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Small caps ficam mais baratas depois de queda recente da Bolsa: saiba quais são as preferidas dos gestores

Apostas em companhias expostas a dólar e ao agronegócio predominam nas carteiras que buscam proteção contra a inflação e as crises políticas

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Edição invistaja.info e MarketMsg

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PETR4 | EV/EBITDA: 2.93 | P/Cap.Giro: 9.85 | Liq.2meses: 2066600000.0 | Div.Brut/Pat.: 0.89 | Mrg.Liq.: 0.3009 | Cotacao: 26.9

PORTO ALEGRE | invistaja.info — Com a queda recente da Bolsa, que começou no final de julho e foi até o começo desta semana, não só as blue chips do mercado, mas também as ações de empresas de capital aberto de médio porte sofreram fortes desvalorizações. Ao todo, o principal benchmark da B3 recuou 13,4%, saindo de 125.675 pontos para 108.844 pontos na mínima do ano, batida na segunda-feira (20).

A menor liquidez geralmente faz com que essas empresas menores sejam mais penalizadas do que as blue chips, embora no caso dessa queda específica o índice de small caps da B3, o SMLL, tenha recuado um pouco menos que o Ibovespa (-12,24%).

Nesse cenário, é de se esperar que nesse momento de retomada esses papéis também performem melhor, até porque muitas ações de empresas boas, com sólida gestão, foram vendidas por conta de um sentimento negativo geral do mercado.

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Abaixo, segue um levantamento da Economatica com as 100 ações de small caps que mais caíram desde o dia 30 de julho, data em que os ruídos políticos e fiscais ganharam força com as declarações do presidente Jair Bolsonaro de que o país poderia se endividar para pagar o aumento no Bolsa Família.

O (MarketMsg) foi atrás de dois gestores, João Paulo Reis, da Venture Investimentos, e Werner Roger, da Trígono Capital, para saber, na opinião deles, quais small caps tinham mais potencial de valorização, e algumas coincidiram nas carteiras dos dois.

Veja abaixo quais ações de empresas foram lembradas pelos especialistas.

Brasil Agro (AGRO3)

Para Werner Roger, o setor do agronegócio é ótimo para se montar uma carteira defensiva, pois as empresas que produzem commodities agrícolas são resilientes a crises, expostas ao dólar (por exportarem seus produtos) e costumam ser menos afetadas pelo ambiente político.

“O que sabemos do ambiente macroeconômico hoje é que as taxas de juros nos Estados Unidos irão subir, teremos eleições no ano que vem com forte possibilidade de vitória de um candidato de esquerda e o estrangeiro vai se retrair diante da incerteza. Ou seja, é o ambiente perfeito para o dólar continuar subindo”, avalia o gestor, que assim justifica sua busca por empresas ligadas ao câmbio estrangeiro.

Especificamente a respeito de sua escolha pelos papéis da Brasil Agro dentro do setor, Roger explica que é uma companhia mais diversificada e bem posicionada em termos de Governança Ambiental, Social e Corporativa (ESG, na sigla em inglês).

“Ela produz cana-de-açúcar, soja, gado, milho e algodão, então tem um portfolio mais abrangente do que concorrentes como a SLC Agrícola (SLCE3), que atua principalmente em soja e milho”, explica.

Ferbasa (FESA4)

Principal aposta de Werner Roger, a Ferbasa atua no setor de ferro ligas, ou ferro cromo, que são componentes importantes para a indústria siderúrgica. Roger entende que parece um contrassenso investir em uma siderúrgica em um momento de queda do preço do minério de ferro, mas defende sua tese de que as razões para a derrocada da commodity na realidade beneficiam a empresa.

“O minério está caindo porque a China está em um movimento de descarbonização. Para isso, o governo chinês determinou o fechamento de plantas industriais que emitem muito CO2, principalmente as produtoras de ferro ligas, que no país usam muito carvão, um material extremamente poluente, no processo produtivo.

A Europa, também vai em uma direção parecida, com a Alemanha seguindo seu plano de abandonar totalmente a energia a carvão até 2038 e o preço do gás natural disparando no continente por conta da dependência do gás vindo da Rússia, o que encarece a produção por lá.

