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Protestos de caminhoneiros evocam “fantasma de 2018”, mas há grandes diferenças: atos devem preocupar os investidores?

Bloqueios realizados em rodovias têm perdido força, mas ainda são monitorados de perto por analistas de mercado

Informação para o trader investidor

Edição MarketMsg e invistaja.info

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CEBR5 | P/EBIT: 14.1 | PSR: -2.769 | EV/EBITDA: 5.75 | P/Ativo: 1.144 | Pat.Liq: 1872530000.0 | ROE: 0.8842

BRASIL | invistaja.info — Como se não bastasse a temperatura da crise política se elevando após as manifestações do 7 de setembro, um outro risco passou a ser monitorado de perto pelos analistas de mercado: o de uma possível greve (mais generalizada) dos caminhoneiros ao redor das estradas brasileiras.

Na véspera, foram registradas paralisações da categoria em ao menos 15 estados do País, em um movimento considerado heterogêneo e que não se limitou às demandas da classe.

Nenhum dos líderes de movimentos dos caminhoneiros se manifestou como autor da paralisação, mas alguns nomes de destaque da categoria, aliados ao governo, clamam pela destituição de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para cessar com os protestos, enquanto outros possuem entre as pautas a redução do preço do combustível.

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Cabe ressaltar que, de acordo com dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta quinta, o preço do óleo diesel já acumula alta de 28,02% de janeiro a agosto de 2021, num ritmo cinco vezes maior que o do índice geral, que ficou em 5,67% em igual período.  Na passagem entre julho e agosto, o preço do diesel voltou a acelerar, de 0,96% para 1,79%. Em 2021, o preço do óleo diesel teve alta em sete dos oito meses, com taxas expressivas em alguns deles, como 5,40% em fevereiro, 9,05% em março e 4,61% em maio.

Segundo boletim do Ministério da Infraestrutura e da Polícia Rodoviária Federal da madrugada desta quinta, havia pontos de de interdição em Minas Gerais. Pontos de bloqueio no Rio Grande do Sul, em São Paulo e em Santa Catarina haviam sido liberados. Já segundo boletim desta manhã, os bloqueios perdiam força, mas ao menos cinco estados continuam afetados pelos bloqueios.

No Ministério, a avaliação é que as paralisações são ainda resquícios dos atos do dia anterior e que não têm coordenação entre si nem pauta conjunta da categoria, enquanto empresas relataram riscos à produção.

Ainda ontem, o presidente Bolsonaro encaminhou um áudio para seus apoiadores, pedindo para que os caminhoneiros desmobilizassem os bloqueios em rodovias, com a justificativa de evitar mais uma crise de desabastecimento e, consequentemente, sobre os preços dos combustíveis.

Ele apontou que a categoria é aliada, mas as paralisações acabam atrapalhando a economia – em especial, os mais pobres.

Algumas rodovias foram liberadas durante a manhã mas, em outras, o movimento ainda prossegue. O governo também tem reunião nesta quinta-feira com representantes da categoria, de forma a evitar uma escalada desses bloqueios por outras áreas do país.

Contudo, conforme aponta reportagem de A Gazeta do Povo, que teve acesso a troca de mensagens em um grupo de WhatsApp,  grupos mantêm bloqueios em vários trechos de rodovias do país destacando que, após Bolsonaro convocar o povo às ruas, agora pede o fim das obstruções em vez de apoiar. Assim, para muitos, o sentimento é de “traição”. Esses caminhoneiros, alinhados ao governo, entendem que as obstruções devem continuar para pressionar Bolsonaro a dar “respostas” práticas ao STF, com ações, não apenas discursos.

Ainda que com muitas diferenças no radar, uma lembrança que se tem muito recente é da greve dos caminhoneiros no governo Michel Temer, em maio de 2018, quando o país enfrentou dificuldades de desabastecimento, enquanto as ações da Petrobras (PETR3;PETR4) desabaram.

Na época, a empresa realizava reajustes diários nos preços da gasolina e diesel, e naquele período em particular os preços de petróleo (brent, referência internacional) subiram rapidamente, atingindo patamares de de US$ 75 e US$ 80 o barril.

Na ocasião, a greve levou à renúncia do renomado CEO da Petrobras, Pedro Parente, bem como com a implementação de uma política de subsídios para os preços de diesel. Ainda que tais subsídios efetivamente simulassem os preços que a Petrobras praticaria segundo sua política de paridade, a percepção de risco para as ações disparou na época, tendo caído 32% em apenas 7 dias após o início da greve.

No atual cenário, em que a economia passa por um movimento de recuperação após o tombo registrado durante a pandemia, uma greve dos caminhoneiros poderia ser fatal.

