levar a um risco cada vez maior se o governo não conseguir negociar.
Com relação aos dividendos, os analistas apontam que mais pode estar por vir. E destacam que, até agora, a empresa pagou um valor de cerca de R$ 20 bilhões ao governo federal, que pode ser usado para fomentar novos programas sociais como o recentemente anunciado voucher de vale-gás.
“O uso ativo dos dividendos da Petrobras como uma ferramenta de financiamento para programas sociais alinha o interesse do controlador com os acionistas minoritários. Acreditamos que mais dividendos podem ser anunciados com os resultados do quarto trimestre de 2021, suportados pelo balanço saudável da empresa”, afirmam.
Após o resultado, o mercado deve ficar de olho na webcast da companhia, que ocorrerá às 10h desta sexta-feira e deve trazer mais sinais do que esperar para a companhia, enquanto o noticiário de Brasília pode seguir impactando mais os papéis do que os dados operacionais em si da estatal.
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REFLEXÃO: Barry Ritholtz, da Bloomberg: Mantenha a simplicidade, faço menos e administre sua estupidez.
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