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Taxas dos DIs sobem após anuncio de Gleisi para secretaria e bate-boca na Casa Branca

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 — um dos mais líquidos no curto prazo — estava em 14,96%

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As taxas dos DIs dispararam nesta sexta-feira em meio ao desconforto dos investidores com a indicação de Gleisi Hoffmann para a Secretaria de Relações Institucionais do governo, em movimento amplificado ao longo da tarde após bate-boca público entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy.

O conflito entre Trump e Zelenskiy fez o dólar — considerado um ativo de segurança — ganhar força, inclusive em relação ao real, o que ampliou o avanço das taxas futuras no Brasil.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 — um dos mais líquidos no curto prazo — estava em 14,96%, ante o ajuste de 14,8% da sessão anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 marcava 15,025%, em alta de 25 pontos-base ante o ajuste de 14,74%.

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Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 15,14%, em alta de 32 pontos-base ante 14,818% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 15,12%, ante 14,803%.

As taxas futuras avançaram já na primeira metade do dia, dando continuidade ao movimento mais recente de recomposição de prêmios na curva e com investidores se posicionando para o período de Carnaval no Brasil.

Mas o movimento se intensificou no início da tarde, após o anúncio de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou Gleisi — uma crítica contumaz do Banco Central e da austeridade fiscal — para a pasta de Relações Institucionais, responsável pela articulação com o Congresso.

“Acho que a ida da Gleisi para a articulação política é bem ruim, por alguns motivos. Primeiro, porque a Gleisi faz parte desta área mais radical e retrógrada do PT, ligada a movimentos sociais e sem muita afinidade ou compromisso com ajuste fiscal. Ela é sempre crítica ao que se fala de ajuste fiscal”, ponderou Gustavo Jesus, sócio da RGW Investimentos.

“E esta vaga de articulação política demanda muita capacidade de comunicação e articulação. Você precisa formar consensos, convencer, e a gente sabe que este não é muito o estilo da Gleisi”, acrescentou.

O ambiente ficou ainda mais conturbado após Trump e Zelenskiy discutirem aos gritos no Salão Oval da Casa Branca. O norte-americano insistiu que Zelenskiy está perdendo a guerra na Ucrânia e ameaçou retirar o apoio dos EUA ao país.

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“Ou vocês fazem um acordo, ou estamos fora, e se estivermos fora, vocês vão lutar. Não acho que vai ser bonito”, disse Trump. Em resposta, Zelenskiy desafiou o republicano abertamente sobre sua abordagem mais suave em relação ao presidente russo, Vladimir Putin, pedindo para Trump “não fazer concessões a um assassino”.

O bate-boca entre Trump e Zelenskiy estressou os mercados globais, dando força ao dólar. Em reação, as taxas dos DIs também aceleraram: às 15h51 a taxa para janeiro de 2031 atingiu o pico de 15,20%, em alta de 38 pontos-base.

O avanço das taxas era mais intenso no trecho longo da curva — mais impactado pela questão fiscal e onde há grande volume de operações de estrangeiros.

No trecho curto, perto do fechamento a curva brasileira precificava 92% de probabilidade de alta de 100 pontos-base da Selic em março, como vem indicando o BC, e 8% de chances de elevação de 125 pontos-base.

Atualmente a Selic está em 13,25% ao ano e parte das dúvidas do mercado gira em torno do que será feito com a taxa a partir de maio.

Na véspera, o mercado de opções de Copom da B3 precificava 50,00% de probabilidade de alta de 50 pontos-base da Selic em maio, 18% de chances de elevação de 75 pontos-base, 11,50% de probabilidade de alta de 25 pontos-base, 11% de chances de manutenção e 8,00% de chances de nova alta de 100 pontos-base.

No exterior, o dia foi marcado pela queda dos rendimentos dos Treasuries. Além de dados que demonstraram baixa dos gastos do consumidor nos EUA, divulgados mais cedo, os yields reagiram ao episódio envolvendo Trump e Zelenskiy. Às 16h36, o rendimento do Treasury de dez anos — referência global para decisões de investimento — caía 6 pontos-base, a 4,229%.

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REFLEXÃO: Eddy Elfenbein, dono do site Crossing Wall Street: Seja paciente e ignore modismos. Foque no valor e não entre em pânico.

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