Analistas de mercado consultados pelo (invistaja.info) reforçam a avaliação de que há diferenças com relação a 2018, mas apontam que o risco de paralisação deve ser monitorado.

A Levante Ideias de Investimentos lembra que um dos nomes mais relevantes da greve ocorrida em 2018, o presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim (também conhecido como Chorão), veio a público repudiar as atuais paralisações e afirmar que os caminhoneiros estariam sendo usado como massa de manobra.

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Segundo Chorão, o movimento não reflete as pautas da categoria dos transportadores autônomos e tem cunho político, com participação de empresários de transporte e seus funcionários celetistas.

“Dada a conjuntura e as motivações que levaram às atuais paralisações, não se espera uma greve generalizada da categoria e problemas maiores de desorganização da cadeia produtiva. Com o apelo do presidente Bolsonaro, a tendência é que os bloqueios sejam desmontados até o fim desta semana e o fluxo das rodovias volte à normalidade”, apontou a equipe de análise, em avaliação também compartilhada por Andre Chede, da Turing Investimentos.

Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante, avalia que a paralisação é completamente diferente de 2018, uma vez que tem um cunho muito mais político e de ser contra o STF, enquanto que, três anos atrás, a pauta era mais clara sobre o aumento de combustível. De qualquer forma, reforça que pode haver o risco de uma greve mais generalizada, o que pode ser muito ruim para a retomada econômica.

A equipe de análise da Ouro Preto Investimentos também aponta ser bastante importante monitorar o desenrolar dos atos dos caminhoneiros.

“Pode haver sim um impacto tanto na inflação quanto na atividade econômica ao causar problema na cadeia de suprimento, que já está com um problema bastante sério, principalmente por causa de falta de insumos”, avaliam os analistas da casa. Isso comprometeria o cenário de retomada, que ocorre principalmente por conta da aceleração da vacinação.

Os analistas da Ouro Preto avaliam ser possível traçar alguns paralelos com de 2018, mas também veem esse movimento com algumas características bastante diferentes, como a já destacada divisão da classe.

“Por enquanto, não preocupa tanto, enquanto não tem a adesão da classe, é positivo. E o governo também está agindo para  evitar qualquer problema (…) Há um risco em potencial, mas ainda bastante distante daquele cenário visto três anos atrás. De qualquer forma, é preciso monitorar com muito cuidado como a situação evolui”, apontam.

Risco para a Petrobras no radar

Os riscos ainda estão contidos, de acordo com analistas ouvidos pelo (MarketMsg). Mas quais seriam as consequências caso as paralisações sejam mais generalizadas e ganhe espaço a pauta de redução dos preços dos combustíveis?

Conforme destaca Matheus Lima, analista da Top Gain, a partir do momento que se torna algo generalizado, como foi em 2018, seriam esperados problemas de abastecimento pelos estados, como visto da última vez. Já na Bolsa, a mais afetada na Bolsa seria a Petrobras (PETR3;PETR4).

Isso em um cenário em que a companhia já sofre com maior aversão ao risco já levando em conta as eleições e com dificuldade de vender as suas refinarias  – e levando em conta também o histórico de interferência nos preços dos combustíveis da companhia por governos anteriores.  “O mais sério a se esperar é que, justamente para se resolver essa situação, cria-se a expectativa de que haja novamente uma intervenção no preço do combustível”, aponta Lima.

Cabe ressaltar que, na véspera, em um dia em que o Ibovespa caiu 3,78%, os papéis PETR3 fecharam em baixa de 5,55% (a R$ 25,85) e os preferenciais caíram 5,63% (a R$ 24,97), e registram uma sessão de forte volatilidade nesta quinta-feira.

Thomas Giuberti, economista e sócio da Golden Investimentos, ressalta que, caso a paralisação se generalize, o impacto se daria na distribuição de combustível, aumentando (ainda mais o preço dos mesmos) e elevando a chance do cenário de possível intervenção e controle de preços. Assim, o mercado faria o ajuste do prêmio de risco, afetando a confiança do empresário, do consumidor e travando os investimentos no país.

No momento, o que se monitora é principalmente como o governo vai lidar com esses atos e qual pauta está predominando entre os caminhoneiros, além de possíveis movimentações sobre uma possível maior adesão da classe, uma vez que a atual paralisação ainda foi muito dispersa. De qualquer forma, esse é um novo risco que somou-se ao cenário após as manifestações de 7 de setembro.

 

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REFLEXÃO: Eddy Elfenbein, dono do site Crossing Wall Street: Seja paciente e ignore modismos. Foque no valor e não entre em pânico.

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