Informação de quem vive o mercado
Edição invistaja.info e MarketMsg
palavras-chave: Setor de carnes tem maior potencial de benefício com crise comercial, diz Marcos Jank; invistaja.info;
EQPA7 | PSR: 1.678 | P/L: 9.22 | Mrg.Ebit: 0.2707 | Div.Brut/Pat.: 1.54 | Cotacao: 8.25 | DY: 0.092
ListenToMarket: Setor de carnes tem maior potencial de benefício com crise comercial, diz Marcos Jank – Áudio gerado às: 14:20:42
VELOCIDADE: 1.0x | 1.95x | 2.3x
A guerra comercial iniciada com a imposição de tarifas dos Estados Unidos sobre outros países, aos poucos, vira um duelo. Algumas nações recuaram em retaliar a maior economia do mundo depois que Donald Trump anunciou uma pausa no “tarifaço” para negociações. Canadá e União Europeia aceitaram tentar um acordo com a Casa Branca, mas a China segue na quebra de braço com os americanos, retaliando, na mesma medida, a escalada de tarifas que têm sido aplicada às suas exportações.
Leia mais: China diz que tarifas dos EUA se tornarão “piada” e ameaça ignorar novas medidas
Nessa atual conjuntura, o Brasil tende a ganhar espaço com sua produção agrícola dentro do mercado chinês. Os EUA são o nosso principal concorrente em vendas à China em ao menos seis produtos: soja, milho, carne bovina, frango, suínos e algodão.
+Preços ao produtor nos EUA têm queda inesperada em março
“Nesses produtos, ou eles [os americanos] são os maiores ou ficam entre os três principais exportadores dos chineses”, explicou Marcos Jank, coordenador do centro Insper Agro Global, ao (invistaja.info). “Obviamente seremos beneficiados, mas não vejo um benefício tão grande quanto foi em 2017 para os grãos [soja e milho]”.
Leia mais: Exportação do agronegócio do Brasil tem valor recorde no 1º trimestre
No tarifaço do primeiro mandato de Trump, as exportações brasileiras de grãos para China dobraram e ultrapassaram as vendas feitas pelos Estados Unidos. “Passamos a ser o maior fornecedor da China naquele momento, e não deixamos mais de ser. Agora a gente não tem mais como crescer tanto em grãos”, afirma Jank.
Há grande potencial, por outro lado, para as exportações brasileiras de carnes. A China compra 50% da carne bovina que o Brasil exporta. Ao passo que os Estados Unidos, nosso segundo maior comprador, vive uma crise nesse segmento, com o menor rebanho em mais de 70 anos.
Leia mais: Como a China reduziu dependência agrícola dos EUA e melhorou arsenal comercial
Também há chances de mercados adicionais para o Brasil quando os 90 dias de pausa na cobrança de tarifas recíprocas pelos Estados Unidos chegarem ao fim, segundo Jank. Porém, a etapa de negociações bilaterais, que vai ocorrer durante esse período, deve trazer mais visibilidade sobre o futuro dos fluxos comerciais.
“A questão geopolítica e até mesmo ideológica é importante. Não me surpreenderia se, em algum momento, Trump criasse alguma facilidade para a Argentina, concorrente nosso, porque existe uma aproximação ideológica“, diz Jank. Nesse sentido, países mais próximos da China podem vir a encontrar mais dificuldades nas negociações com os Estados Unidos.
Confira os principais trechos da entrevista com Marcos Jank, coordenador do centro Insper Agro Global.
hotWords: jank benefício carnes comercial, marcos
Entre em contato para anunciar no invistaja.info
(MarketMsg): O que o desenrolar dessa guerra comercial até agora traz de perspectiva para o agronegócio brasileiro?
Marcos Jank: Achar guerra comercial bom é um erro, pois sempre envolve aumento de tarifas, de restrição de mercado. Feita essa ressalva, o Brasil se saiu muito bem até aqui e, no dia de hoje o ganho é total [em termos de exportações de grãos]. Mas os chineses não vão querer comprar tudo do hemisfério sul. As safras são alternadas: fazemos nossas colheitas no primeiro semestre, os americanos ofertam grãos no segundo. Isso permite um fluxo de compra mais regular ao longo de todo o ano pela China. Eles dependem muito da importação de soja e um pouco menos da importação de milho. Neste momento, a tarifa colocada pelos Estados Unidos [de 125% até a publicação desta reportagem] está proibitiva. Mas eu tenho a impressão de que vai haver alguma negociação para flexibilizar. É do interesse da China poder comprar soja do hemisfério norte.
(invistaja.info): Você acredita que as tensões comerciais entre os dois países vão ser amenizadas?
MJ: A briga entre entre Estados Unidos e China parece ter vindo para ficar. Os chineses estão reagindo na mesma moeda e não parecem dispostos a sentar para negociar. Estão dispostos a ir para frente e, eventualmente, ocupar espaço dos Estados Unidos. No pior cenário, que eu chamo de “Grande Depressão 2”, teríamos espiral protecionista que pode ter como grande vencedor a China. Acredito que os chineses estão se preparando para a guerra comercial há muito tempo. Desde 2017 eles estão estudando esse assunto.
IM: E qual é a sua avaliação sobre a postura do Brasil até agora nessa guerra comercial?
MJ: Eu acho que, até aqui, o governo tem sido cauteloso. A despeito de não haver uma aproximação ideológica entre Lula e Trump, acho que o ficar mais quieto e distante é muito positivo nesse momento. Principalmente no agro. Precisamos nos colocar no mundo como um provedor confiável de alimentos, de produtos agropecuários, para qualquer país, qualquer cliente. Então não é hora de a gente tomar partido.
IM: Quais condições o Brasil tem hoje para substituir exportações agrícolas de países que venham a ser afetados pelo “tarifaço”?
MJ: O Brasil é o pais mais ágil do mundo hoje em termos de reação do produtor a preços bons. Se a China para de comprar completamente dos Estados Unidos, isso nos abre mercados e os preços melhoram. Isso não quer dizer a produção já esteja disponível, ela precisa ser plantada, e hoje em dia existem grandes estoques no mundo. Não é nada imediato, até porque cada cultura tem um ciclo. Mas eu diria que o Brasil tem se revelado com uma enorme capacidade de reação tanto a situações favoráveis quanto desaforáveis.
IM: Os juros altos podem ser um obstáculo ao produtor em um cenário de maior demanda internacional?
MJ: O que mais mata o estímulo à produção são os juros altos. O atual patamar da Selic é muito alto para toda a agricultura, que planta numa época do ano e colhe na outra. Tem o carregamento da produção dentro da safra e também de uma safra para a outra. O Brasil não tem estrutura de armazenagem suficiente. Os juros são uma espada na cabeça do produtor.
palavras-chave: Setor de carnes tem maior potencial de benefício com crise comercial, diz Marcos Jank; invistaja.info;
FARIA LIMA | economia | invistaja.info – Setor de carnes tem maior potencial de benefício com crise comercial, diz Marcos Jank
REFLEXÃO: Barry Ritholtz, da Bloomberg: Mantenha a simplicidade, faço menos e administre sua estupidez.
Notícias relacionadas:
Por que Ackman vê perigo em duas estratégias que seduzem day traders
Guerra comercial pode reduzir PIB alemão em mais de 1%, diz instituto econômico
Como China pode pressionar o mercado imobiliário dos EUA em meio à guerra comercial?
Varejistas da China prometem ajudar exportador a vender no país com guerra comercial
Entre em contato para anunciar no invistaja.info