“O ferro cromo produzido pela Ferbasa subiu mais de 15% na Europa e a Ferbasa planta eucalipto, neutralizado suas emissões de CO2, além de usar energia eólica e hídrica no processo produtivo”, comenta.

Na opinião do gestor, a Ferbasa deve ter o melhor ano de sua história em 2021 e não há razão para pensar que isso poderia se inverter.

Indústrias Romi (ROMI3)

Já João Paulo diz que uma das oportunidades mais interessantes que enxerga é nas ações das Indústrias Romi, pois a companhia passou por um turnaround grande em 2016 e hoje é um player relevante no fornecimento de máquinas para o agronegócio e veículos pesados de transporte de carga.

“Mantemos o contato direto com a empresa e vemos que muita coisa está melhorando. Estão ocupando capacidade em um momento no qual o mundo busca não depender só da China. Brasil e México se tornam importantes na cadeia mundial de fornecimento de máquinas e peças”, analisa.

Para ele, o potencial de valorização das ações ROMI3 é muito alto, pois a companhia foi duramente penalizada durante a grande queda da Bolsa em agosto. “Entramos no papel quando ele custava R$ 6,50. Hoje acreditamos que o preço-justo dele seja R$ 35,00, sendo que atualmente opera na casa dos R$ 20”

Kepler Weber (KEPL3)

Com queda de mais de 15% desde o fim de julho e atuando em um setor adjacente ao do agronegócio, Werner Roger vê boas perspectivas para a fabricante de silos de armazenagem de grãos Kepler Weber.

Segundo ele, a companhia ganha tanto por estar exposta ao motor do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro quanto por ser uma aposta nos maiores investimentos em infraestrutura. “Uma das principais clientes da Kepler é a Rumo Logística (RAIL3)”, lembra.

Roger ressalta que a empresa vive um momento de recorde na demanda por silos, uma vez que o mercado brasileiro tem um déficit de 100 milhões de toneladas em locais de armazenagem de grãos.

“Os preços de grãos estão em níveis excelentes e o governo aumentou o financiamento de silos. Até os fundos imobiliários hoje também estão financiando silos. Acreditamos que o preço do aço vai cair, então a demanda continua muito forte e os custos devem se reduzir”, defende.

O gestor comenta ainda que a empresa deve remunerar bem seus acionistas com proventos por estar com excesso de caixa e buscar se antecipar ao aumento da tributação de dividendos que a reforma do Imposto de Renda, que deve ser aprovada no Congresso no ano que vem, pretende instituir.

Mahle Metal Leve (LEVE3)

Diferentemente das Indústrias Romi, João Paulo acredita que Metal Leve já está em um preço justo, mas mesmo assim vê potenciais vetores de crescimento para a empresa produtora de peças automotivas. Um deles, diz ele, é a parceria entre Brasil e Índia para motores de biocombustíveis

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“As cidades indianas já estão muito povoadas e poluídas, então o governo do país quer aumentar a frota de carros movidos a etanol e elevar a quantidade desse álcool na gasolina”, destaca.

Nesse contexto, João Paulo lembra que a Metal Leve tem um centro de pesquisa focado em desenvolvimento de motores biocombustíveis e que a companhia é uma interessante aposta ESG. “A cana-de-açúcar retém o carbono, então a empresa tem um ciclo perfeito.”

Oi (OIBR3)

Empresa que também já teve sua cota de sofrimento na Bolsa este ano, a Oi é mais uma das opções de João Paulo para quem busca companhias com alto potencial de crescimento.

“Há quatro anos atrás diríamos um sonoro não para investimento em Oi, mas quando o Rodrigo Abreu se tornou CEO a empresa melhorou consideravelmente sua gestão”, argumenta. Segundo João Paulo, a decisão da companhia de vender tudo o que não é seu negócio principal, a fibra óptica, para pagar suas dívidas e sair da recuperação judicial foi excelente.

“O futuro passa pela fibra. E é a porta de entrada para uma série de serviços que serão oferecidos pela nova Oi. Acreditamos que nos próximos três anos esses serviços serão finalizados. A Oi foi o maior caso de recuperação judicial da história e pode ser a maior recuperação financeira. Esperamos que chegue nos R$ 3,00”, projeta.

