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Internacionalizar os negócios é o sonho de muitos executivos, que pensam em levar suas iniciativas para os mais diversos destinos do globo. Para atrair a atenção deste público, o governo do Reino Unido mantém escritórios espalhados pelo mundo, na intenção de auxiliar na exportação de empresas, especialmente no caso daquelas que querem levar seus projetos para a terra da rainha.
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No Brasil, o consulado geral britânico tem uma equipe que atua ativamente nesta frente, também encorajando os empreendedores a darem esse passo que parece arriscado. “O nosso trabalho é apoiar empresas e investidores brasileiros a entender como é o ambiente de negócios no Reino Unido e facilitar o processo de ida. Lá é um lugar muito interessante para vários setores brasileiros”, explica Cristiano Andrade, responsável pelo desenvolvimento de negócios do Departamento para o Comércio Internacional (DIT, na sigla em inglês), em São Paulo.
Em geral, o auxílio consular é bem detalhado e não se restringe à orientação de abertura de cadastro no exterior, mas passa também por ajudar a encontrar a melhor cidade e a ampliar o contato da companhia brasileira com as locais. De acordo com os especialistas, a parte britânica só não se envolve em trâmites comerciais, como busca encontrar potenciais clientes ou acompanhar a contratação de serviços.
“Como governo, não há envolvimento em questões comerciais, geração de leads ou parcerias”, antecipa Andrade. “Mas quando a empresa brasileira tem a ambição de ir para o mercado britânico, nós fazemos um esforço para que o investimento que ela vai fazer, seja financeiro ou de tempo, dê certo. Nós geramos inteligência para que essa ida possa acontecer”.
Interesses da coroa
O governo britânico tem definidas algumas áreas prioritárias como financeira, de saúde e tecnologia. Com isso, a equipe do DIT faz uma busca ativa por soluções, no Brasil e em outros países da América Latina, como Argentina, Chile e Colômbia.
Essa prestação de serviços não tem custo para as empresas porque faz parte de um projeto maior: é uma das estratégias do governo britânico para posicionar o país como um dos principais hubs de inovação do mundo e gerar oferta de emprego local. Para tanto, o governo britânico investiu milhões de libras do DIT em 2021 — valor que, segundo o próprio departamento, retornou ao país em movimentação financeira.
Fundada em 2018, a fintech Primefy (antiga Preme Pay) participou do processo de internacionalização há cerca de dois anos, depois que decidiu ampliar sua atuação para os mercados estrangeiros. A startup, que facilita o pagamento de compras virtuais internacionais, recorreu ao serviço do governo britânico, que auxiliou, inclusive, na decisão da melhor cidade para sediar os negócios.
“Começamos a estudar alguns países, e entendemos que Holanda e Reino Unido eram dois destinos interessantes para adentrar. Era um momento delicado porque acontecia o Brexit, então houve uma forte investida do governo britânico em fazer com que escolhêssemos eles, o que hoje avalio como positivo”, pontua Pablo Kein, CEO e fundador da startup.
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Com sede em Manchester, no norte da Inglaterra, a empresa hoje se divide em uma operação brasileira e outra britânica para facilitar o pagamento de compras entre esses dois e outros países. A ida também possibilitou o lançamento de um novo produto, de antecipação de recebíveis, que foi viabilizado pelo rating que o país tem.
Segundo o S&P Global, a nota de crédito do Reino Unido é uma das mais altas do mundo, o que confere maior confiabilidade no cenário global e, consequentemente, reduz as taxas de juros em transações comerciais.
Um pulo para a Europa
O Reino Unido se destaca, também, por ter um dos passaportes mais poderosos do mundo, já que o país mantém relações diplomáticas com ao menos 185 nações. Essa ligação e influência se estende, portanto, aos negócios, e credita às empresas que lá atuam uma espécie de certificado para galgar outras nações do globo, a começar pelos vizinhos europeus, embora não faça mais parte do mesmo bloco econômico.
“Hoje, temos várias empresas brasileiras que estão lá e já são consideradas britânicas, mas são nativas daqui. O interessante é ter o Reino Unido como parceiro para atingir mercados que não seria fácil entrar diretamente do Brasil, a exemplo da Ásia. A marca pode usar as conexões bilaterais a seu favor”, destaca Cristiano.
Foi a partir disso que a Prismo, empresa de tecnologia bancária, cravou sua atuação no cenário internacional, definindo Bristol, no sul da Inglaterra, como principal hub estrangeiro. O time britânico que tem cerca de 50 pessoas consegue gerenciar as operações de outros países em que atua e até diminuir custos, uma vez que, por causa do fuso-horário, poupa a operação brasileira de fazer a gestão ininterrupta das atividades.
Para Daniela Binatti, CTO da Prismo, a internacionalização de uma corporação não é um processo fácil, especialmente quando existe a barreira do idioma. Além disso, há os custos de colocar a operação de pé que, no caso de pares da Europa, a conta tem ficado ainda maior por causa da diferença cambial que existe.
“Era preciso um lugar que tivéssemos acesso à talentos e que não fosse tão caro, porque montar um escritório em Londres é complexo e caro. Eles nos ajudaram na abertura de empresa, nas conversas com corretores, advogados e contadores, e até a acelerar a emissão de vistos de trabalho. Como o governo estava investindo na região de Bristol, essa ponte foi interessante para acelerar o processo, especialmente nos casos em que enviamos funcionários daqui”, pontua.
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