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Temperatura do emprego nos EUA é média e sugere que Fed manterá gradualismo

Para economistas, os dados do payroll permitem ao Federal Reserve continuar com seu gradualismo na flexibilização da política monetária; eles esperam um novo corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros

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Edição invistaja.info e MarketMsg

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O esperado relatório de emprego (payroll) dos Estados Unidos em novembro, divulgado nesta sexta-feira (6), mostra que o mercado de trabalho do país continua com uma temperatura mediana, sem aquecimento muito forte, nem sinais de desaceleração brusca.

Assim, os economistas acreditam que os dados permitem ao Federal Reserve continuar com seu gradualismo na flexibilização da política monetária. Isso deve significar um novo corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros na reunião de dezembro, mas sugere pausas no ciclo de cortes ao longo de 2025.

O mercado de trabalho dos Estados Unidos se recuperou de uma quase estagnação no mês anterior e abriu 227 mil postos de trabalho em novembro, mas a taxa de desemprego subiu para 4,2%, depois de se manter em 4,1% por dois meses consecutivos. E a média de salários por hora subiu 0,4% em termos mensais e 4,0% em 12 meses, o mesmo ritmo de outubro.

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Francisco Nobre, economista da XP, por exemplo, destaca que o relatório trouxe uma leitura mista, uma vez que a geração líquida de empregos formais veio relativamente alta em comparação ao padrão recente, porém alinhada às expectativas.

Já o aumento na taxa de desemprego é considerado relevante porque fornece argumentos ao Fed para considerar um novo corte na taxa de juros na reunião de dezembro.

“Existe um debate significativo sobre esse corte, uma vez que os dados de inflação têm mostrado um enfraquecimento recente, enquanto o mercado de trabalho segue resiliente e a atividade econômica permanece robusta”, comenta Nobre.

Ele também cita as incertezas relacionadas às políticas econômicas que podem ser implementadas pelo governo de Donald Trump a partir de 2025, uma vez que medidas mais inflacionárias e voltadas ao crescimento reduziriam o incentivo para que o banco central continue a cortar juros.

“Dito isso, esse ligeiro aumento no desemprego pode ser suficiente para justificar um corte em dezembro. Ainda assim, esperamos uma condução mais gradual da política monetária em 2025”, afirma.

“Nossa expectativa é que, em 2025, o Fed adote um ritmo mais cauteloso, cortando a taxa de juros em 50 pontos-base na primeira reunião e reduzindo para 25 pontos-base em cortes subsequentes. Acreditamos que o Fed alternará entre cortar ou não cortar juros em reuniões consecutivas, buscando identificar o nível de juros mais apropriado para a economia.”

Esperando Trump

Para Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, apesar dos números de criação de empregos positivos, a piora na situação de empregos das famílias e os salários ainda pressionados deram um tom mais negativo à divulgação de hoje.

“Acredito que são dados consistentes com um corte de 0,25% em dezembro. No entanto, olhando à frente, já tem alguns sinais de incerteza. O Fed deveria focar na alta de desemprego ou na variação dos salários, o que me leva a crer que o Fomc deve pausar em janeiro e esperar os próximos dados e a agenda Trump antes de voltar a cortar os juros.”

Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, concorda que os números do relatório de emprego de novembro mostram que o mercado de trabalho nos EUA permanece robusto, além de confirmar o cenário de pouso suave da economia.

“Após a divulgação dos indicadores ampliou-se o consenso em torno da expectativa de que o Fomc faça mais um corte de 0,25 ponto percentual nos juros em sua última reunião do ano, deixando eventuais mudanças de rota para 2025 após conhecermos melhor as medidas de política econômica do novo governo de Trump”, acredita Igliori.

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André Valério, economista sênior do Inter, lembra que um resultado mais forte para a taxa de desemprego em novembro já era esperado, devido ao fraco desempenho no mês anterior, que, por sua vez, foi influenciado pelo furacão Milton e pela greve de trabalhadores portuários.

“De fato, vimos a recuperação das atividades mais cíclicas, sugerindo que o resultado fraco de outubro foi mesmo pontual. Além disso, a média móvel de 3 meses voltou a acelerar, indicando uma adição média de 170 mil empregos”, relata.

Por outro lado, ele destaca que o ritmo de crescimento dos salários ainda é um ponto de atenção, com crescimento de 0,4% no mês e de 4% no acumulado em 12 meses.

“E a média móvel de 3 meses anualizada sugere continuidade dessa tendência, acumulando ganhos de 4,5%. A manutenção desse ritmo de crescimento dos salários tende a manter o núcleo da inflação pressionado, evitando sua convergência mais rápida para a meta”, alerta.

Com esses sinais de um mercado de trabalho ainda robusto e sem grandes sinais de desaceleração acentuada, mas também sem apontar um sobreaquecimento, Valério diz que permanece a tendência de melhor composição do equilíbrio entre oferta e demanda.

“Vemos as condições suficientes para o Fed cortar os juros novamente em 25 pontos-base na próxima reunião. Entretanto, esperamos um comunicado mais cauteloso, abrindo as portas para a discussão de uma desaceleração no ritmo de cortes no primeiro trimestre de 2025”, prevê.

Desemprego e salários

Já Andressa Durão, economista do ASA, diz que, para o Fed, os dados do payroll acendem um novo sinal de alerta, pois mudam ligeiramente a percepção sobre o mercado de trabalho. “Os últimos discursos do Fed mostraram certo conforto de que as coisas não estavam tão ruins quanto se imaginava há alguns meses. Se o desemprego continuar aumentando, o Fed volta a se preocupar”, afirma.

“O conjunto dos dados até aqui corrobora um novo corte de 0,25 ponto percentual na reunião de dezembro. O ritmo com que o Fed chegará até o nível considerado neutro dependerá dos próximos dados do mercado de trabalho”, diz Andressa.

Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank, também alerta que os salários seguem resilientes, com alta acumulada de 4% nos 12 meses encerrados em novembro. “Todo esse contexto sugere uma pressão remanescente sobre a inflação, principalmente no setor de serviços.”

Ela lembra que, além dos dados do payroll, outra pesquisa divulgada esta semana, o Jolts, mostrou que o número de vagas em aberto subiu para 7,7 milhões em outubro, acima da projeção do mercado (7,5 milhões).

“Na nossa visão, o mercado de trabalho robusto e a inflação controlada, embora ainda acima da meta, sugerem que o Fed vai reduzir o ritmo de cortes nos juros a partir do ano que vem. Para a reunião do dia 18 de dezembro, esperamos um corte de 0,25 ponto percentual”, prevê.

A opinião de Gino Olivares, economista chefe da Azimut Brasil Wealth Management vai na mesma linha, especialmente pela constatação de que o baixo número de criação de vagas de outubro foi um evento pontual, por conta dos eventos climáticos. “O quadro de crescimento robusto de emprego se manteve.”

Para ele, a elevação marginal da taxa de desemprego deveria oferecer algum alívio a quem acredita que o mercado de trabalho está superaquecido, mas a elevação dos salários acima das expectativas sugere que uma postura cautelosa pela autoridade monetária seria bem-vinda.

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