Randon (RAPT4)

João Paulo diz que a companhia de implementos rodoviários Randon está bem posicionada para capturar o desenvolvimento do agronegócio, pois quase 70% das vendas de implementos estão ligados à safra e estão tendo um bom desempenho.

“Há a possibilidade de um bom ganho ainda nos próximos dois a três anos. É uma empresa cuja eficiência na produção é muito grande”, avalia.

Para ele, um diferencial da Randon é o desenvolvimento de novas tecnologias, como a criação de carretas mais leves e mais resistentes. “Entendemos que a Randon é a mais atualizada nessa situação. E está com vendas muito fortes.”

São Martinho (SMTO3)

A produtora de etanol e açúcar São Martinho aparece nas carteiras de ambos os gestores. João Paulo defende a empresa como forma de se expor ao processo de maior utilização de biocombustíveis pela Índia e também como maneira de se proteger da inflação.

“Ela está muito bem preparada para esse ciclo de expansão econômica indiano, pois a dieta do indiano envolve muito açúcar, que ela produz, e vai ter cada vez mais utilização de etanol como combustível, então ela ganha nas duas frentes. Além disso, temos a discussão do crédito de carbono, pois o cultivo da cana-de-açúcar retém carbono e a companhia pode se beneficiar com a receita quando essa questão for bem regulamentada.”

Werner Roger, por sua vez, comenta que a São Martinho teve um reajuste do etanol da ordem de 90% em um ano por conta do aumento da demanda com o encarecimento da gasolina.

Roger também fala sobre a Índia e sua iniciativa de aumentar em 20% a composição de etanol nos combustíveis. “O lucro da São Martinho pode ser o maior da história”, resume.

Tegma (TGMA3)

A Tegma, de transporte e logística automotiva, está na carteira de João Paulo e foi precificada para baixo por conta da crise dos semicondutores. No entanto, o gestor ressalta que a empresa consegue manter margens mesmo com baixo transporte de veículos.

“É um ajuste muito fino da rentabilidade da empresa com o que acontece no mercado. A empresa passará a trabalhar mais aumentando seus níveis de receita e rentabilidade”, diz.

Ele lembra ainda que a Júlio Simões fez uma oferta de compra da Tegma a R$ 30 por ação e a Tegma negou. “Estamos vendo por baixo que ela vale entre R$ 30 e R$ 33”, defende.

Tupy (TUPY3)

Tupy, fabricante de componentes de ferro fundido para a indústria, é outra que aparece nas carteiras de ambos os gestores. João Paulo exalta na empresa o fechamento da aquisição da fundição Teksid por quase R$ 1 bilhão pelas sinergias possíveis.

“Com a aquisição da Teksid, o [Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciações e Amortizações] Ebitda da fundição deve crescer até chegar a níveis das demais operações da Tupy. Acreditamos que o valor da empresa é de R$ 40, quando ela negocia hoje em R$ 20. É um dos maiores potenciais de valorização na nossa carteira.”

Já Werner Roger avalia como positivo no caso da Tupy o fato de 60% da sua receita vir dos EUA em um momento no qual o projeto trilionário de infraestrutura do governo do democrata Joe Biden vai precisar de muito insumo para se concretizar.

“Ela sofreu recentemente com a alta no custo da sucata, só que o minério já caiu 40%, o aço não está mais subindo e agora acreditamos que a companhia irá engatar uma redução de custos. A sucata já está baixando e a empresa deve incorporar 35% de aumento nas receitas com a compra da Teksid”, conclui.

Wilson Sons (WSON33)

Por fim, a companhia especializada em rebocadores em portos Wilson Sons é a última small cap na galeria de apostas de João Paulo. “Nesses momentos de crise as empresas mais novas despencam muito mais rápido do que as tradicionais e a Wilson Sons tem mais de 180 anos de serviço”, argumenta.

O gestor da Venture defende ainda que a empresa tem um papel importante a desempenhar no processo de conteinerização da economia.

Veja na tabela abaixo um compilado das recomendações de bancos, corretoras e casas de análise para as ações citadas pelos dois gestores. Os dados são da Refinitiv. 

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